Família cobra justiça por morte de tenente reformado que teria sido agredido em posto policial em MG
Idoso de 82 anos foi internado com ferimentos após ir à unidade para registrar um boletim de ocorrência; MP denunciou agentes
Minas Gerais|do R7, com Raul Dias Filho, do Domingo Espetacular
![Manoel ficou internado durante três meses](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/AM45ZDTESVIZDPL4HCUKZV2Z2M.jpg?auth=19a7b2b76a5e55776539146ae0c1ec8e0e72fa4456f0a7c77570eb0429796bdf&width=662&height=438)
Uma família mineira cobra Justiça pela morte do tenente reformado da Polícia Militar, de 82 anos, ocorrida em julho de 2022. Segundo a denúncia do Ministério Público, Manoel Ferreira foi agredido em um posto policial onde ele tentou registrar um boletim de ocorrência três meses antes, em Juiz de Fora, a 283 km de Belo Horizonte.
Washington Ferreira, filho de Manoel, conta que o pai saiu de casa saudável. Após a confusão na unidade policial, ele foi internado até o dia da morte e ficou paraplégico. "Ele chegou caminhando para fazer um simples boletim de ocorrência e nunca mais andou", disse o filho.
Os filhos do idoso gravaram um áudio do pai, ainda no hospital, relatando o que teria ocorrido naquela noite. Imagens de circuito de segurança às quais a família teve acesso mostram ele chegando no posto policial. O homem caminhava normalmente.
"Ele [policial atendente] veio gritando comigo e eu falei que era militar também. Ele pediu minha identidade militar e disse que não tinha", disse Manoel na gravação. Neste momento, o agente teria o imobilizado e jogado contra a parede.
"Fiquei deitado no chão. Falei que tinha problema na coluna, hérnia de disco. Ele disse que não queria saber. Falaram que eu estava preso em flagrante e que eu seria responsabilizado, que eu não era PM coisa nenhuma", continua.
Segundo o boletim de ocorrência registrado na data, Manoel se alterou e recebeu voz de prisão por desacato. O relatório indica que foram usadas técnicas de imobilização, torção das articulações e uso de algemas, sem lesões aparentes.
No primeiro inquérito instaurado para apurar o caso, os dois policiais que estavam no local foram inocentados e Manoel indiciado por desacato. Os filhos fizeram uma investigação por conta própria, encontraram as imagens do pai entrando saudável na unidade e juntaram com o áudio gravado por ele. O exame de corpo de delito apontou lesão medular causada por objeto contundente, o que teria causado a paralisia.
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O promotor responsável pelo caso, de posse das informações, pediu a denúncia dos militares. "Concluímos o nosso procedimento investigatório criminal, imputando aos dois policiais abuso de autoridade pela algemação indevida e ilícita e contra um dos policiais por ter causado a morte de superior por ter o lançado à parede e ter causado a internação prolongada do idosos", informou o promotor Hélvio Simões Vidal.
A ação está em andamento na Justiça Militar de Minas Gerais. Segundo o órgão, o procedimento segue os ritos garantindo aos acusados direito à ampla defesa e ao contraditório.
A reportagem procurou os dois policiais para comentar sobre o caso. Um deles não respondeu. O outro informou que a PM deveria ser acionada. Em nota, a corporação informou que um dos agentes investigados transferiu-se para a reserva e outro está em atividade administrativa.
Veja detalhes do caso no Domingo Espetacular: