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Técnicas herdadas de tragédias com barragens em MG são usadas em resgates no RS

Bombeiros mineiros replicam no sul do Brasil os conhecimentos adquiridos após colapsos das estruturas em Mariana e em Brumadinho

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Cães mineiros dão apoio na operação no Rio Grande do Sul (Divulgação / Corpo de Bombeiros)

Técnicas inovadoras utilizadas nos resgates de vítimas dos rompimentos das barragens de Brumadinho e Mariana, ambas tragédias ocorridas em Minas Gerais, estão sendo aplicadas na operação de socorro aos atingidos pela enchente histórica do Rio Grande do Sul. As estratégias são replicadas por 28 bombeiros mineiros enviados ao estado gaúcho na última semana.

Porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o tenente Henrique Barcelos detalha que um dos legados da Operação Brumadinho, a maior ação de buscas do país, é o uso de roupas feitas com a borracha sintética conhecida como neoprene. As fardas foram enviadas para a missão humanitária atual.

“Esse é um material tradicionalmente usado em roupas de mergulho e que ajuda a proteger do frio. Ele foi adaptado na operação Brumadinho para ser usado fora da água, já que em áreas de soterramento, a vestimenta não pode ser tão grossa como a de mergulho para não atrapalhar a mobilidade. Assim, temos um material resistente que nos protege tanto do frio quanto de cortes de objetos pontiagudos que podem ser encontrados na lama”, detalha.

Nos primeiros dias após as tragédias com barragens mineiras, os bombeiros eram vistos frequentemente se arrastando pela lama de rejeitos enquanto tentavam chegar até as vítimas. Essa é a estratégia para se locomover sobre terrenos muito úmidos sem se afundar, que também está pronta para ser replicada no sul do país. “A ideia é conseguir aumentar a superfície de contato, deitado, para se avançar no terreno de buscas”, explica Barcelos.

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O auxílio de animais é outro modelo replicado. “Depois de Brumadinho, a gente se especializou em estratégias para não perder os cães durante a operação. Se o Bombeiro não tiver perícia, o animal pode adoecer. E, além disso, nossos cães hoje são certificados”, comentou sobre a ajuda de dois amigos de quatro patas enviados ao Rio Grande do Sul.

Os agentes mineiros chegaram ao Rio Grande do Sul com estrutura suficiente para montar um centro de operações de campanha. Foram mais de 2,5 toneladas de equipamentos para a montagem de dormitórios, salas de reuniões e banheiros. O espaço conta com reservatório de água, ar-condicionado e sistema elétrico. Nas mochilas, os bombeiros garantiram suprimentos capazes de alimentá-los por até 15 dias.

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“Estamos falando sobre militares especializados no Curso de Salvamento em Enchentes, Inundações e Soterramento. Os Bombeiros de Minas Gerais são referência nesse curso. Inclusive, nós recebemos militares de diversos locais do Brasil e de fora do país para receber os treinamentos conosco, devido à experiência que tivemos com as tragédias em barragens”, completa Barcelos.

Operações

Os 28 agentes mineiros enviados para a ação humanitária no Rio Grande do Sul já trabalharam na Operação Brumadinho, que segue ativa mesmo após cinco anos do rompimento da barragem de minério da Vale. Na cidade mineira, cerca de 15 militares ainda trabalham diariamente em busca de três vítimas que seguem desaparecidas.

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A tragédia aconteceu na mina Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019, causando a morte de 270 pessoas. O material da barragem varreu a unidade da Vale e imóveis da região, até cair no rio Paraopeba.

Já a operação de resgate do rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, foi encerrada sem a localização de uma vítima. Ao todo, 19 pessoas morreram soterradas no colapso ocorrido em 05 de novembro de 2015.

O rejeito de minério que estava no reservatório atingiu os rios do Carmo, Gualaxo do Norte e Doce. O material percorreu mais de 600 quilômetros até desaguar no Oceano Atlântico, pelo litoral do Espírito Santo.

No Rio Grande do Sul, os bombeiros mineiros se juntaram aos agentes gaúchos e de outros estados. Lá, até o momento, os mineiros já atuaram nas cidades de Canoas, Bento Gonçalves e São Leopoldo.

O boletim mais recente até a publicação da reportagem apontava que os temporais sucessivos dos últimos dias no Rio Grande do Sul causaram a morte de 85 pessoas.

O boletim do governo gaúcho indicava que 364 das 497 cidades do estado haviam sido afetadas de alguma maneira. A população atingida somava 873.275, o que representa 8% dos 10.882.965 habitantes. Cerca de 20 mil pessoas estavam em abrigos, enquanto o total de desalojados chegava a 129.279.


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