O ministro das Finanças da Áustria, Hartwig Löger, assumirá nesta quarta-feira (22) a vice-chancelaria do país, cargo que ficou vago no fim de semana passado, quando o líder do ultranacionalista FPÖ, Heinz-Christian Strache, renunciou após ter sido flagrado em vídeo propenso a cometer atos de corrupção e traça passos concretos para controlar a imprensa nacional.
Löger, do conservador Partido Popular (ÖVP) do chanceler federal, Sebastian Kurz, tomará posse do novo cargo e deve se manter simultaneamente no comando do Ministério das Finanças, informaram fontes da chancelaria à agência austríaca APA.
O presidente da Áustria, o ecologista Alexander Van der Bellen, nomeará oficialmente os "especialistas" que substituirão os ministros do FPÖ que deixaram na terça-feira o gabinete de Kurz por causa do escândalo. Em seguida, os novos integrantes do governo tomarão posse dos cargos (assim como Löger). Pouco depois, será realizada a primeira sessão do novo Conselho de Ministros.
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Strache renunciou em meio ao terremoto político que abalou a Áustria com a divulgação sexta-feira de um vídeo comprometedor na sexta-feira.
As gravações, de julho de 2017, mostram Strache em uma mansão em Ibiza prometendo a uma mulher — que se fez passar por sobrinha de um magnata russo — contratos públicos e ajuda para comprar o "Kronen Zeitung", o jornal mais influente da Áustria, em troca de doações milionárias para o seu partido.
Kurz, que no dia seguinte anunciou a antecipação das eleições legislativas, conseguiu fazer com que o presidente ontem destituísse o ministro de Interior, o ultradireitista Herbert Kickl, o que não ocorria desde 1945.
Em reação a essa medida, os demais integrantes da extrema-direita que faziam parte da coalizão — que chegou ao poder em dezembro de 2017 — também renunciaram.
Segundo a APA, os chamados "especialistas" que ocuparão os ministérios de Interior, Defesa, Infraestrutura e Assuntos Sociais têm cargos de destaque em outros ministérios. Com os novos ministros, Kurz tenta seguir no poder à frente do governo interino até a formação de um novo governo nas eleições de setembro, mas para isso deverá superar uma moção de censura na próxima segunda-feira.
A iniciativa parlamentar foi apresentada pelo partido opositor e progressista Jetzt. É possível que, pela primeira vez na história moderna da Áustria, um chanceler perca a confiança entre os 183 deputados do Parlamento.