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Fenômeno Trump: ascensão da extrema-direita nos Estados Unidos “está diretamente ligada à Europa"

Candidatos polêmicos despontam como forças na França e na Alemanha para 2017

Internacional|Do R7*

Ascensão ao poder de Trump é consequência direta da crise financeira de 2008, segundo Cristina
Ascensão ao poder de Trump é consequência direta da crise financeira de 2008, segundo Cristina Ascensão ao poder de Trump é consequência direta da crise financeira de 2008, segundo Cristina

A vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas reflete uma tendência global de crescimento da extrema-direita — fenômeno que tem fortes laços no eixo Estados Unidos-Europa. A análise é da professora de relações internacionais da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Cristina Pecequilo, que acredita ainda que a ascensão ao poder de Trump é consequência direta da crise financeira que abalou os EUA e o mundo em 2008.

Após as surpresas que se iniciaram com a vitória do Brexit no Reino Unido, seguidas pela vitória do “não” ao acordo com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na América Latina e à eleição de Trump nos EUA, o mundo aguarda agora os próximos pleitos, que poderão consolidar o crescimento das forças de extrema-direita na política mundial. Em 2017, as duas principais potências europeias — França e Alemanha — terão eleições decisivas.

Cristina acredita que a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen, tem chances reais de chegar ao poder na França no ano que vem. De acordo com a especialista, a política, que defende bandeiras polêmicas como a autonomia do país em relação à Bruxelas e o endurecimento das leis contra refugiados, deverá se fortalecer ainda mais caso a França volte a ser alvo de atentados terroristas antes das eleições.

Marine Le Pen é conhecida por posições anti-imigração na França
Marine Le Pen é conhecida por posições anti-imigração na França Marine Le Pen é conhecida por posições anti-imigração na França

Professor de Relações Internacionais da Faculdades Integradas Rio Branco, Sergio Gil acredita que a presença de Le Pen no segundo turno "já são favas contadas", e que a dúvida que paira sobre a França atualmente diz respeito a quem será o adversário dela no segundo turno: um representante da direita tradicional ou um candidato mais ligado à centro-esquerda, liderada pelo Ministro das Finanças, Manuel Valls.

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A Alemanha também não deve passar ilesa pela atual conjuntura que vem varrendo a política global. Em seu terceiro mandato à frente do país, a chanceler conservadora Angela Merkel vem perdendo popularidade nos ultimos meses por conta de sua política de fronteiras abertas aos refugiados.

— O partido Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita, vem em ascensão, com vitórias nas Assembleias Estauais e municipais. No entanto, a Merkel ainda é uma liderança forte, principalmente se mantiver a coalizão com a social-democracia.

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Para Sergio Gil, o contexto internacional de crescimento do conservadorismo está ligado diretamente a movimentos e manifestações contra o fenômeno da globalização que ocorreram nos últimos anos.

— Esse processo não se detém. A moral mais conservadora tem apelo, sensibiliza os eleitores. É uma dinâmica que vai se espalhar.

Oriente Médio

Outro país importante para a geopolítica mundial que terá eleições presidenciais no ano que vem é o Irã. A nação, com a qual o governo Obama assinou um acordo que visa impedir a proliferação de armas nucleares, é vital para o equilíbrio de forças no Oriente Médio.

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Ao longo da campanha presidencial, o agora presidente eleito Donald Trump fez duras críticas ao acordo nuclear. Apesar de muitos analistas defenderem que algumas políticas defendidas pelo republicano podem não ser aplicadas em seu governo, a professora Cristina Pecequillo acredita que as movimentações do magnata nos primeiros meses de mandato pode influenciar a mudança de poder no Irã.

— Se ele der sinalizações de que vai afundar o acordo que foi feito, é possível que isso favoreça os conservadores iranianos. Com o aumento da pressão, o grupo do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad ganha um espaço que tinham perdido, já que o atual governo pode até ser considerado mais liberal.

Regionalismo

2017 terá eleições importantes também na América Latina. Chile e Equador terão eleições presidenciais, enquanto a Argentina passará pelo processo eleitoral para o legislativo — que determinará a continuidade ou não das medidas econômicas do governo Macri. No entanto, de acordo com os especialistas entrevistados pelo R7, a dinâmica interna desses países deverá ter mais peso na hora do voto do que a geopolítica.

No Chile, a presidente progressista Michele Bachelet enfrenta dificuldades no governo após denúncias de que seu filho estaria envolvido em um esquema de uso de informações privilegiadas e tráfico de influência. De acordo com Cristina, a tendência é que as eleições presidenciais no país tenham forças de direita com chance de assumir o poder.

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Por outro lado, as eleições legislativas na Argentina — cujo presidente vem sendo duramente criticado por sindicatos e movimentos sociais por suas medidas econômicas que aumentaram exponencialmente a pobreza no país — continuam uma incógnita. Segundo a professora Cristina, o governo somente conseguirá aumentar sua base no Congresso se a economia do país “começar a andar”.

Já no Equador, o presidente Rafael Correa terminará seu terceiro mandato à frente do país no ano que vem. Apesar de haver movimentos jovens coletando assinaturas para tentar aprovar a possibilidade de um novo mandato para Correa — que registrou mais de 60% de aprovação popular em uma pesquisa recente —, ele declarou que não irá buscar a reeleição.

Para o professor Sérgio Gil, o pleito no país latino “vai depender do quanto esse abalo das esquerdas populistas no continente irá influenciar o eleitorado equatoriano”.

* Por Luis Felipe Segura

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