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Tragédia de Mariana (MG): recurso pode tornar ação em Londres mais lenta, alerta advogado

Mineradora BHP Billiton avalia tentar o direito de apresentar recurso contra a continuidade do processo no Tribunal Inglês

Minas Gerais|Bruno Menezes e Pablo Nascimento, da Record TV Minas

Rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), aconteceu em 2015
Rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), aconteceu em 2015 Rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), aconteceu em 2015

A mineradora BHP Billiton, dona da Samarco, informou na tarde desta sexta-feira (8) que pretende recorrer da decisão da Justiça inglesa de julgar a ação contra a empresa referente ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, a 110 km de Belo Horizonte.

Diferentemente do que ocorre no Judiciário brasileiro, o réu precisa solicitar o direito de recurso na corte britânica. O advogado Tom Goodhead, do escritório PGMBM, que representa os atingidos pelo rompimento, avalia que a possibilidade pode tornar o processo mais lento.

"Levando em conta a possibilidade que a BHP apele em corte superior, e ela precisa de uma permissão para apelar, porque não é igual no Brasil, não há direito de apelar direto, essa permissão do direito de apelar ocorreria entre outubro e novembro deste ano. Caso a BHP não apele, o que seria uma decisão mais inteligente, o próximo passo para a gente é apresentar a defesa desse caso o que ocorreria até o início de 2023", explicou.

A ação hoje na corte inglesa cobra R$ 5 bilhões de libras (R$ 32 bilhões na cotação do dia) em indenização, valor que foi definido em 2018. Com os juros e correções monetárias o valor pode ser maior. A própria Justiça Inglesa cita que o Ministério Público estimou que o valor pode chegar a R$ 25 bilhões libras (R$ 160 bilhões na cotação do dia)

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"Esse valor leva em consideração todo o dano sofrido, tanto em âmbito federal, estadual e municipal, indivíduos e meio ambiente. Na ação da Inglaterra, nós apresentamos indivíduos e alguns municípios, além de instituições e pessoas jurídicas. Foi levado em consideração o dano sofrido por cada uma dessas entidades que representamos. Esse valor de 5 bilhões de libras é um valor calculado em 2018 e já sofreu atualizações", explicou o advogado do escritório que representa 200 mil atingidos pelo rompimento.

Acordo

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Advogado representa 200 mil pessoas contra a BHP
Advogado representa 200 mil pessoas contra a BHP Advogado representa 200 mil pessoas contra a BHP

Os advogados da PGMBM defendem que caso a BHP escolha o caminho processual de sentar e negociar valores de reparação o trâmite será mais curto.

"Isso poderia acontecer nos próximos 90 dias. É o que a gente gostaria, não é uma garantia. Está tudo nas mãos da BHP. Ela já deixou essas vítimas sem compensação por sete anos. Caso ela não opte pela coisa certa, que é o acordo, isso ainda pode se estender por mais dois ou três anos. Nós esperamos, de verdade, que a BHP faça a escolha certa", afirmou o advogado.

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Após a decisão desta sexta-feira, a BHP voltou a defender a ilegalidade no processo inglês.

"Revisaremos a decisão e consideraremos nossos próximos passos, o que inclui a possibilidade de requerer permissão para recorrer à Suprema Corte do Reino Unido. A BHP continuará com sua defesa na ação no Reino Unido, a qual acreditamos ser desnecessária por duplicar questões que já são cobertas pelos trabalhos da Fundação Renova em andamento sob a supervisão do Judiciário brasileiro e por processos judiciais em curso no Brasil", declarou em nota.

A empresa anglo-australiana também reafirmou que tem cooperado com a reparação das áreas e povos atingidos. Segundo a companhia, a mineradora desembolsou até hoje R$ 21,8 bilhões e sete valor deve chegar a R$ 30 bilhões até o fim de 2022.

Tragédia de Mariana

Dezenove pessoas morreram após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, a 144 km de Belo Horizonte, no dia 5 de novembro de 2015. Pelo menos 300 famílias ficaram desabrigadas após a tragédia.

A lama também causou grande impacto no meio ambiente. Os rejeitos atingiram o rio Doce e chegaram até o Oceano Atlântico, por meio do litoral do Espírito Santo.

Veja a íntegra da nota da BHP Billiton:

"A decisão divulgada hoje pela Corte de Apelação no Reino Unido reverteu o julgamento anterior da justiça inglesa extinguindo o processo por abuso processual. O julgamento de hoje se refere a questões preliminares referentes ao caso; não é uma decisão relacionada ao mérito dos pedidos formulados na ação inglesa. Revisaremos a decisão e consideraremos nossos próximos passos, o que inclui a possibilidade de requerer permissão para recorrer à Suprema Corte do Reino Unido. A BHP continuará com sua defesa na ação no Reino Unido, a qual acreditamos ser desnecessária por duplicar questões que já são cobertas pelos trabalhos da Fundação Renova em andamento sob a supervisão do Judiciário brasileiro e por processos judiciais em curso no Brasil.

A BHP Brasil reitera que sempre esteve e segue absolutamente comprometida com as ações de reparação e compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão da Samarco. Até hoje, R$ 21,8 bilhões foram desembolsados nos programas de remediação e compensação executados pela Fundação Renova. Até o final deste ano, cerca de R$ 30 bilhões terão sido despendidos em programas de reparação e compensação para os atingidos. Atualmente, mais de R$ 9,8 bilhões foram pagos em indenizações e auxílios financeiros emergenciais para cerca de 376 mil pessoas. Pelo Sistema Indenizatório Simplificado, R$ 6,1 bilhões foram pagos para quase 59 mil pessoas com dificuldade em comprovar seus danos."

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