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Papel de Obama será decisivo para democratas enfrentarem o governo Trump

Popularidade do presidente o manterá em ação, diante de fragilidade de seu partido

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7


Obama sai com alta popularidade e será importante para o partido
Obama sai com alta popularidade e será importante para o partido

Para Barack Obama, não importa se Obama quer e Trump não quer. A defesa do programa Obamacare, no qual mais de 20 milhões de pessoas passam a ter planos de saúde, evidencia como Obama irá continuar atuando por suas políticas após o fim do seu mandato. E tentando conciliar as enormes diferenças em relação ao seu sucessor na Casa Branca.

Há poucos dias ele já foi ao Congresso buscar convencer deputados e senadores a não substituírem o programa, algo que o novo presidente Donald Trump pretende fazer assim que assumir o cargo. Além disso, a equipe de Obama lançou um abaixo-assinado para que o público manifestasse sua contrariedade em relação à obsessão trumpiana em repelir o acesso a planos gratuitos para o público mais carente.

Enfim, Barack Obama (2009-2017), a partir do próximo dia 20, se mudará para uma elegante casa no bairro de Kalorama, em Washington, mas, além de palestras, entrevistas e livros publicados, deverá manter-se no cenário político, trabalhando por suas causas sem perder de vista o que considera valores democráticos. Um dos muitos que veem um Obama politicamente ativo no futuro é o professor Márcio Coimbra, coordenador do curso de Relações Institucionais do Ibmec, em Brasília.

— Ele não vai se isolar, não é seu perfil. Obama foi líder comunitário, estudantil, de ONGs, e com certeza vai ter um papel de protagnoismo, principalmente por ter como substituto um governo republicano. Ele vai ser um ponto de equilíbrio do outro lado, por ter sido o último presidente, dos democratas, diante agora de um governo republicano. Com certeza ele vai servir como contraponto em muita coisa. Não significa que vá ser um chefe de oposição, a oposição vai ficar no Congresso. Mas ele, em temas pontuais, vai falar e atuar.

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Obama continuará em Washington porque sua filha Sasha estuda no Ensino Médio de uma escola local. Sua residência fica a 20 quarteirões da Casa Branca. Neste sentido, Trump terá um vizinho propenso a observá-lo com minúcia e, quem sabe, até se candidatando a algum cargo nas próximas eleições (menos de presidente, que não é permitido), como fez John Quincy Adams (1825-1829), eleito depois deputado. Mas isso, segundo Coimbra, é muito improvável.

Ao contrário das questões empresariais, Trump terá de agir com um espírito mais aberto, sabendo que o lucro imediato é o que menos existe na política. Neste sentido, Obama não tem como abrir mão agora de tudo o que investiu para o futuro, buscando, como afirmou em seu discurso de despedida, manter um país vigilante em relação à democracia, sempre em alerta para que ela não fique apenas restrita ao papel da Constituição. Para a historiadora Barbara Weinstein, doutora pela New York University, Obama será um líder dentro de seu partido, agora enfraquecido com a derrota de Hillary Clinton e tendo a minoria no Senado e na Câmara dos Representantes.

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— Acho que Obama vai ser ex-presididente atuante, não vai sair da política, especialmente por causa da situação dos democratas atualmente. Eles estão sem lideranças, são minoria e ele simbolicamente vai ter um papel muito importante. Ainda mais porque ninguém o está responsabilizando pelas perdas do Partido Democrata. Muita gente fala que Hillary não fez uma boa campanha, mas ninguém está colocando a culpa em Obama então isso mantém sua força intacta.

Linhagem democrata

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Indiretamente, Obama poderá até ser um conselheiro de Trump. Um espelho invertido que apontará os exageros do bilionário excêntrico, quando ele muitas vezes se perde em frases intempestivas e desafiadoras, segundo Barbara.

— Não acho que Trump seja burro, mas ele é incapaz de pensar em várias dimensões e responde em termos mais práticos, da forma que ele respondia na vida empresarial. E não é a mesma coisa. Ele não tem auto-controle, lhe faltam disciplina e capacidade de pensar nas várias facetas de uma questão. O filtro para ele é ele mesmo, é o ego dele. Isso deixa a gente na expectativa de como ele irá agir para não fazer nenhuma grande besteira em termos de relações internacionais, por exemplo.

Pelas palavras de Barbara e a iniciativa de Obama, o presidente seguirá a linhagem democrata de se manter no cenário político. Inclusive inaugurando uma fundação com seu nome e uma biblioteca, como fizeram, por exemplo, Jimmy Carter (1977-1981) e Bill Clinton (1993-2001). Carter, um democrata admirado por Obama, não conseguiu se reeleger, mesmo com seu discurso conciliador.

O que Obama fará depois de deixar a Presidência dos EUA?

Questões estratégicas internacionais e a garantia de Ronald Reagan (1981-1989) de gerar empregos e manter a segurança do país, fizeram o republicano se eleger. Carter, porém, se tornou um ativo defensor dos direitos humanos, a ponto de receber, com sua fundação, um Prêmio Nobel da Paz em 2002. Prêmio que Obama recebeu em 2009. Barbara lembra até com humor uma frase sobre Carter.

— Carter não foi um mau presidente. Mas costuma se brincar dizendo que ele foi melhor como ex-presidente do que como presidente.

Obama, agora, tenta entrar para a história como um excelente ex-presidente. Mantendo sua imagem em alta. E poderá se tornar o tal filtro de que Trump necessita, segundo disse a especialista. O ativista voltará a campo em outra posição, para ser um termômetro de seu e do futuro mandato. Um incômodo que pode até ser bom para o novo governo, mesmo que Trump não queira. Afinal, Obama quer.

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