O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (8) sua decisão de designar como grupo terrorista a Guarda Revolucionária do Irã.
É a primeira vez em que Washington toma tal medida drástica contra militares de outro país.
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"Este passo sem precedentes (...) reconhece a realidade que o Irã não é só um Estado patrocinador do terrorismo, mas também que a IRGC (sigla em inglês da Guarda Revolucionária), participa, financia e promove o terrorismo como uma ferramenta estatal", disse Trump em comunicado.
A Guarda Revolucionária do Irã, criada após o triunfo da Revolução Islâmica de 1979 para proteger o novo sistema teocrático, é a organização militar mais poderosa da nação asiática e controla amplos setores econômicos do país.
Sanções dos EUA ao Irã
Nos últimos anos, os Estados Unidos impuseram sanções a dezenas de entidades e indivíduos vinculados à corporação, mas nunca tinha sancionado diretamente essa força militar, um passo que resultará em restrições de viagem e possíveis acusações criminais para quem colaborar com a Guarda Revolucionária.
A decisão é fruto de um agitado debate no governo Trump, no qual alguns funcionários do Pentágono e da CIA advertiram que a medida pode levar a represálias contra tropas americanas no Oriente Médio, segundo o jornal "The Wall Street Journal".
Irã tomará 'medidas recíprocas' contra os EUA
O comandante em chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Ali Jafari, advertiu ontem que Teerã tomaria "medidas recíprocas" e que as tropas americanas "não teriam paz no Oriente Médio" se os EUA seguissem adiante com seu plano de sancionar a corporação.
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Trump reconheceu que sua decisão marca "a primeira vez em que os Estados Unidos declaram como grupo terrorista estrangeiro uma parte de outro governo", mas considerou que isto deixa claro que "as ações do Irã são fundamentalmente diferentes das de outros governos".
"Esta ação deixa claro os riscos de se fazer negócios com a IRGC, ou de lhe proporcionar apoio. Se o você está fazendo negócios com a IRGC, você está distribuindo recursos para o terrorismo", frisou Trump.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, denunciou pouco depois, em entrevista coletiva, o suposto envolvimento da Guarda Revolucionária na morte de centenas de soldados americanos no Oriente Médio, e disse que "seu sangue está nas mãos do regime iraniano".