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'Maré verde' na Argentina volta a reivindicar a legalização do aborto

Principais cidades do país são tomadas por protestos de milhares de pessoas que defendem um novo projeto de lei para descriminalizar o aborto

Internacional|Da EFE

Mulheres protestaram no centro de Buenos Aires
Mulheres protestaram no centro de Buenos Aires Mulheres protestaram no centro de Buenos Aires

As principais cidades da Argentina voltaram a se tingir de verde nesta terça-feira (28) para acompanhar a apresentação do projeto de lei de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVE), que busca, em sua oitava tentativa, que se estabeleça no país a prática do aborto legal, seguro e gratuito.

Após ficar muito perto de conseguir a aprovação do Senado argentino no ano passado, a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito se manteve um ano mais firme em seu projeto, que apresentou no Congresso da Nação em Buenos Aires com o apoio de milhares de pessoas que se manifestaram na capital argentina e em outras cidades do país, e inclusive do mundo.

Leia também: Mulheres são protagonistas da história na Argentina, diz ativista

O pilar sobre o qual se sustenta esta iniciativa é o direito a abortar voluntariamente durante as primeiras 14 semanas do processo de gestação.

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Atualmente, o aborto só é considerado "não punível" quando é necessário evitar um perigo para a saúde da mulher ou quando a gravidez é resultado de um estupro.

Em 2018, o projeto de lei conseguiu, pela primeira vez, que o debate fosse levado ao Congresso argentino, onde foi aprovado pela Câmara dos Deputados.

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No entanto, apesar das enormes mobilizações com o lenço verde como símbolo que aconteceram no país, o Senado rejeitou a proposta com 38 legisladores contra, 31 a favor e duas abstenções.

Silvia Ferreyra, coordenadora nacional do Movimento de Mulheres da Matria Latino-Americana (MuMaLá), uma das organizações envolvidas na redação do projeto, disse à Agência Efe que é "muito baixa" a expectativa gerada pelo governo do presidente Mauricio Macri a respeito deste tema.

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"Já sabemos qual é a decisão de quem ocupa atualmente as cadeiras, porque é a mesma composição que em 2018, mas sabemos que mesmo assim vale a pena levar o debate à sociedade", explicou Ferreyra, que carrega um lenço verde já desfiado após vários anos de luta pela legalização do aborto.

Além disso, nesta ocasião a proposta é apresentada em ano eleitoral, o que a ativista acredita que é um obstáculo à sua chegada ao Congresso, já que esta não é uma via que "abra o caminho" para Macri ser reeleito, devido à sua base conservadora de eleitores.

"Nós somos otimistas do ponto de vista que há oito anos que o viemos apresentando e chegamos a um ponto na sociedade no qual sabemos que não vamos retroceder. Se não é este ano será o ano que vem, mas sabemos que vai ser lei", ressaltou Ferreyra.

Apesar de o texto aprovado pelos deputados no ano passado dar aos médicos a alternativa de acolher-se à objeção de consciência para não realizar as interrupções da gravidez, o projeto atual da Campanha Nacional pelo Aborto não faz referência a este ponto por entender que se negaria o direito das cidadãs a serem atendidas em todos os hospitais.

Da grande mobilização da maré verde às portas do Congresso também estiveram presentes poucos manifestantes "celestes", ou seja, contra a legalização do aborto.

Uma delas é Nélida Rodríguez, que defendeu que em uma sociedade "igualitária" todo mundo tem direito a nascer, tanto os "desejados" como os "não desejados".

Um dos motivos principais pelos quais se defende a legalização da interrupção da gravidez é para evitar a ocorrência de abortos clandestinos, que provocam a morte de muitas mulheres.

"Uma mulher, se não quer morrer, não tem que fazer um aborto, porque se eu arranco um braço agora aqui, morro, porque estou fazendo algo antinatural. Se arranco um bebê que está no meu ventre, óbvio que vou morrer", comentou Rodríguez.

Em contraposição, Paula Cejas, uma das presentes no ato a favor do aborto em Buenos Aires, destacou que "nenhuma mulher deve correr risco por decidir não ser mãe".

"Acho que todos temos alguma pessoa do nosso entorno próximo, ou não tão próximo, que teve que passar por uma situação de risco. No meu caso, tenho uma grande amiga que teve que passar por isto e ninguém ficou bem. Ela mesma pôs em risco sua vida quando não precisava ter feito isto", lamentou a jovem.

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