O diretório estadual do PSDB de São Paulo formalizou, nesta terça-feira (20), o pedido de expulsão do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). A representação, assinada pelo presidente do diretório paulista Marco Antônio Scarasati Vinholi, argumenta que já é de conhecimento público e notório que o deputado mineiro está sendo acusado de diversas irregularidades.
No texto do documento, Vinholi diz que o fato mais grave é o pedido de recursos ao empresário Joesley Batista.
"O fato, além de sua gravidade, foi divulgado para todo o Brasil por meio de uma gravação realizada pelo interlocutor do representando, sr. Joesley Batista, cujo teor não deixa dúvidas sobre a afronta às regras de ética e disciplina do partido, expondo não só o próprio representado como também o PSDB".
Em 2017, Aécio foi gravado pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F, pedindo R$ 2 milhões, além de ter falado sobre uma possível troca de delegados da Operação Lava Jato. O dinheiro foi remetido ao tucano por meio de malas, conforme ação controlada filmada pela Lava Jato, que consta na delação premiada de Joesley Batista.
O tucano alega se tratar de um empréstimo para pagar advogados. Por causa dessa operação, Aécio é réu por corrupção passiva e obstrução da Justiça.
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Ainda conforme o pedido de expulsão, além do pedido de dinheiro, o documento afirma que "as palavras por ele (Aécio Neves) ditas na gravação, em linguajar vulgar, com manifestações das mais vis como a de colocar em cheque a vida de um familiar, notoriamente atenta contra a imagem do partido".
Na época da gravação, Aécio disse que mandava matar quem o delatasse, em referência ao seu primo, Frederico Pacheco, responsável por carregar as malas de dinheiro.
Ex-homem forte da legenda, Aécio já comandou o partido, já foi governador, senador e quase se elegeu presidente da República em 2014, mas acabou sendo derrotado em segundo turno pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) numa das eleições mais disputadas do país.
O comunicado lembrou ainda que o PSDB foi fundado em 1988 e que o partido tem capacidade de aprender com os próprios erros. O partido afirmou que não vai trocar de nome, pois tem uma história de orgulho.
Segundo o partido, os fatos narrados afrontam regras éticas e de disciplina. De agora em diante, o pedido de expulsão será analisado pela Comissão Executiva Nacional. Se o pedido de expulsão for aceito, Aécio terá cerca de seis meses para se defender.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado e aguarda um posicionamento.