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Polícia investiga assédio sexual em clínica onde engenheira fez plástica antes de morrer em BH

Denúncias foram feitas por ex-funcionárias do local, citando o proprietário da unidade e o filho dele

Minas Gerais|Akemi Duarte, da Record TV Minas


Ex-funcionárias dizem que sofreram assédios na clínica
Ex-funcionárias dizem que sofreram assédios na clínica

Após a morte da engenheira Júlia Moraes Ferro, de 29 anos, em uma clínica de cirurgia plástica localizada na região leste de Belo Horizonte, três ex-funcionárias procuraram o jornalismo da RecordTV Minas para denunciar irregularidades e assédio na clínica.

Elas afirmam que tanto o médico que operou a vítima, quanto o pai dele, já assediaram a equipe. Além disso, denunciam que falta estrutura para o atendimento adequado das pacientes.

Uma das ex-funcionárias, que preferiu não se identificar, entrou com uma ação na justiça trabalhista contra a clínica logo depois que saiu do emprego. Ela afirma que trabalhava mais de 16 horas por dia no local sem direito a almoço. “Já tiveram vezes de a moça circulante da sala abaixar minha máscara e me dar dois biscoitos, porque eu estava morrendo de fome. Eu tive problema de estômago, gastrite, pânico e ansiedade”, conta.

A trabalhadora diz que trabalhava com o dono da clínica, o cirurgião Sebastião Nelson, que já foi presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e que ele usou da posição para fazer ameaças para que ela retirasse o processo. Ela ganhou a ação, mas as denúncias vão além da causa trabalhista.

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A mulher também afirma que foi vítima de abuso sexual por parte do médico. “É uma coisa tão constrangedora, que eu pensei: Será que ele está me examinando, será que quer me examinar?’ Porque até você entender aquilo, que você está sendo assediada, é uma coisa muito difícil de entender”, relata.

“Ele falava: Você quer ter um caso comigo e eu não contar para ninguém, ou não ter um caso comigo e eu falar para todo mundo que você tem um caso comigo?", completa a vítima. A funcionária ainda afirma que as médicas e enfermeiras da clínica também eram vítimas dos abusos e assédios praticados pelo cirurgião.

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Mortes e irregularidade na clínica

Além das violências e ameaças sofridas, a ex-funcionária conta que presenciou duas mortes de pacientes na clínica. "A primeira que eu vi foi uma moça jovem, magra, eu lembro muito bem o dia. Eu lembro do marido falar com ela, de comentar com a gente: ‘queria dar uma viagem para ela, mas ela preferiu fazer essa cirurgia’. Essa cirurgia foi feita numa sexta-feira, e na segunda ele estava operando como se nada tivesse acontecido”, relembra.

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Segundo ela, o local não tinha estrutura para prestar atendimento de emergência e o cirurgião pedia para que seus funcionários não contassem para ninguém sobre as mortes no local. "O elevador da clínica cabia e cabe, eu acredito que seja o mesmo, de duas a três pessoas. Não tem condições de transportar um paciente. Então, se tiver uma emergência, não tem como transferir a paciente de maca", aponta.

Outra irregularidade percebida por quem já trabalhou no local é o fato do cirurgião utilizar equipamentos contaminados e reutilizados nos pacientes."Muitas vezes ele estava fazendo a lipoaspiração no abdômen, principalmente, com a paciente de lado. Ele batia a cânula, encostava em um lugar que não estava esterilizado. Aí, eu falava: "não, tem que trocar essa cânula, doutor" e ele falava: "Não, não, não. Joga um pouquinho de álcool aqui e está bom", diz a ex-funcionária.

Uma segunda ex-funcionária diz que trabalhou com o cirurgião Renato Nelson, filho de Sebastião e responsável pela operação engenheira que morreu no último mês. Ela relata que presenciou por várias vezes condutas inadequadas por parte do médico: "doutor Renato é um médico extremamente grosseiro, mal educado. Assedia moralmente, o tempo inteiro, os funcionários. Ele não dá assistência para a paciente quando ela apresentava um quadro que não é desejável. Existem várias irregularidades na clínica. É uma clínica que deveria ser fechada, interditada, para não acontecer mais uma tragédia como aconteceu com essa moça".

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Renato Nelson é habilitado e possui Registro junto ao Conselho Regional de Medicina. A clínica já é alvo de uma investigação envolvendo assédio sexual contra uma outra ex-funcionária. A ocorrência policial foi feita no ano passado. A vítima trabalhou como técnica em enfermagem e afirma que também foi assediada pelo dono da clínica. A Delegacia Especializada em Investigação à Violência Sexual está apurando a denúncia.

Resposta

Questionada sobre as denúncias de assédio, violação de direitos trabalhistas e também sobre a falta de estrutura, a clínica Sebastião Nelson informou que não irá se pronunciar. A Polícia Civil informou que instaurou inquérito e que diligências estão em andamento para apuração dos fatos.

Procurada, a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte informou que a clínica cumpriu todos os requisitos classificados como críticos e de maior risco, ficando pendentes apresentação de documentos, que se enquadram como itens de menor risco. Nesta situação, o processo de liberação de alvará sanitário permanece em andamento, com as atividades podendo ser realizadas. A pasta informou, ainda, que já estava prevista uma nova vistoria ao local, dentro da programação da vigilância sanitária.

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