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André Azeredo, André Cunha e Márcio Neves, da Record TV

Pousamos no aeroporto internacional de Culiacán, capital do estado de Sinaloa, no noroeste do México, 50 horas após um avião do mesmo modelo e da mesma companhia aérea pela qual voamos ter sido alvo de um atentado a tiros no mesmo lugar, realizado por integrantes de uma das maiores organizações criminosas do México. As imagens dos passageiros se abaixando dentro da aeronave circularam o mundo, e era inevitável não lembrar das cenas. Havíamos pousado na cidade que é o coração do Cartel de Sinaloa.

Ovídio Gusman Lopez no momento de sua prisão em Culiacán, México (HO/Cepropie/AFP - 17.10.2019)

Ovídio Gusman Lopez no momento de sua prisão em Culiacán, México

HO/Cepropie/AFP - 17.10.2019

Os ataques ocorridos na quinta-feira, 5 de janeiro, em Culiacán, cidade que tem pouco mais de 600 mil habitantes, paralisaram a região. O motivo? Ovidio Guzmán Lopes, de 35 anos, conhecido como El Ráton, um dos líderes do cartel, foi preso em sua casa por volta de 5h da manhã, em Jesús María, um distrito que fica distante 35 km do centro, após intensos confrontos com soldados da organização criminosa.

Lopes é filho de Joaquin Guzmán Loera, o El Chapo, um dos maiores traficantes de drogas do mundo, atualmente preso nos Estados Unidos.

Ruas foram fechadas com veículos em chamas, homens armados em caminhonetes blindadas circulavam pela região, centenas de pessoas tiveram seus carros roubados, autoridades pediam para que a população ficasse em casa. A cidade parou e as ruas ficaram vazias por ao menos 24 horas. O aeroporto também ficou fechado após o ataque.

E não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em 2019, Ovídio havia sido preso, e a situação foi tão caótica que o presidente do México, Lopez Obrador, decidiu libertá-lo para evitar uma guerra no estado de Sinaloa.

Mas, desta vez, suspeita-se que a prisão, uma ação cinematográfica, ocorreu com o apoio do DEA (Drug Enforcement Administration), órgão do governo americano que atua no combate ao tráfico de drogas.

Isso ganha ainda mais força pois a prisão ocorreu dias antes de uma visita oficial do presidente americano, Joe Biden, para uma reunião do bloco de países da América do Norte no México, onde o combate ao tráfico de drogas era uma das principais pautas.

Os EUA, inclusive, pediram a extradição de El Ráton para que ele responda pelos crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro por lá.

Na cidade, apesar do clima de aparente normalidade, ele era rapidamente esquecido ao cruzar com veículos de forças de segurança. Caminhonetes com policiais na caçamba, com armas que normalmente vemos apenas em filmes de guerra, circulavam em todas as regiões. A tensão estava ali, mas todos tentavam seguir sua vida.

“É normal, estamos acostumados”, contou um morador da cidade que embarcou conosco no voo. Ele diz ainda que a presença dos “narcos”, como eles chamam os integrantes do cartel por lá, é também comum em toda a cidade. “Às vezes estamos abastecendo o carro e eles chegam, param ao lado para abastecer também, com muitas armas, tudo normal”, diz o homem, que preferiu não se identificar.

'É normal, estamos acostumados'

Morador de Culiacán, em Sinaloa, México

A prisão de Ovídio foi uma operação violenta, tanto pelas forças de segurança federais do México quanto pela resposta dos integrantes do cartel que atuaram contra a operação, como mostramos no Domingo Espetacular.

Milhares de cartuchos de munições de grosso calibre estavam espalhadas por todo o entorno, caminhonetes adaptadas com uma blindagem especial — muitas crivadas de furos do intenso confronto — estavam abandonadas nas ruas do povoado. Casas com marcas de tiros e, no local onde ocorreu a prisão, um cenário ainda mais devastador do violento combate.

Caminhonete do Cartel de Sinaloa crivada de tiros (Márco Neves/RecordTV)

Caminhonete do Cartel de Sinaloa crivada de tiros

Márco Neves/RecordTV

O pequeno distrito de Jesús María, que tem pouco mais de 5.000 habitantes, parecia um cenário de guerra. Tanta violência tem um motivo: relatos de moradores de Culiacán afirmam que o local onde o líder do Cartel de Sinaloa foi preso era um refúgio dominado por eles.

“Todos no povoado trabalham de alguma forma para o cartel”, nos diz outro homem, que também não quer se identificar. Poucos ali se dispõem a falar abertamente sobre o que houve.

Mas a truculência da operação também fez moradores reclamarem de abusos e relatarem pessoas desaparecidas, e um protesto chegou a ser feito na sede do governo de Sinaloa, para pedir a saída das forças policiais do povoado de Jesús María.

Oficialmente, o governo do México fala em 21 integrantes do cartel presos; 19 mortos; 53 veículos apreendidos, 26 deles blindados; 10 militares mortos e outros 35 feridos. Mas os moradores falam em 140 desaparecidos, e o Conselho de Direitos Humanos de Sinaloa afirma ter recebido ao menos 70 notificações de pessoas desaparecidas.

Moradores de Jesús María em protesto contra ações militares após prisão de líder do Cartel de Sinaloa (André Cunha/RecordV)

Moradores de Jesús María em protesto contra ações militares após prisão de líder do Cartel de Sinaloa

André Cunha/RecordV

De fato, a rotina em Jesús María estava fora do normal; a presença de jornalistas naquele local, por exemplo, seria algo impensável em dias “normais”. Ali quem manda é o cartel.

Nosso acesso ao local só foi possível pois uma força-tarefa com centenas de militares, que faziam um rescaldo após a prisão de Ovídio, estava por lá, os mesmos que eram alvo dos protestos de moradores.

Mas, mesmo com as forças policiais por lá, alguns moradores recomendavam que deixássemos o local. Eram muitos os olhares hostis, mas também assustados com as mais de dez horas do confronto que aconteceu no local.

Jornalistas não são bem-vindos ali. Inclusive, o México é um dos países onde mais são mortos profissionais da imprensa. O país da América do Norte teve 11 jornalistas assassinados só em 2022. 

Não foi diferente conosco. Por segurança, deixamos a cidade de Culiacán mais cedo do que o previsto.

No quarto dia de viagem, ao nos prepararmos para sair do hotel para mais gravações e apurações, uma série de “acontecimentos” nos deixou em alerta: o nosso motorista local havia dito que não poderia nos atender mais e, em nosso hotel, dois homens nos observavam a todo momento enquanto descíamos com os equipamentos.

Enquanto aguardávamos o carro, após nossa insistência para que o motorista aceitasse nos atender por mais um dia, duas motos circularam o hotel. Nelas, havia um radiocomunicador na garupa. Já havíamos sido alertados em outros dias que pessoas em motos com rádios seriam integrantes do cartel.

Homem monitora equipe da Record em Culiacán, México

Homem monitora equipe da Record em Culiacán, México

Segundo um assessor da Secretaria de Segurança Pública de Sinaloa, eles são chamados de ponteiros, integrantes do Cartel de Sinaloa que “observam o movimento”. Instantes depois, notamos que havia um homem com rádio na esquina da rua do hotel, embaixo de uma árvore.

Com esses sinais, decidimos deixar a cidade, para preservar a nossa segurança.

Nosso motorista disse que estávamos agindo corretamente, e que permanecer poderia resultar em uma ameaça mais grave, sem dizer qual. Mas, após nos deixar no aeroporto, ele me confidenciou que havia recebido um recado do cartel para parar de nos atender.

Munição de .50 em estrada da cidade de Culiacán, México (Márcio Neves/RecordTV)

Munição de .50 em estrada da cidade de Culiacán, México

Márcio Neves/RecordTV
Sinaloa e o cartel
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O distrito de Jesús María lembra pequenas cidades de filmes e séries americanos. A maioria dos vilarejos e pequenas cidades daquela região do México tem composição similar: uma rua principal, com um mercadinho, um pequeno posto de gasolina, algum comércio local. Ao redor, ruazinhas de terra, onde vivem os moradores. Na entrada, um pórtico com o nome do local, ainda com resquícios da decoração de Natal. Tínhamos chegado a um local apontado por quem vive em Culiacán como um reduto de líderes do cartel.

“Esses cartéis ajudam os moradores das pequenas cidades com dinheiro, tratamento médico, trabalho. Mas tem o problema, sim. Eles decidem quem vai viver, quem vai morrer”, explica o professor Juan Carlos Ayala, mestre em filosofia e sociologia, professor da Universidade Autônoma de Sinaloa e pesquisador da área de segurança pública.

O trecho de estrada que corta o vilarejo leva a uma região montanhosa do estado de Sinaloa, onde o cartel mantém fazendas de cultivo de papoula, planta que é matéria-prima para vários tipos de drogas sintéticas — um de seus principais negócios. Durante nosso trajeto, avistamos centenas de projéteis de armas de fogo pelo caminho, restos de veículos incendiados e outros usados na resistência aos militares que prenderam Ovídio Guzman.

Plantação de papoula sendo destruída por militares no México (REUTERS/Carlos Jasso 18.08.2018)

Plantação de papoula sendo destruída por militares no México

REUTERS/Carlos Jasso 18.08.2018

Segundo o professor Juan Ayala, o início do cartel foi justamente pelos negócios que envolvem o cultivo da papoula na região, na década de 1960 a 1970.

Professor Juan Ayala, da Universidade de Sinaloa (André Cunha/RecordTV)

Professor Juan Ayala, da Universidade de Sinaloa

André Cunha/RecordTV

“Já havia o cultivo nas montanhas de Sinaloa por pequenos agricultores, e isso logo virou um importante negócio para as famílias que compunham o cartel”, diz Ayala.

Da papoula, é extraído um líquido similar ao látex da seringueira — nesse caso, o ópio. A partir dele são produzidos medicamentos como a morfina e a codeína, importantes para o tratamento da dor e analgesia.

Da manipulação química da morfina surge a heroína, uma droga semissintética que se popularizou naquele período nos EUA. Logo, famílias produtoras começaram a usar rotas do tráfico da maconha para os EUA para vender sua produção de medicamentos, mas também da nova droga popular, a heroína.

Segundo o dicionário, cartel é 'um acordo comercial entre empresas, visando à distribuição entre elas das cotas de produção e do mercado, com a finalidade de determinar os preços e limitar a concorrência'. No caso, as empresas são equivalentes às famílias que operavam a compra e a venda dessas substâncias no México

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El Chapo, um dos líderes mais populares do Cartel de Sinaloa (Henry Romero/Reuters - 8.1.2016)

El Chapo, um dos líderes mais populares do Cartel de Sinaloa

Henry Romero/Reuters - 8.1.2016

Joaquin Guzmán Loera, o El Chapo, que ainda na adolescência plantava maconha e papoula para sobreviver, logo, por influência de seu tio Pedro Aviles Perez, que se especializou em levar contrabando e drogas aos EUA em aviões, passou a trabalhar com Hector Luiz Palma Salazar, traficante e fundador do que é considerado a origem do Cartel de Sinaloa, na época conhecido como o grupo criminoso Alianza de Sangre. 

Em pouco tempo, El Chapo também passou a operar rotas do tráfico de drogas por aviões e, com a ascensão da cocaína no mercado americano, vinda de países produtores na América do Sul, expandiu seus negócios com as famílias que integravam a Alianza de Sangre.

Mas foi no fim dos anos 2000, em uma das primeiras prisões de El Chapo, ainda no México, que Ismael Zambada García, conhecido como El Mayo, integrou a organização criminosa e consolidou o domínio do Cartel de Sinaloa no tráfico de drogas, travou guerras com outros cartéis, em disputa por rotas no norte do México, na fronteira com os EUA, e se aproveitou do aumento da repressão do governo a cartéis mais antigos, como o Cartel de Tihuana, para corromper agentes públicos, principalmente da polícia.

Povoado de Jesús María, em Culiacán, México (Márco Neves/RecordTV)

Povoado de Jesús María, em Culiacán, México

Márco Neves/RecordTV

Em 2014, El Chapo foi preso novamente. Pouco mais de um ano depois, fugiu por um túnel, uma fuga considerada cinematográfica, e retomou seus negócios. Mas, em janeiro de 2016, foi capturado novamente em Los Mochis, uma cidade distante 200 km de Culiacán, em Sinaloa. Dessa vez, foi enviado para os EUA, onde foi condenado e cumpre prisão em uma penitenciária de segurança máxima em Florence, cidade na região central do país, no estado do Colorado.

Com El Chapo fora de circulação, El Mayo assumiu o controle do Cartel de Sinaloa com mãos de ferro, expandiu e diversificou os negócios entre o tráfico de drogas, o tráfico de pessoas e o contrabando, principalmente entre México e EUA, e fortaleceu sua influência no estado de Sinaloa, incluindo na política.

Ismael 'El Mayo' Zambada, líder do cartel de Sinaloa, no México (Wikipedia)

Ismael 'El Mayo' Zambada, líder do cartel de Sinaloa, no México

Wikipedia

Nessa linha de comando do cartel, ao menos dois dos dez filhos de El Chapo são considerados, segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, como lideranças do Cartel de Sinaloa: Ivan Archivaldo Guzman Salazar, de 42 anos, ainda em liberdade, e Ovidio Guzmán Lopes, 35 anos, preso na megaoperação deflagrada em 5 de janeiro deste ano.

Atualmente, o Cartel de Sinaloa, segundo dados da DEA, órgão do governo americano que atua no combate ao tráfico de drogas, está presente em ao menos 22 estados do México e mantém atuação e controle do comércio de drogas em diversos estados dentro dos Estados Unidos, principalmente na costa oeste.

Comprimidos da droga com fentanil que vêm sendo vendidos nos EUA pelo cartel de Sinaloa (Divulgação/DEA-EUA)

Comprimidos da droga com fentanil que vêm sendo vendidos nos EUA pelo cartel de Sinaloa

Divulgação/DEA-EUA
Drogas para matar um país

Nesse domínio do tráfico de drogas para os EUA, com rotas eficientes e rentáveis, o Cartel de Sinaloa passou de operador logístico ou produtor de matéria-prima a produtor de drogas. Uma delas foi a metanfetamina, ou meta, droga sintética produzida a partir da manipulação de componentes químicos diversos e relativamente simples, como medicamentos para a gripe, que logo ganhou espaço no mercado americano.

Cristais de metanfetamina  (Flipar)

Cristais de metanfetamina

Flipar

A droga passou a ser mais conhecida entre nós, brasileiros, após ser retratada no seriado americano Breaking Bad, que foi exibido aqui na RecordTV.
 
Na série, um professor de química com uma doença terminal descobre que era capaz de produzir metanfetamina de qualidade e ganhar muito dinheiro, até bater de frente com chefões dos cartéis mexicanos que dominavam esse negócio em boa parte da costa oeste dos Estados Unidos.

Vendidas em cristais que podem ser fumados ou quebrados para ser inalados, a metanfetamina rapidamente ganhou as ruas do mercado americano pela atuação dos cartéis mexicanos e representa, segundo levantamento do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, 10% do total de drogas distribuídas no mundo, superando até mesmo a cocaína, que aparece com 7%. A maconha é atualmente a mais popular e representa 33% das drogas que circulam no mundo.

Ampolas de fentanil para uso médico (Reprodução)

Ampolas de fentanil para uso médico

Reprodução

Além disso, uma nova droga passou a ser produzida pelo cartel: o fentanil, uma droga sintética produzida a partir do ópio retirado da papoula. Inicialmente, ela possui um mercado legal, da produção de anestésicos mais potentes que a morfina para o mercado de saúde mundial; entretanto, logo os traficantes passaram a misturá-la a metanfetamina e outras drogas sintéticas. Com uma produção local de papoula, o Cartel de Sinaloa logo viu um novo negócio no mercado de drogas, sempre pensando no lucro.

"Ficou cara a logística para os cartéis buscarem cocaína na América do Sul, trazer para o México e depois revender. Aqui sempre teve produção de ópio. Mas a droga sintética passou a valer mais a pena de anos para cá porque o custo ficou mais barato com a importação de suprimentos", explica o professor Juan Ayala.

https://img.r7.com/images/colombia-maior-produtor-de-cocaina-do-planeta-16092022115631328

Flipar

O Cartel de Sinaloa passou a produzir a droga em larga escala, inclusive aumentou sua produção local de papoula, que chegou a crescer 21% entre 2020 e 2021, segundo dados de um relatório do escritório Nacional de Política de Controle de Drogas dos Estados Unidos, mesmo frente ao aumento da seca e à redução das chuvas na região.

Ovídio Guzman, o El Ráton, é apontado pelos EUA como um dos principais responsáveis por essa "unidade de negócios" do Cartel de Sinaloa.

Com uma logística eficiente, logo a droga inundou o mercado americano. Mais barata que a cocaína e até mesmo que a metanfetamina, virou uma dor de cabeça para as agências de combate às drogas dos EUA.

Em um balanço das apreensões de 2022, a DEA afirmou que apreendeu uma quantidade de fentanil que seria suficiente para matar por overdose os mais de 330 milhões de habitantes dos EUA. Foram 4.500 kg de fentanil em pó e cerca de 50,6 milhões de comprimidos da droga.

A prioridade operacional do DEA é derrotar os dois cartéis de drogas mexicanos

Anne Milgram, diretora do DEA

A preocupação dos EUA ficou maior, já que uma das versões da droga é apresentada em pastilhas coloridas chamada nas ruas de “arco-íris” e custa cerca de 2 dólares, o equivalente a R$ 10 no Brasil, e que tem sido usada por adolescentes.

No estado da Califórnia, por exemplo, já foram registradas 224 mortes de pessoas entre 15 e 19 anos em consequência de overdose pelo uso de drogas à base de fentanil em 2022. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em 2021 foram 71 mil mortes em todos os Estados Unidos por overdoses causadas pela droga.

"A prioridade operacional do DEA é derrotar os dois cartéis de drogas mexicanos — os cartéis de Sinaloa e Jalisco (CJNG) —, que são os principais responsáveis pelo fentanil que está matando americanos hoje", afirmou Anne Milgram, diretora do DEA.

Suvenires do Cartel de Sinaloa (André Azeredo/RecordTV)

Suvenires do Cartel de Sinaloa

André Azeredo/RecordTV
Cultura e expansão do cartel
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Com um domínio intenso de Sinaloa e uma presença em outros estados mexicanos e também nos demais países, o Cartel de Sinaloa, mesmo na mira de autoridades internacionais, acabou se tornando uma referência cultural no México.

Suvenires como camisetas, bonés, chaveiros e adesivos são vendidos com logomarcas, ou nomes de pessoas do cartel, como o próprio El Chapo, ou seu filho recém-preso El Ráton. Até mesmo músicas com ritmos tradicionais do México são escritas para enaltecendo o poder dos líderes dos cartéis, mas, muitas vezes, segundo relatos, sem um vínculo direto com o cartel, mas uma forma de ganhar dinheiro e simpatia de seus integrantes.

Enquanto isto, o cartel continua em seus negócios ilícitos e já articula expansão principalmente de suas drogas sintéticas, como a metanfetamina e o fentanil, para outros mercados, como o europeu, onde a cocaína ainda é, segundo dados do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, a droga predominante.

Um relatório conjunto da DEA e da Europol relata que integrantes do cartel já trabalham até mesmo produzindo drogas em países da Europa e identifica uma acentuação nas relações do Cartel de Sinaloa e do Cartel de Jalisco com organizações criminosas europeias para expandir seus negócios no tráfico de drogas e outros crimes transnacionais.

Montanhas de Culiacán, México, berço do Cartel de Sinaloa (André Cunha/RecordTV)

Montanhas de Culiacán, México, berço do Cartel de Sinaloa

André Cunha/RecordTV

Conteúdo: Núcleo de Jornalismo Investigativo da Record TV
Repórteres Investigativos: Márcio Neves e Thiago Samora
Fotografia: André Cunha e Márcio Neves
Reportagem: André Azeredo
Edição de texto na TV: Ana Albini e Luciana Domingues
Chefe de Redação: André Caramante
Vice-Presidente de Jornalismo: Antonio Guerreiro
Diretores de Jornalismo: Aline Sordili, Clovis Rabelo, Thiago Contreira, Rafael Perantunes e Marcelo Trindade
Diretora de Conteúdo Digital e Transmídia: Bia Cioffi