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Dia do Livro: conheça a 'geladeira literária' e ações voltadas à leitura 

Projetos sociais em Bom Jardim (CE) e Paraisópolis (SP) envolvem a comunidade em torno dos livros

Educação|Alex Gonçalves, do R7*

Marcos Sá, do Periferia que Lê, com as crianças da comunidade Bom Jardim, no Ceará
Marcos Sá, do Periferia que Lê, com as crianças da comunidade Bom Jardim, no Ceará Marcos Sá, do Periferia que Lê, com as crianças da comunidade Bom Jardim, no Ceará

No Dia Nacional do Livro, comemorado nesta sexta-feira (29), o R7 escolheu dois projetos literários realizados em comunidades periféricas: o Periferia que Lê, idealizado por Antonio Marcos da Silva Sá, 35 anos, morador do bairro de Bom Jardim, Fortaleza (CE), e o Ler e Brincar, do centro comunitário Pró-Saber, situado em Paraisópolis, na zona sul da cidade de São Paulo.

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O Periferia que Lê realiza atualmente ações de coleta de livros para distribuição em pontos estratégicos dentro de "geladeiras literárias". O projeto se mistura à história de seu idealizador, Antonio Marcos da Silva Sá.

Sá teve uma infância humilde e cresceu praticamente sem acesso aos livros e à leitura. "Eu não me lembro da minha mãe lendo algo para mim", conta. "O mais próximo da leitura que cheguei foram as capas dos LPs dos cantores Roberto Carlos e Leonardo que tínhamos em nossa casa."

Crianças e adolescentes acompanham momento de leitura do Periferia que Lê
Crianças e adolescentes acompanham momento de leitura do Periferia que Lê Crianças e adolescentes acompanham momento de leitura do Periferia que Lê

Ao longo de sua trajetória, Sá sempre esteve envolvido com trabalho voluntário na comunidade e com ações voltadas às crianças. "Com a pandemia de Covid-19 havia um grande estoque de livros doados e eu estava muito inquieto, sem ter como continuar ajudando as pessoas por causa do isolamento social", explica.

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O jovem criou então uma página no Instagram e começou a divulgar os livros disponíveis e o local onde as pessoas poderiam encontrá-los. Assim nasceu o Periferia que Lê.

"No início, eu deixava uma caixa com os livros em um terminal de ônibus, mas com o tempo percebi que o público atingido não era aquele que eu realmente desejava", diz. "Meu objetivo era chegar às pessoas que não tinham acesso à leitura."

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Veio a ideia de criar uma "geladeira literária" usando os eletrodomésticos descartados como estantes. Na prática, a experiência trouxe novas perspectivas para os moradores da comunidade Bom Jardim. "Todos participam de alguma forma, seja com doações, seja com a divulgação das geladeiras e também com iniciativas de incentivo à leitura."

Para Sá, a conscientização também faz parte do processo de ensino. "Não basta só entregar o livro. É preciso mostrar a importância e os benefícios da leitura", conclui.

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Biblioteca Pró-Saber, localizada na comunidade periférica de Paraisópolis, em São Paulo
Biblioteca Pró-Saber, localizada na comunidade periférica de Paraisópolis, em São Paulo Biblioteca Pró-Saber, localizada na comunidade periférica de Paraisópolis, em São Paulo

Em Paraisópolis, na zona sul da cidade de São Paulo, a ONG Pró-Saber desenvolve o projeto Ler e Brincar com o objetivo de garantir o direito de brincar na infância, de despertar a paixão pela leitura e de formar novos leitores. O programa atende 125 crianças de 4 a 8 anos diariamente no contraturno escolar e já conseguiu alfabetizar 87% daquelas que frequentam o local.

Em um espaço lúdico para a realização das atividades de leitura, escrita e brincadeiras, as turmas são divididas por faixa etária, com um educador responsável. Ao longo do período em que estão no centro comunitário, as crianças passam por sondagens de leitura e são acompanhadas em seu desenvolvimento. Mensalmente são realizadas atividades como Chá Literário e Leituras Simultâneas. A carga horária de cada criança é de 600 horas/ano.

Educadores auxiliam crianças no desenvolvimento da leitura
Educadores auxiliam crianças no desenvolvimento da leitura Educadores auxiliam crianças no desenvolvimento da leitura

Para Luana Alves de Andrade, professora de literatura e coordenadora do programa, o projeto aproxima as famílias e desenvolve novas habilidades com a leitura.

"Recebo muitos depoimentos de pais que dizem que o filho pronuncia palavras novas e diferentes ou que a criança tem estado mais calma e se expressa melhor", diz.

Ainda, de acordo com a professora, fazer parte do projeto é devolver à comunidade um pouco do que ela aprendeu.

A Pró-Saber também proporciona um espaço de leitura para todas as faixas etárias em uma biblioteca instalada dentro da comunidade. O empréstimo de livros é gratuito. Além do empréstimo, a biblioteca conta com um importante diferencial: jovens da comunidade são contratados como mediadores de leitura. Eles sugerem livros, leem para os frequentadores do espaço e orientam sobre o funcionamento.

*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder

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