Orientação do partido de Freixo tem incentivo à greve, confronto de classes e estímulo à violência
Porém, na campanha, Freixo muda o tom e disfarça as propostas radicais
Eleições 2016|Do R7

Algumas das diretrizes aprovadas na convenção de criação do PSOL, partido do candidato Marcelo Freixo à Prefeitura, não são compatíveis com o tom que o candidato conduz a campanha ou com o seu programa de governo, caso seja eleito. De um lado está o incentivo à violência e confronto entre as classes sociais, com o apoio às greves e invasões de terra para a implantação do socialismo democrático; enquanto a campanha freixista explora a via do "diálogo" e da "equipe técnica".
O item 3 da base estratégica do PSOL tem como título "Rechaçar a conciliação de classes e apoiar as lutas dos trabalhadores". E mais adiante diz: "Não estamos formando um novo partido para estimular a conciliação de classes. (...) Por isso, nosso partido rejeita os governos comuns com a classe dominante", diz o documento oficial do PSOL.
O PSOL também elege a greve como estratégia de combate ao capitalismo. "O caminho da luta, da mobilização direta, do apoio às greves pelas reivindicações é o caminho central".
Na campanha para a prefeitura, diferentemente do que prega o PSOL, o candidato Marcelo Freixo tenta amenizar o discurso e usa um tom conciliatório nas propostas. Boa parte das 70 páginas do programa do governo do Freixo são de dados e indicadores sociais que confirmam a desigualdade no município. Por exemplo, a diferença na expectativa de vida na Rocinha (72 anos) e na Gávea (82 anos) que estão a apenas cinco quilômetros de distância um do outro. O desnível também aparece com o percentual de comprometimento da renda com os gastos de alimentação. Para quem ganha até R$ 830 a fatia da renda que fica na alimentação é 20%. Para os cariocas que recebem mais de R$ 10 mil, é de 9%.
Em entrevista ao RJ TV, da Globo, Marcelo Freixo negou que vai incentivar o confronto de classes e que deve ouvir também os empresários. "Existem ricos e pobres e o Rio de Janeiro é um exemplo disso. A sociedade carioca é a mais desigual do planeta. Evidentemente temos que ter um diálogo. O meu compromisso de governo fala desse diálogo. Vamos governar com uma equipe de secretários técnicos", disse Freixo, que antes de entrar no PSOL foi filiado do PT (Partido dos Trabalhadores).
