O governo da Bolívia decidiu abrir um processo penal contra o ex-presidente Evo Morales, que se encontra exilado na Argentina desde que renunciou ao cargo durante uma crise institucional e um levante das forças armadas em outubro de 2019 por incentivar os protestos registrados nesta terça-feira (28) no país.
O executivo da COB (Central Obrera Boliviana), Juan Carlos Huarachi, e a chefe da bancada do MAS na Câmara dos Deputados, Bety Yañíquez, também foram incluídos entre os acusados de instigar criminosamente os protestos.
O anuncio foi feito nesta quarta-feira (29) pelo ministro da Presidência, Yerko Núñez, com o argumento de que as manifestações são um "delito contra a saúde pública, instigação pública a delinquir, apologia do delito, associação crimininosa e destruição dos bens do estado".
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Yerko Núñez condenou as manifestações em meio à pandemia do coronavírus que o país enfrenta, e que gerou grande aglomeração de pessoas. O tema principal dos protestos foi o descontentamento com o adiamento das eleições, para o dia 18 de outubro.
Na ocasião do anúncio, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Salvador Romero, disse que não existem condições sanitárias para o pleito. Contudo, os manifestantes alegam que o adiamento é uma maneira do governo interino se manter no poder.
Segundo o ministro da presidência, a Bolívia "atravessa uma escalada de violência armada, preparada e financiada por Evo Morales". Ainda de acordo com com Núñez, a prova dos crimes é o twitt do ex-presidente parabenizando as manifestações.
O ministro afirmou também que a decisão de adiar as eleições pelo TSE deve ser respeitada, e que o partido MAS, do ex-presidente Evo Morales, "está em tempo de deixar de cometer essas atitudes erroneas". Por fim, Núñez destacou que o governo está preocupado em combater a pandemia e retomar a economia.
Greve geral
Mais cedo, a COB (Central Obreira Boliviana) publicou uma carta na qual convoca uma greve geral a partir das 00h do dia 3 de agosto. No documento, a central critica a atuação do governo interino durante a pandemia "gerando malestar e abandono do povo".