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Gasolina sintética vai dar sobrevida para os motores a combustão? 

Gasolina sintética: tudo sobre o produto que não emite CO2 e teoricamente poderia salvar motores a combustão 

Autos Carros|Marcos Camargo Jr e Marcos Camargo Jr.


e-Fuel seria a "salvação" para os motores térmicos dos automóveis, motos, picapes e SUVs?
e-Fuel seria a "salvação" para os motores térmicos dos automóveis, motos, picapes e SUVs?

Os combustíveis sintéticos são estudados há pelo menos cem anos e ultimamente têm recebido maior atenção. O motivo? Leis de proibição futura para a venda de carros a combustão em todo o mundo. Nos últimos anos, mais notícias sobre a chamada gasolina sintética (e-Fuel) parecem soar como uma tábua de salvação para os motores térmicos. Mas o que é verdade nessa história?

Usina de metanol no Chile testa viabilidade em larga escala da gasolina 'sintética'
Usina de metanol no Chile testa viabilidade em larga escala da gasolina 'sintética'

De fato, há muitos estudos e notáveis avanços na produção de e-Fuels pelo mundo. Gigantes como a Liebherr, ZF, Bosch, Repsol, Mahle, ExxonMobil e Siemens Energy lideram essa pesquisa enquanto no meio acadêmico há muitos cientistas que são contrários a essa tecnologia. E se existem empresas pesquisando essa tecnologia é porque há no mínimo alguma preocupação com o futuro ou interesse em ter uma solução alternativa à eletrificação. Ou as duas coisas.

Como é feita a gasolina sintética?

A gasolina sintética é extraída a partir do carvão ou também de residuais agrícolas, óleos vegetais e até mesmo pneus velhos combinados com CO₂ da própria atmosfera. Por meio de reação química obtida por eletricidade se obtém o combustível, que é o metanol convertido em gasolina. Mas na disso é novo. O próprio biodiesel adicionado em parte nos motores a combustão já contém misturas de óleos residuais e gorduras animais. 

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Existe outra alternativa que é a ligação de hidrogênio obtido com eletrólise de água e gás carbônico para obter metanol sintético. Com um catalisador, ele é sintetizado para produzir combustível.

E o que mais chama a atenção da gasolina sintética é a questão da sua aplicabilidade. Sua logística não vai depender de mudanças nos postos de combustíveis e todo sistema que já conhecemos. É líquido, transporta-se por caminhão e o motor a combustão aceita a novidade sem adaptações.

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Onde a gasolina sintética é produzida?

Usina chilena no sul da região patagônica
Usina chilena no sul da região patagônica

Existem plantas-piloto de gasolina sintética na Austrália, nos Estados Unidos e no Chile. Hoje se produz cerca de 130 mil litros por ano de combustível sintético. Até 2025 serão 55 milhões de litros, chegando até o fim da década em 550 milhões de litros de gasolina e-Fuel. Mas isso depende também da geração limpa de energia e por isso essas fábricas precisam de energia limpa também: eólica ou solar.

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e-Fuel é estudado com afinco pela Porsche que já aplica o combustível em suas competições
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Porém, a capacidade de produção desse combustível ainda é muito limitada, de custo produtivo elevado e estará longe de abastecer a demanda mundial por gasolina. A Fórmula 1 vai usar combustível sintético a partir de 2025 e a Porsche testa essa solução em seus carros, começando pelas produções limitadas como o 911 GT3 R, recém-lançado. Será um longo caminho.

Construção da usina de metanol no Texas
Construção da usina de metanol no Texas

Da mesma forma, a Europa, que vem se movimentando contra a meta de proibir a venda de carros a combustão a partir de 2030, também não pode contar apenas com combustíveis sintéticos. E, como sabemos, 42% da fonte de energia na Europa é limpa e 58% tem fonte suja. O Reino Unido não faz parte da UE e não vai proibir a venda de carros a combustão interna pelo menos até 2035. Até mesmo a França e a Alemanha se movimentam contra a proibição, a princípio prevista para 2035. Mesmo que seja possível ampliar a produção de e-Fuel na Europa, dificilmente ele vai suprir a grande demanda.

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Claro que o Brasil tem vantagem. Temos etanol desde o fim dos anos 1970 e uma engenharia avançada no desenvolvimento desse combustível. O etanol emite menos da metade de CO₂ em relação à gasolina, o resíduo do etanol vira biomassa e reduz a emissão de carbono em 60%. E um carro atual emite 28 menos poluentes do que um carro produzido em 1980. A tecnologia por si só ajuda a reduzir emissões mesmo em motores térmicos. Sabemos que carros a diesel desregulados é que são os grandes vilões.

Produção de gasolina sintética por meio de reações químicas
Produção de gasolina sintética por meio de reações químicas

Seja como for, a gasolina sintética é uma boa ideia, mas está longe de ser considerada uma substituta da eletrificação. A indústria como um todo já investiu muitos bilhões de dólares em seus esforços no desenvolvimento de modelos híbridos e elétricos, sistemas de baterias mais eficientes e leves, e mesmo que haja limitação para obter minerais usados nessa produção a tecnologia também ajuda em processos mais simples para geração e armazenamento de energia.

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Esse “transatlântico” no mar resulta nas novidades que estamos vendo todos os dias. Pode até demorar mais, porém a eletrificação parece mesmo um caminho sem volta em todos os países, incluindo o Brasil.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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