Líbano: crise política se agrava ao expirar mandato presidencial sem um sucessor
Mandato de seis anos de Michel Aoun termina sem que os deputados tenham conseguido chegar a um acordo no último mês
Internacional|Do R7
![O presidente do Líbano, Michel Aoun, deixa o cargo sem previsão de um sucessor](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/MLLSK3KCYJJALLMJL53T4TOKNQ.jpg?auth=8215c91fb5a597d64d41a93b5177fc5a40add6678eebb567ddc5be8ac6fb4d09&width=1024&height=655)
O presidente do Líbano, Michel Aoun, abandonou o palácio presidencial um dia antes de expirar o seu mandato, sem que um sucessor tenha sido designado, o que agrava a paralisação política no país, que está em pleno colapso econômico.
Antes de sua saída, o presidente firmou um decreto que elimina a possibilidade de que o primeiro-ministro demissionário dirija o país de forma interina.
A decisão do chefe de Estado, um cristão maronita, de acordo com a divisão de poderes vigente nesse pequeno país, chega depois de o primeiro-ministro Najib Mikati, um muçulmano sunita, tentar formar um governo há meses, mas sem sucesso, por divergências com o partido de Aoun.
Mikati renunciou após as eleições parlamentares e foi escolhido novamente pelos deputados para formar governo.
No entanto, o gesto de Aoun de deixar o palácio, embora não tenha precedentes desde que o Líbano adotou sua Constituição, em 1926, é apenas simbólico, pois "a lei estipula que um governo demissionário seguirá [governando] até que um novo gabinete seja formado", explicou à AFP o professor e especialista em constitucionalismo Wissam Laham.
O mandato de seis anos de Michel Aoun termina sem que os deputados tenham conseguido chegar a um acordo sobre o seu sucessor.
O Parlamento se reuniu, em vão, quatro vezes no último mês, para eleger um presidente, mas nem o campo dos muçulmanos xiitas do Hezbollah — o poderoso movimento armado que domina a vida política no Líbano —, nem o de seus oponentes tem uma maioria clara para impor um candidato.
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O mandato de Aoun esteve marcado pelo colapso econômico, por um levante popular em 2019 e pela explosão no porto de Beirute, que arrasou a capital em 2020.
Desde 2019, o país vive mergulhado em uma grave crise financeira. Sua moeda perdeu mais de 95% do valor e mais de 80% dos habitantes estão vivendo abaixo do nível da pobreza, segundo a ONU.