Sala de aula com crianças de idades diferentes: 'juntos eles aprendem melhor'
Escolas apostam na diversidade e na troca de conhecimento entre alunos com vários níveis de aprendizagem em um mesmo espaço
Educação|Karla Dunder, do R7
![Troca de conhecimento entre estudantes auxilia no desenvolvimento escolar](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/NMLHWKF4IRO3BM6UPV7ZOTJ26Y.jpg?auth=b9429030f975aa03925d594d02acc0061801963ea60b873cd7690b4c3fbe9bbf&width=1500&height=1000)
Escolas de educação infantil e até mesmo de ensino fundamental estão apostando na interação de crianças de idades diferentes convivendo no mesmo espaço. A aposta é que a diversidade promova uma maior troca de conhecimentos entre os estudantes e impulsione a aprendizagem.
"Juntos eles podem aprender melhor", destaca a diretora do Espaço Ekoa, Ana Paula Yasbek. "O convívio entre crianças de idades diferente é muito potente, os mais novos se espelham nos mais velhos, percebemos isso, por exemplo, no desenvolvimento da linguagem."
Leia também
Na escola, a ideia surgiu com as crianças de zero a 3 anos. "Nesta fase, não viámos sentido em seguir a lógica escolar de dividir por idade, o convívio é muito mais importante", explica Ana Paula.
A ideia passou para toda a educação infantil e para os primeiros anos do ensino fundamental, o que resultou em turmas bianuais. Para a educadora, a vantagem de manter as turmas multietárias está no entendimento de que cada criança tem o seu tempo para aprender. "O processo de aprendizagem pode ser mais longo do que aquele definido na linha do tempo escolar."
O mesmo princípio rege a Teia Multicultural. Com base nas ideia do psicólogo Lev Vygotsky, que foi pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida, a escola promove essa troca entre estudantes de idades diferentes.
![Escolas investem na diversidade e empatia](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/2ARBAYVMSJOBDH27EBPEQMG34Y.jpg?auth=d5f66ee7b9b5e6e0bb9862309b7bceb6f7699d426db12e9d0be1fcb9a56851f9&width=1080&height=945)
"Um aluno que está quase conseguindo aprender algo vai precisar de mais ajuda, vendo seus pares, pode se desenvolver mais rápido para atingir o aprendizado de um determinado assunto", avalia a diretora pedagógica do Teia, Georgya Correa. "Para isso, é necessário que o professor desenvolva atividades para diferentes níveis, com diferentes abordagens, de forma mais individualizada para que nenhum perca o interesse."
Manter o interesse os alunos que estão mais avançados é uma das preocupações da psicopedagoga Patrícia Marques com relação a proposta de ensino. "O agrupamento de crianças de diferentes idades pode ser benéfico, mas traz um grande desafio ao professor em manter a atenção e o interesse de todos."
"Sabemos que as crianças não têm a mesma velocidade no desenvolvimento, alguns são mais infantilizados, outros têm mais dificuldade, mas para que funcione, é preciso que a escola tenha estrutura e dê suporte aos professores", reforça Patrícia.
Elizabeth Polity, diretora do Colégio Winnicott, reforça que trabalhar as diferenças vai além do conteúdo curricular. "Com planejamento e um projeto bem pensado, vale trabalhar a diversidade, o estudante aprende a tolerar o não saber, a compreender um pensamento diferente e se sentir emporado ao ensinar o colega, vale pelas trocas de conhecimento e empatia."