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A vida quase de volta ao normal de brasileiros na Nova Zelândia

Com políticas claras de isolamento e apoio financeiro, o governo neozelandês conseguiu controlar o coronavírus; brasileiros contam suas experiências

Internacional|Fábio Fleury, do R7

A família de Mariana com a pequena Alice, que nasceu durante a quarentena
A família de Mariana com a pequena Alice, que nasceu durante a quarentena A família de Mariana com a pequena Alice, que nasceu durante a quarentena

A Nova Zelândia é um dos poucos países no mundo em que a vida já voltou a um estágio parecido com que se conhecia como normal antes da pandemia do novo coronavírus. Com uma quarentena estrita e medidas tomadas bem cedo, os números da covid-19 lá são invejáveis: 1549 casos e 22 mortes.

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Atualmente, em meio a uma tímida "segunda onda", o país tem 21 casos considerados ativos, mas nenhum deles em estado crítico. A última morte foi registrada em 28 de maio. Com isso, o comércio, as escolas e espaços públicos funcionam de maneira normal.

O R7 conversou com dois brasileiros que se mudaram para a Nova Zelândia, para entender melhor como foram as políticas do governo do país no combate à pandemia, como foi o período mais intenso da quarentena, a volta a uma vida relativamente normal e se eles se sentem mais seguros do outro lado do mundo.

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Quarentena e gravidez

A paulista Mariana Guedes, 31, mora há pouco mais de um ano no país. Ela trabalha em uma consultoria especializada em levar brasileiros para estudar na Nova Zelândia e, no momento em que o governo decretou a quarentena, estava no oitavo mês de gestação.

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"Meu pré-natal foi um pouco afetado, as consultas com a parteira passaram a ser sem contato, cada uma sentada numa ponta de uma sala enorme, e ela só chegava perto de mim para medir a pressão e escutar o bebê. Achei que não ia me abalar psicologicamente, mas fiquei sem saber o que fazer", conta ela.

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Durante esse período, Mariana e o marido saíam de casa apenas em horários específicos, para não coincidir com outras famílias do bairro. Os amigos ajudaram a família com as compras de alimentos e outros produtos. Deixavam as sacolas na porta da casa, acenavam e iam embora. A pequena Alice nasceu saudável, quando o isolamento começou a ser aliviado.

"A primeira-ministra (Jacinda Ardern) fazia lives diárias explicando as medidas e o governo atualiza todos os números diariamente. Essa clareza nos deu um senso de direção na crise. Conforme a quarentena foi passando, ficou evidente que esse isolamento total foi a melhor tática para achatar a curva", diz a brasileira.

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O país, que estava no "nível 4" de atenção no momento do isolamento total agora está no chamado "nível 1", o que significa que, a não ser pelas fronteiras fechadas para estrangeiros, a vida está praticamente de volta ao normal. 

"Muita gente falou que o sucesso aqui foi porque o país é uma ilha com apenas 5 milhões de pessoas. Sei que isso contribuiu, mas vemos países nessas condições que não estão tão bem assim, então não foi só isso. A clareza das informações, a seriedade com que o governo lidou com a crise e como agiu cedo com certeza contribuiu muito para o sucesso", avalia.

A volta ao normal

O paulistano Alexandre Ruiz, 43, chegou à Nova Zelândia em meados de 2019, para fazer um mestrado em Tecnologia da Informação. Ele conta que passou o período mais restrito da quarentena na residência estudantil que dividia com outras sete pessoas de vários países. 

Com o fim do isolamento, Alexandre já pôde viajar
Com o fim do isolamento, Alexandre já pôde viajar Com o fim do isolamento, Alexandre já pôde viajar

"Apesar das diferenças culturais e de não ser tão aconchegante quanto nossas próprias casas, tudo correu muito bem", conta ele. "Além de ter continuado o curso pela internet, um dos fatores cruciais foi poder sair da casa para fazer atividades físicas por curtos espaços de tempo nas proximidades. Além, é claro, do contato remoto com amigos e familiares".

A reabertura, há pouco mais de um mês, trouxe um grande otimismo, segundo o brasileiro, mas também "uma certa apreensão em relação ao futuro da economia e empregos". Mesmo asssim, o país já retomou a maior parte das atividades e o brasileiro já conseguiu fazer algumas viagens para outras cidades, inclusive para se mudar.

"A sensação é de vida normal. Queenstown, que foi uma das cidades mais afetadas pela parada do turismo, está recebendo turistas locais e mostrando recuperação. Em Invercargill, onde estou morando agora, o lockdown parece ter afetado menos o dia a dia. Estive em Auckland recentemente e todos os voos que peguei estavam lotados", descreve.

Ajuda financeira

Além da clareza das medidas do governo, os dois brasileiros relatam que houve uma política, desde o princípio, de ajudar pessoas e empresas em dificuldades financeiras, para que o isolamento pudesse ser mantido. "Muitos estudantes estrangeiros que estavam trabalhando se beneficiaram do subsídio", conta Alexandre.

"Achei que isso foi essencial para o sucesso do isolamento. Um pacote bem agressivo de subsídio foi anunciado, e os empregadores que entravam com o pedido em nome de seus funcionários. O benefício era para 12 semanas, e depois aumentou mais 8. Sei que meu empregador conseguiu o subsídio, coisa que também podíamos checar por um site. Tudo muito transparente", completa Mariana.

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