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R7 Entrevista
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Bruna Pazinato: 'Clara Nunes está em um lugar inalcançável, foi um ícone atemporal'

Artista interpreta a cantora e compositora mineira no musical 'Uma declaração de amor — 40 anos de Saudades' e revela como foi a preparação e os bastidores do desafio

Entrevista|Juliana Lambert, do R7


Bruna Pazinato fala sobre os desafios de interpretar Clara Nunes em um musical
Bruna Pazinato fala sobre os desafios de interpretar Clara Nunes em um musical

Guerreira. Foi assim que Clara Nunes (1942 – 1983) ficou conhecida no Brasil, e esse adjetivo cai muito bem para a atriz e cantora Bruna Pazinato, que agora tem a missão de interpretar a artista no musical Uma declaração de amor — 40 anos de Saudades, no Rio de Janeiro.

Com roteiro e direção de Francisco Nery, o espetáculo pretende mostrar para as novas gerações a genialidade de Clara Nunes quatro décadas após a sua partida. E os fãs vão poder matar a saudade e sentir novamente toda a energia de uma das maiores e melhores intérpretes do país.

Ao R7 Entrevista, Bruna mostra que as semelhanças com Clara Nunes vão muito além da paixão pela música. Assim como a artista, ela também deixou a cidade do interior onde morava para encarar os desafios de uma grande metrópole. Aos 17 anos, saiu de Santa Bárbara, no Rio Grande do Sul, com um sonho na bagagem: estudar música e teatro em São Paulo.

A saga teve como ponto de partida uma comunidade no Orkut (rede social pioneira), na qual os membros decidiram montar uma “república” na capital Paulista, em 2009. “Faria tudo novamente”, reforça a artista, que mantém contato até hoje com os amigos que deixaram o mundo virtual para ocupar um lugar real em sua vida.

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Essa ousada aventura deu certo e Bruna nunca mais parou de brilhar. De lá para cá, já foram 15 musicais e ela garante que jamais perdeu aquela sensação de frio na barriga ou a adrenalina de subir ao palco a cada apresentação.

Na tela da Record TV, protagonizou a minissérieLiaem 2018, quando teve a oportunidade de atuar e cantar. E por falar em canto, Bruna tem cadeira cativa no júri dos realities Canta Comigo e Canta Comigo Teen, comandados por Rodrigo Faro. “Costumo dizer que estou em uma pista premium de um show caro com artistas maravilhosos”, diz sobre a experiência de estar ao lado de artistas consagrados no painel de especialistas do programa.

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No bate-papo, ela ainda relembra sua estreia na teledramaturgia em O Rico e Lázaro, compartilha momentos importantes, bastidores da sua carreira, e confidencia detalhes da sua preparação e imersão para viver Clara Nunes no teatro.

Você nasceu em Santa Bárbara (RS) e veio para São Paulo estudar música e teatro aos 17 anos. Na época, montou uma “república” com os amigos que conheceu em uma comunidade do antigo Orkut... Como foi essa aventura?

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Bruna Pazinato — Isso aconteceu há 15 anos e foi realmente uma “atitude” ter vindo para São Paulo dessa maneira, me senti muito corajosa. Acho que fui muito abençoada e as pessoas que encontrei no Orkut para montar a “república” eram muito legais e são meus amigos até hoje, me acrescentaram como pessoa. Foi uma experiência maravilhosa, um perrengue, mas eu sabia que seria e faria tudo novamente!

Alguém da família também é do meio artístico? Seus pais a apoiaram nesse sonho desde o começo?

Bruna Pazinato — O meu avô por parte de pai tocava sanfona, ele não era sanfoneiro profissional, mas foi a minha primeira referência musical nesse sentido. Nenhuma pessoa da minha família levou a arte assim como carreira, então eu sou a primeira artista e cantora. Meus pais sempre me apoiaram porque viram que eu tinha esse encantamento com o mundo da arte e facilidade com as coisas que envolviam música e interpretação desde pequena. Cheguei a uma idade em que eles entenderam que não havia muito o que fazer, eu seria artista mesmo.

É verdade que pensou em estudar teatro para interpretar melhor as músicas da Elis Regina?

Bruna Pazinato — Sempre quis estudar teatro porque eu admirava a maneira como a Elis Regina interpretava suas canções. Então, eu queria poder passar a mesma emoção que ela, tinha muito de inspiração essa intensidade dela ao cantar as músicas, e eu queria poder interpretar e contar as histórias das canções com mais embasamento. Então, comecei a estudar teatro para ser uma artista completa como Elis.

Já são 15 musicais ao longo da carreira... Como é a Bruna do primeiro espetáculo e a artista de agora?

Bruna Pazinato — Quando eu cheguei a São Paulo nem sabia o que era um musical, Broadway. Eu nunca tinha visto e nem ouvido falar, morava muito no interior. Acabei caindo de paraquedas nesse primeiro musical, que era um espetáculo original brasileiro em homenagem ao Roberto Carlos. Eram músicas que eu adorava, meu pai sempre gostou de ouvir e me identifiquei muito, quis fazer o projeto e me apaixonei, porque eu percebi que poderia unir todas as coisas que eu amava fazer em uma só! A Bruna depois desses 15 espetáculos é uma artista mais madura e segura, que vem crescendo cada vez mais como pessoa. Acho que aprendo mais a cada personagem que interpreto, então ainda é uma Bruna com sede de aprender mais e de seguir conhecendo as coisas, mas também mais segura, entendendo tudo que eu amo fazer e aceitando que eu posso fazer de tudo um pouco em minhas paixões.

Como aconteceu o convite para viver Clara Nunes em Uma Declaração de Amor — 40 anos de Saudades? Esse papel foi pensado para você desde o começo?

Bruna Pazinato — Apareceu por meio de uma ligação do Chiquinho Nery, que é nosso diretor e roteirista. Ele assistiu aos vídeos em que eu atuava e cantava e falou que tinha encontrado a Clara Nunes que imaginava para o projeto, e eu fiquei muito feliz. A hora em que ele me mandou o texto, vi as músicas e fiquei maluca! Eu adoro o trabalho da Clara Nunes e está sendo uma honra. 

Bruna sempre foi fã de Clara Nunes e diz que está sendo uma honra interpretá-la
Bruna sempre foi fã de Clara Nunes e diz que está sendo uma honra interpretá-la

Imagino que exigiu muita pesquisa e estudo para viver esse ícone. Você mergulhou nesse universo e deve ter descoberto coisas incríveis...

Bruna Pazinato — Sem dúvida, eu falo que fiz uma imersão na vida e na arte da Clara Nunes. Estou me hospedando no Rio de Janeiro, porque o teatro fica lá, então eu pude ter o mar e a areia perto de mim. Estudei a maior parte do tempo, o texto e as músicas, com o meu pé na areia, para ter essa energia da Clara! Busquei entender mais, conhecer e pesquisar as paixões dela, [saber] sobre as coisas que ela amava e se identificava, então foi um estudo muito gostoso. Ela teve uma vida linda e foi uma mulher potente e de muita fé. Foi emocionante conhecer ainda mais quão grandiosa ela foi e como realmente se explica o motivo de as pessoas terem tanta saudade.

Estudei a maior parte do tempo%2C o texto e as músicas%2C com o meu pé na areia%2C para ter essa energia da Clara! Busquei entender mais%2C conhecer e pesquisar as paixões dela

(Bruna Pazinato)

O que tem de Clara Nunes na Bruna Pazinato?

Bruna Pazinato — Eu acho que tem um pouco de Clara na Bruna, nós duas saímos do interior com a mesma motivação de buscar música e arte em uma cidade maior, onde a gente tivesse mais oportunidades. Sem contar que ela era uma pessoa que seguia muito o coração e eu me identifico com essa característica da Clara.

Quantas músicas você interpreta no musical? Chegou a participar da seleção do repertório?

Bruna Pazinato — Eu não cheguei a participar da seleção de quais músicas seriam colocadas no roteiro. Ainda bem! É muito difícil escolher entre tantos sucessos que a Clara nos deixou. São 42 músicas divididas em 21 números musicais, é um espetáculo de uma hora e meia em que a gente conseguiu colocar bastante o sabor de muitos dos grandes hits dela, então é um repertório delicioso e que na minha opinião foi muito bem escolhido. Eu acho que quem ama Clara Nunes não vai se decepcionar nem deixar de ouvir sua música favorita.

O espetáculo também conta com outros nomes importantes, como Chacrinha e Hebe Camargo…

Bruna Pazinato — Sim! Mostramos o encontro da Clara com a Hebe, e também com o Chacrinha. A Hebe é interpretada pela Bruna Campello, que é uma comediante maravilhosa, e o Chacrinha é vivido pelo Gilson Gomes, que está arrasando no papel. São dois ícones da nossa televisão e da história do Brasil que auxiliaram muito a Clara, tanto no começo de carreira, quanto ao longo da trajetória dela, para que cada vez mais pessoas pudessem ouvir e ver o que é essa mulher.

Acredito que a preparação é intensa e exige muito de você. Chegou a fazer algo especial? 

Bruna Pazinato — Foram dois meses de imersão na vida de Clara Nunes, consumindo muito vídeo, clipe, imagens, ouvindo entrevistas, assistindo a reportagens de amigos que a conheciam por trás das câmeras. Era uma mulher maravilhosa, empática, então foi um período de bastante estudo e de muita dedicação ao lado da minha fonoaudióloga, Blacy Gulfier, para deixar meu aparelho fonador bem “malhadinho” e dar conta de cantar todas as músicas dela. Minha preparação semanal foi mais muscular, vocalmente falando.

Como a Bruna se transforma em Clara?

Bruna Pazinato — Acho que não existe muito a Bruna se transformar em Clara Nunes, porque é um lugar inalcançável, foi um ícone atemporal. O objetivo maior do nosso espetáculo é fazer com que as pessoas consigam matar um pouco da saudade e não que a vejam no palco. Que possam lembrar quanto era gostoso ouvir Clara, quanto era boa a energia dela, sua felicidade e o que dizia em suas músicas. Então, a gente vê Clara em todos os detalhes do nosso espetáculo, seja nos cenários, figurinos, seja na maneira como eu canto.

Foram dois meses de imersão na vida de Clara Nunes%2C consumindo muito vídeo%2C clipe%2C imagens%2C ouvindo entrevistas%2C assistindo a reportagens de amigos que a conheciam por trás das câmeras

(Bruna Pazinato)

O figurino é belíssimo! Você deu palpite na caracterização?

Bruna Pazinato — Os figurinos belíssimos são da Letícia da Hora. Eu não precisei palpitar em absolutamente nada, na primeira leitura de roteiro ela já tinha os croquis em mãos. Eu só confiei na profissional excelente e eu não me arrependo, porque está deslumbrante e a gente passeia por muitos figurinos icônicos da Clara Nunes.

Os figurinos do espetáculo são assinados por Letícia Hora
Os figurinos do espetáculo são assinados por Letícia Hora

Mesmo com tanta experiência no gênero musical, ainda sente aquele frio na barriga antes de cada apresentação?

Bruna Pazinato — Sem dúvida nenhuma, é aquele dizer famoso de artista: “Se não tem frio da barriga há alguma coisa errada”. Sempre sinto a adrenalina de subir ao palco e a responsabilidade de estar com um microfone na mão, então, é uma sensação que eu amo, sempre amei desde criança, mesmo que seja desconfortável para alguns, eu estou em casa.

Sempre sinto a adrenalina de subir ao palco e a responsabilidade de estar com um microfone na mão%2C então%2C é uma sensação que eu amo%2C sempre amei desde criança%2C mesmo que seja desconfortável para alguns%2C eu estou em casa

(Bruna Pazinato)

O espetáculo está em cartaz no Rio de Janeiro. Tem previsão para rodar o Brasil?

Bruna Pazinato — Sim, estamos em cartaz no Rio de Janeiro, no teatro Clara Nunes, que foi construído enquanto Clara ainda estava em vida. Ela subiu naquele palco, então é um teatro que tem uma energia muito linda, ainda mais quando a gente fala em uma homenagem para ela dentro da própria casa, podemos dizer assim.

E vamos viajar! O público pode ficar atento às redes sociais do nosso espetáculo que, em breve, eles vão falar em quais cidades vamos estar e quem sabe não é bem pertinho de quem está lendo? 

Você fez sua estreia na tela da Record TV como Rebeca em O Rico e Lázaro, e logo depois protagonizou a minissérie Lia. Como foi essa experiência com produções bíblicas?

Bruna Pazinato — O meu primeiro trabalho em audiovisual foi em O Rico e Lázaro, onde eu fazia a Rebeca, que cantava até em hebraico! Foi muito gostoso e eu pude misturar as minhas artes e me descobrir como artista. Na sequência, tive a grande responsabilidade de interpretar a Lia, que também foi algo desafiador e gostoso, de muitas descobertas artísticas para mim. Sempre tive um contato grande com Deus, então poder trabalhar em projetos que falam de fé me deixa ainda mais feliz e me renova.

Bruna Pazinato estreou na TV como Receba, na novela ‘O Rico e Lázaro’
Bruna Pazinato estreou na TV como Receba, na novela ‘O Rico e Lázaro’

Como foi a preparação para Lia? O que levou daquele trabalho para a sua vida?

Bruna Pazinato — Foi deliciosa, era uma mulher muito guerreira e trabalhadora, que amava cozinhar. Então, participei de muitos workshops sobre cozinha e costura, e os hábitos e divisões de trabalho entre homens e mulheres, [para saber] como elas eram consideradas naquela época. A Lia sofreu muito pelo simples fato de ser mulher. E ter o nome de uma mulher levando esse projeto também foi algo muito lindo para mim. Eu consegui colocar uma música de composição minha com Thiago Gimenes [diretor de musicais] como trilha e abracei a história como um todo. Eu levo dela essa garra, perseverança e também o orgulho de ver como as mulheres conseguiram avançar no tempo e estão cada vez mais alcançando o seu lugar de respeito e igualdade.

Bruna Pazinato revela que leva a garra e a perseverança da protagonista Lia
Bruna Pazinato revela que leva a garra e a perseverança da protagonista Lia

Tem planos de voltar à teledramaturgia?

Bruna Pazinato — Tenho planos com certeza, estou aqui aguardando os convites. Me chamem que eu vou!

Bruna Pazinato faz parte do júri do ‘Canta Comigo’ e do ‘Canta Comigo Teen’ desde a primeira temporada
Bruna Pazinato faz parte do júri do ‘Canta Comigo’ e do ‘Canta Comigo Teen’ desde a primeira temporada

O público da Record TV também está acostumado a acompanhá-la no júri do Canta Comigo e do Canta Comigo Teen. Como é estar do outro lado do palco e avaliar novos talentos na atração comandada por Rodrigo Faro e Ticiane Pinheiro?

Bruna Pazinato — O Canta Comigo já virou família! Estou no projeto desde a primeira temporada, quando estava no ar como Lia e fui chamada para representar a teledramaturgia da Record TV, porque eles sabiam que eu cantava. Agora, já estamos na quinta temporada. Eu costumo dizer que estou em uma pista premium de um show caro com artistas maravilhosos. Mas é sempre uma missão difícil julgar. Também é um aprendizado como artista, de entender que às vezes a gente é julgado por apenas uma apresentação, não é o nosso talento que está sendo julgado e, sim, aquele momento, e isso é o que transforma o Canta Comigo em algo mais mágico. A gente pode ver pessoas de todos os estilos e ritmos, tanto em cima do palco quanto no nosso corpo de jurados. É um programa muito gostoso e divertido de fazer. 

O ‘Canta Comigo’ já virou família! Estou no projeto desde a primeira temporada%2C quando estava no ar como Lia e fui chamada para representar a teledramaturgia da Record TV. Costumo dizer que estou em uma pista premium de um show caro com artistas maravilhosos

(Bruna Pazinato)

E o que a faz cantar com um candidato?

Bruna Pazinato — Eu acho que quando a gente vê a paixão saindo pela voz, quando sinto o amor que a pessoa tem por cantar, isso já me movimenta e me motiva a cantar. Os detalhes técnicos, a maneira como usa a voz e a inteligência no palco também. É um conjunto de tudo que me faz cantar com os candidatos. Eu sou conhecida por ser uma jurada “facinha”! Não costumo não levantar muito, não cantar muito, então são muitas pessoas que conseguem alcançar o meu coração.

Qual é o conselho para quem sonha com uma carreira musical?

Bruna Pazinato — O conselho é, antes de tudo, não desistir. [Procure] sempre se lembrar da sua paixão, do seu amor e de qual foi a sua motivação para começar a buscar essa profissão, que é muito séria e exige física e mentalmente de você. E é isso que torna tão gostoso também ser artista, porque a gente pode misturar o bem-estar e a delícia que é lidar com arte e a música, a dedicação e o comprometimento com o público. É viver a arte de uma maneira séria, mas divertida.

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