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Alemanha e EUA usam gasoduto russo como arma diplomática

Investimento bilionário no Nord Stream 2 pode ter sido em vão em caso de invasão na Ucrânia, alertam países do Ocidente

Internacional|

Gás do Leste Europeu é uma das maiores fontes de energia da Alemanha
Gás do Leste Europeu é uma das maiores fontes de energia da Alemanha Gás do Leste Europeu é uma das maiores fontes de energia da Alemanha

Os Estados Unidos e a Alemanha advertiram a Rússia nesta quinta-feira (27) de que o importante gasoduto Nord Stream 2 está em jogo se invadir a Ucrânia, enquanto a Casa Branca expressou esperança de uma saída diplomática, apesar das declarações frias de Moscou.

O destino desse polêmico gasoduto russo-alemão, nunca bem-visto pelos Estados Unidos, mas concluído com a bênção de Berlim, certamente estará no centro da visita do chanceler alemão, Olaf Scholz, a Washington, em 7 de fevereiro, para se encontrar com o presidente americano, Joe Biden.

Intensificando a ofensiva diplomática, os Estados Unidos convocaram uma reunião aberta no Conselho de Segurança da ONU para a próxima segunda-feira (31) sobre o "comportamento ameaçador" da Rússia, na esperança de obter uma condenação, embora Moscou possa vetar qualquer resolução.

Biden também conversou por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, nesta quinta-feira e disse que os Estados Unidos estão considerando dar a ele mais apoio financeiro, depois dos US$ 650 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões) enviados em assistência militar no ano passado.

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Biden "reafirmou a prontidão dos Estados Unidos, juntamente com seus aliados e parceiros, para responder decisivamente se a Rússia invadir a Ucrânia", declarou a Casa Branca em comunicado.

Os Estados Unidos advertiram a Rússia de que haverá consequências rápidas e severas se invadir a Ucrânia, depois que Moscou enviou cerca de 100 mil soldados para a fronteira ucraniana desde o fim de 2021.

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Nord Stream 2

Projeto bilionário foi financiado pela Alemanha e pela Rússia
Projeto bilionário foi financiado pela Alemanha e pela Rússia Projeto bilionário foi financiado pela Alemanha e pela Rússia

A Alemanha, após uma atitude ambígua nas últimas semanas, procurou esclarecer a posição do país nesta quinta-feira. "Estamos trabalhando em um pacote de sanções forte" com aliados ocidentais nesse caso, cobrindo vários aspectos, "incluindo o Nord Stream 2", declarou a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, ao Parlamento.

O gasoduto Nord Stream 2, que a Alemanha construiu apesar das críticas dos Estados Unidos e dos países do Leste Europeu, mais que dobrará o fornecimento de gás natural russo para a economia alemã.

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Em Washington, Victoria Nuland, a terceira na hierarquia do Departamento de Estado, afirmou estar confiante em que uma invasão impediria a Alemanha de ativar o projeto multibilionário, que foi concluído em setembro, mas ainda requer testes e aprovação regulatória.

"Se a Rússia invadir a Ucrânia, de uma forma ou de outra, o Nord Stream 2 não seguirá em frente", garantiu Nuland a repórteres.

A aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), liderada pelos Estados Unidos, colocou 8.500 soldados de prontidão para lidar com a crise na Ucrânia, um cenário que lembra a Guerra Fria com a União Soviética.

Resposta russa

Autoridades russas afirmam que Vladimir Putin continua dando a palavra final na Rússia
Autoridades russas afirmam que Vladimir Putin continua dando a palavra final na Rússia Autoridades russas afirmam que Vladimir Putin continua dando a palavra final na Rússia

A Rússia nega qualquer plano de invasão, mas se considera ameaçada pela expansão da Otan nos últimos 20 anos, bem como pelo apoio ocidental à vizinha Ucrânia. No mês passado, Moscou exigiu amplas garantias de segurança do Ocidente, inclusive a de que a Ucrânia nunca seja autorizada a ingressar na Otan.

Washington deu uma resposta na quarta-feira (26) em coordenação com os parceiros da Otan, dizendo que a Ucrânia tinha o direito de determinar os próprios aliados, mas oferecendo à Rússia um diálogo sobre a colocação de mísseis na região e outras preocupações mútuas.

Nesta quinta-feira, altos funcionários em Moscou disseram que suas principais preocupações não foram abordadas, mas não descartaram novas negociações. "Não se pode dizer que nossas opiniões foram levadas em consideração", declarou Dmitri Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin.

O chefe da diplomacia da Rússia, Sergei Lavrov, também apontou a ausência de uma "resposta positiva" à principal reivindicação russa, embora não tenha fechado a porta ao diálogo. Nuland enfatizou que "apenas uma pessoa decide em Moscou, e essa pessoa é o presidente Putin". "A bola está no campo dele", afirmou.

Influência chinesa

Estados Unidos pede a China que não interfira negativamente em tensão Rússia-Ucrânia
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A China se posicionou pela primeira vez nessa crise, alinhando-se com a Rússia e instando os Estados Unidos a levar "a sério" as preocupações de segurança do Kremlin. Em resposta, a Casa Branca pediu a Pequim que tente evitar o confronto.

"Pedimos a Pequim que use sua influência com Moscou para incentivar a diplomacia, porque, se houver um conflito na Ucrânia, também não será bom para a China", alertou Nuland.

Havia preocupação nas ruas de Kiev de que a Ucrânia tivesse sido esquecida em meio a conversas de alto nível entre Rússia, Otan e EUA.

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"Os Estados Unidos estão provocando a Rússia, e a Rússia está provocando os Estados Unidos. E em algum lugar no meio está a Ucrânia", afirmou à AFP Dmytro Sylenko, empresário de 23 anos. "O que importa para mim é que haja paz. Não me importo com o resto", continuou.

Apesar do aumento da crise nos últimos meses, a Ucrânia é foco de tensões desde 2014, quando a Rússia anexou a península da Crimeia, o que aumentou o conflito entre as autoridades pró-Ocidente de Kiev e os separatistas pró-Moscou na região leste Donbas, um confronto que deixou mais de 13 mil mortos.

Em reunião na quarta-feira em Paris, representantes ucranianos e russos, acompanhados por alemães e franceses, se comprometeram com o "respeito incondicional do cessar-fogo" decretado na região e agendaram nova reunião para o início de fevereiro.

O gabinete de Zelenski elogiou em comunicado o "caráter construtivo" da reunião e o acordo para que as partes voltem a dialogar.

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