EUA merecem prioridade — é recado de industriais a Lula em NY
Estoque de investimentos americanos passa de R$ 152 bilhões. CNI e Fiesp reúnem Haddad e cúpula econômica na Bolsa de Nova York
Christina Lemos|Do R7
![O ministro Fernando Haddad: cobrança por manutenção de 'relação estratégica' com os EUA](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/UNKRY6SV5FP5BE5KRK3E2HH3Y4.jpg?auth=627b67755ca6676030d50faf46c12ba60556c82a106f391f5f5229b34d0a751b&width=770&height=513)
O primeiro evento a reunir autoridades brasileiras em Nova York na manhã desta segunda-feira antecede a todos os compromissos oficiais do presidente Lula nos Estados Unidos e embute um recado claro ao governo do petista: para o setores produtivo e financeiro do país, as relações com os EUA devem ser encaradas com prioridade estratégica, pelo “importante impacto na economia brasileira”.
A mensagem está sendo dada durante evento na Bolsa de Valores de Nova York por representantes da CNI e da Fiesp ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a outros integrantes do ministério e à cúpula da gestão econômica do governo Lula.
![Haddad, Marina Silva, Lira e Pacheco estão em NY](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/RSXFBGGAXZL7PA36NRDFE55ARE.jpg?auth=07b71c2a5b81d020c65bb691d807737fd7a14ec40b9410baf46506f2be06d59f&width=442&height=240)
“Embora a China e a União Europeia sejam os principais destinos das exportações brasileiras em termos de valor, o impacto econômico das exportações do Brasil para os Estados Unidos é proporcionalmente mais significativo”, diz documento divulgado pela CNI.
Os industriais também detalham números do impacto da relação comercial com os americanos. “Em 2022, cada R$ 1 bilhão exportado pelo Brasil para o país contribuiu para a criação de 24,9 mil empregos, R$ 545 milhões em massa salarial e R$ 3,6 bilhões em produção por bilhão exportado”.
A preocupação desses setores advém das sinalizações dadas pela política externa brasileira e por movimentos do próprio presidente Lula que denotariam certo distanciamento dos Estados Unidos em favor de maior aproximação da China e, principalmente, na esfera política, da Rússia.
![Robson Andrade, presidente da CNI, também está nos EUA](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/FHMV2FIVNFMA5OFZJ2MDCKS36U.jpg?auth=fef46e8ae2ac82482855c8694408f3353d844386096d5cc0215f91dfaf70f85d&width=299&height=417)
Participam do encontro, além de Haddad, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o das Cidades, Jader Filho, a de Meio Ambiente, Marina Silva.
Mas também estão chamados para o debate com os industriais e representantes dos setores financeiro e produtivo, executores da política de comércio exterior, como Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil — interlocutor direto do Executivo com os exportadores — os mais preocupados com o tema.
“Das vendas externas para o país, em 2022, 78,9% são concentradas em bens da indústria de transformação”, lembram representantes do setor. “O maior impacto das exportações brasileiras para os EUA é motivado pela alta participação de bens da indústria de transformação na pauta exportadora bilateral” — explicam, em documento que antecedeu o encontro.
O estoque de investimentos dos EUA no Brasil em 2021 representou 23,1% do total — o que fez do país o principal investidor no mercado nacional, com um total de R$ 152,5 bilhões naquele ano.
Lula está em Nova York para participar da Assembléia Geral da ONU, onde fará o discurso de abertura nesta terça-feira, seguindo a tradição das reuniões do organismo. Este será o oitavo discurso de Lula como presidente do Brasil na ONU, agora em seu terceiro mandato à frente do Executivo Federal. O brasileiro deve defender uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, com a adesão de países emergentes, entre outros temas.
Veja programa do evento que acontece neste momento na Bolsa de Valores de Nova York:
Painel 1: Transformação Ecológica e Energética: O Brasil e o Mundo
Convidados: Fernando Haddad, ministro da Fazenda; Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Painel 2: Ambiente de negócios
Convidados: Ricardo Lewandowski, presidente do Conselho de Assuntos Jurídicos da CNI; Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU); Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil.
Painel 3: Planejamento, financiamento e infraestrutura
Convidados: Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia; Jader Filho, ministro das Cidades; Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES; David Turk, secretário substituto do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE).
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