O presidente de Belarus, Alexandr Lukashenko, disse nesta quarta-feira (16) que a primeira central nuclear do país, construída pela empresa estatal russa Atomstroiexport, será inaugurada no dia 7 de novembro.
"Estão todos convidados. O dia 7 de novembro será uma data significativa para nós. Poderemos viajar e dizer que recebemos, pela primeira vez, eletricidade da nossa central atômica", afirmou Lukashenko, segundo a agência "Belta".
Em agosto deste ano, a agência nuclear russa Rosatom anunciou o início do fornecimento de combustível nuclear para o reator número um da central de Belarus, que fica próxima à cidade de Ostrovets, a 50 quilômetros de Vilnius, capital da Lituânia.
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Diante das críticas dos países vizinhos sobre a segurança da usina, Lukashenko sempre defendeu a importância estratégica do projeto assinado em 2011 por ele e pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que concedeu a Minsk um crédito de US$ 10 bilhões para realizar a obra.
Em maio deste ano, o vice-ministro de Energia de Belarus, Mikhail Mikhadyuk, contou à Agência Efe que o sistema de controle de qualidade do projeto é bem "rígido" e que Minsk assinou um acordo de cooperação técnica com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A usina também foi submetida, de forma voluntária, a um "stress test", uma prova de segurança que segue os padrões da União Europeia (UE) e se baseia nas consequências do acidente que ocorreu em Fukushima, no Japão, após o terremoto que atingiu o país em março de 2011, o pior da história desde Chernobil, em 1986.
"Fizemos o teste mesmo sem sermos membros da UE. Estamos cooperando com os reguladores europeus. Estamos abertos a qualquer inspeção. Não escondemos nada. Somos transparentes", acrescentou o vice-ministro.
Para a Lituânia, a preocupação vai além da proximidade da central nuclear de seu território. O país vizinho acredita que as instalações não são seguras. Os políticos locais se referem à usina como "bomba atômica" e acusam a Rússia, responsável pela construção, de colocar toda a região em risco devido à ânsia de expansão energética.
Por isso, Letônia, Estônia e Lituânia se uniram recentemente através de um acordo que boicotará a importação de eletricidade gerada pela planta de Belarus. Também advertiram Bruxelas que o projeto representa "um problema de segurança nuclear para toda a UE".
Segundo Minsk, a usina que será inaugurada em novembro permitirá que o país economize anualmente 5 bilhões de metros cúbicos de gás, que antes eram usados para gerar energia,
De acordo com Mikhadyuk, a nova central nuclear suprirá "entre 40% e 42% da demanda energética nacional", além de reduzir a emissão de poluentes à atmosfera em cerca de 10 milhões de tonelas.