Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Pais de jihadistas holandeses criam fundação para repatriar filhos

Parentes pedem que Estado repatrie pelo menos os menores de idade,, que estão em acampamentos sob supervisão das autoridades da Síria

Internacional|Da EFE

Pais pedem que filhos e netos de jihadistas possam ser repatriados
Pais pedem que filhos e netos de jihadistas possam ser repatriados Pais pedem que filhos e netos de jihadistas possam ser repatriados

Pais de cidadãos holandeses que viajaram a territórios antes ocupados pelo grupo terrorista Daesh para combater em suas fileiras criaram uma fundação na Holanda para iniciar um processo legal contra o Estado e obrigá-lo a repatriar seus filhos e netos.

Hussein, um dos pais que atua como porta-voz da chamada Achterblijvers (Os que ficaram para trás), confirmou à Agência Efe o registro desta fundação na Câmara de Comércio porque, segundo justificou, ao se unir desta maneira a outros parceiros afetados, poderão forçar o Estado, através de um processo legal, a se responsabilizar por seus cidadãos.

Apesar de terem registrado oficialmente sua fundação, esses pais preferem se manter, por enquanto, no anonimato, esperando que o governo holandês atenda seu pedido e o de diferentes organismos nacionais que exigem que o Estado repatrie pelo menos os menores de idade, por exemplo, que estão nos acampamentos sob supervisão das autoridades curdas no norte da Síria.

"Não queremos que nossos netos, assim como foi com os filhos dos membros do NSB (partido nazista holandês) há 70 anos, paguem pelas ações de seus pais", declarou Hussein à imprensa local.

Publicidade

Este pai, desesperado para recuperar os menores, relatou que os familiares tiveram contato próximo durante pelo menos dois anos, reunindo-se e seguindo os passos dos seus filhos e netos na Síria e no Iraque, oferecendo apoio mútuo e trocando informações sobre seu paradeiro, mas, após a queda do chamado "califado" do Daesh, é hora de atuar e "recuperá-los".

Governo se recusa a ajudar

Publicidade

Como pais, tentam pressionar em nível político para que os holandeses na Síria e seus filhos sejam repatriados, mas tanto o governo como uma maioria parlamentar se negam a fazer isso.

Leia também

Portanto, uma fundação que fale em seu nome, sem que suas identidades sejam reveladas, pode "ajudar", pois muitos sentem vergonha pelo que seus filhos fizeram, destacou Hussein, de origem marroquina.

Publicidade

Uma das mães inscritas nesta fundação, Dores, de origem holandesa e portuguesa e sem qualquer relação com o islã, relatou que sua neta de três anos e meio morreu em um hospital sírio depois do bombardeio da cidade da Al Baghuz em fevereiro, mas lamenta por "não poder dizer isso no trabalho" com medo das reações.

"Tomara que nos levem mais a sério desta forma e consigamos convencer os políticos de que não podemos ajudar essas crianças pequenas deixando-as abandonadas nesses campos. Não queremos que mais inocentes morram", acrescentou Dores, cuja filha está retida no norte da Síria depois de se somar aos combates jihadistas com seu marido.

A Cruz Vermelha da Holanda já afirmou estar "muito disposta" a ajudar com a aprovação dos curdos e a retirar mulheres de jihadistas e seus filhos dos acampamentos no norte da Síria, onde se estima que haja 30 mulheres e 65 crianças holandesas detidas pelas autoridades locais.

No entanto, a política do governo holandês continua sendo a de não repatriação, ou pelo menos de não mover um dedo, a não ser que estas mulheres se apresentem com seus próprios pés em uma embaixada ou consulado holandês na Turquia ou no Iraque, onde passarão por um processo de reconhecimento e deportadas à Holanda para serem imediatamente presas.

No entanto, por estarem retidas no norte da Síria, estas mulheres não podem recorrer a uma delegação diplomática holandesa e só podem sair do acampamento conduzidas por uma autoridade oficial e com autorização expressa dos curdos.

"Agora temos que convencer os políticos", advertiu Hussein, que viajou à Síria no ano passado para procurar sua filha e suas duas netas. Seu outro neto, de 16 anos, morreu em um bombardeio.

Filhos devem pagar pelos crimes que cometeram

Estes pais reconhecem que estão "conscientes" de que seus filhos devem prestar contas à Justiça holandesa pelos crimes que cometeram, mas consideram que o governo deve assumir sua responsabilidade de evitar, entre outras coisas, que voltem a "fazer algo perigoso" se conseguirem retornar à Holanda voluntariamente.

Em entrevista à Agência Efe, a titular do Juizado de Menores da Holanda, Margrite Kalverboer, fez um pedido às autoridades europeias para que "estabeleçam uma política comum" e se preocupem "mais em recuperar" as crianças que viajaram com seus pais que decidiram lutar com o Daesh.

"Não é fácil reintegrá-los, mas exatamente por isso é preciso tentar chegar a tempo: quanto mais novos forem, mais fácil será o trabalho de integrá-los, e quanto mais tempo viverem nessa situação, mais complicado será evitar que sejam um perigo para a sociedade", alertou Kalverboer.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.