Haddad confirma estilo anticonflito e amplia entregas políticas
Ministro da Fazenda engrena segunda fase de mudanças estruturais, com apoio do centro e até da direita
Christina Lemos|Do R7
![Ministro Fernando Haddad: empenho pela
conclusão da mudança nos impostos até outubro](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/Z5FJGRHS6NIY7KTKI3L4XGYEYQ.jpg?auth=b39b755c62de198bb998e72a90c295ffb8fa8541c0171b7356e53ec24f874336&width=1170&height=700)
Aos seis meses de governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, graças a um estilo de ação que lhe permitiu trânsito com os principais players no Legislativo e entre os agentes dos setores produtivo e financeiro, entrega um pacote importante de mudanças estruturais na economia e consolida a imagem de homem forte de Lula. Entre as entregas de Haddad estão a alteração no conceito de gasto público, com avanços na tramitação do arcabouço fiscal, a aprovação da reforma tributária na Câmara e a mudança na sistemática de votação do Carf, o tribunal que dirime conflitos entre o fisco e o contribuinte.
As três difíceis e históricas votações contaram com apoio decisivo da cúpula do Congresso, em especial de Artur Lira (PP-AL), com quem Haddad mantém canal permanente de diálogo e abertura para a flexibilização de posições dentro da equipe econômica. No processo, a atuação do chefe da equipe econômica pavimentou o caminho para a aproximação entre Lira e o presidente Lula, tornando mais frequentes as reuniões e mais fluido o diálogo entre os dois, com impacto direto no apoio do centrão às teses da Fazenda.
O estilo anticonflito do ministro reverteu posições com alto potencial explosivo, seja dentro do PT, quando foi contestado publicamente pela própria presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, seja na crise com o Banco Central de Roberto Campos Neto. No primeiro caso, saiu vitorioso, com manifestação pública de apoio do próprio presidente Lula, a quem convenceu das novas balizas do marco fiscal. No segundo, modulou o discurso do governo contra a autonomia do Banco Central e evitou a ampliação do conflito que envolve a taxa Selic.
Haddad engrena agora a segunda fase de entregas — que pretende ver consolidada até outubro deste ano, com a votação, pelo Senado, da reforma tributária. Na Casa da Federação, onde os governadores têm influência direta, a negociação sairá do varejo e promete ter muito mais foco nos detalhes. A escolha do senador Eduardo Braga (MDB-AM) como relator da matéria revela que o governo se prepara para discussão ainda mais técnica e qualificada.
Ao lado de um aliado estratégico e de trânsito mais fácil, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o ministro ouviu o presidente do Senado enaltecer a estabilidade política como ferramenta para os avanços. “O importante é celebrarmos este momento de estabilidade institucional, de bom alinhamento dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e num clima que interessa ao povo brasileiro: de convergência, de paz e de construção de coisas positivas”, resumiu Pacheco. “Há uma prateleira que a gente deixa de lado — a da desinformação, do ódio, da intolerância, da cultura de divisão, e outra, que é a que interessa para o país, que é a da construção de soluções para a sociedade”, completou o senador.
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