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Conversa de Repórter

A foto que tirei, mas não postei 

É a foto que vai ilustrar essa nossa conversa. Estava esperando para publicá-la no momento em que o Brasil erguesse o caneco. Não vai ser dessa vez. Mas sigo orgulhoso e erguendo a voz pelo nosso País. 

Conversa de Repórter|LUCAS CARVALHO, do R7 e Lucas Carvalho

Daqui a quatro anos estaremos todos, de novo, na mesma vibe e na mesma expectativa
Daqui a quatro anos estaremos todos, de novo, na mesma vibe e na mesma expectativa

Escrevo, exatamente, no dia em que o Brasil jogaria se não tivesse empacado nas quartas de final. Terça-feira, 13 de dezembro. Era pra gente ter enfrentado a Argentina, não eles. Não que sirva de consolo, mas o título também não será da Croácia. A Seleção Brasileira tinha tudo pra chegar à final. Tudo.

Aquele dia foi difícil até pra quem não liga muito pra futebol. Eu, mesmo, sou daqueles que não sofrem muito por time. Vantagens de ser palmeirense (contém uma pitada de sarcasmo aqui). Provocações à parte, eu estou bem longe de ser um torcedor fanático, especialista em análises e palpites. Não tenho nem talento pra jornalismo esportivo.

Mas o que eu quero dizer é que a Copa do Mundo mexe com o sentimento de qualquer pessoa. Mexe com as emoções, com o brilho, com o patriotismo. Naquela sexta-feira, eu estava de folga em Araçatuba, no interior de São Paulo. Estava no melhor lugar do mundo, pra mim, cercado das pessoas que mais amo. Fomos ver o jogo num restaurante com dezenas de araçatubenses vestidos com as cores da Seleção.

Naquele mesmo dia, ainda tinha o casamento de um grande amigo pra ir. Ou seja, acordei pensando que o fim de semana seria incrível. Na verdade, foi. Mas a derrota do Brasil jogou um balde de água fria em todo mundo. É incrível como a energia da partida contaminou a todos. Foi assim do começo ao fim.


No primeiro tempo, quando a Seleção quase nem tocou na bola, era muito nítida a preocupação estampada no olhar de todos. Meu irmão, coitado, fanático como é, cruzava as mãos, beijava o escapulário e fechava os olhos como se estivesse meditando. Minha mãe, mesmo sem entender muito, falava com a televisão, dando palpites. Minha namorada, entendida e apaixonada por esporte, gritava, xingava e metia o bedelho na escalação do Tite. Meu pai, repetitivo em todas as falas, chegava a irritar com o converseiro dele. Eu, hipertenso, gastei toda a minha energia, adrenalina e ansiedade no jogo.

Os comportamentos eram variados, mas todos, absolutamente todos, estavam unidos num só pensamento: ver o Brasil vitorioso. A segunda etapa veio com um time melhor e, já no finalzinho, trouxe um fio de esperança com Neymar. Foi emoção à flor da pele. O restaurante todo, incluindo os garçons, se levantou pra vibrar o gol. Era lindo de se ver. Pena que a alegria durou tão pouco. Durou minutos. Do riso fomos ao choro rapidamente.


Quase uma semana depois, meio que não caiu a ficha ainda. Todos nós sonhávamos com a final e, mais do que isso, enxergávamos um grupo capaz de conquistar a taça. Não era um jogo pra perder. Que fosse com, apenas, um gol, mas era pra vencer. Do Tite, minha única ressalva foi a falta de liderança, sobretudo, quando os jogadores estavam em campo se acabando de chorar. Mas já foi. Ele já foi.

Esperaremos por mais quatro anos. Bem antes disso, conheceremos o novo comandante da Seleção e os possíveis nomes que vão compor o time. O brasileiro sofre, se decepciona, xinga, fala um monte, mas não consegue ficar longe do clima de uma Copa. Não consegue se rebelar por tanto tempo nem abandonar o barco de vez.

Daqui a quatro anos estaremos todos, de novo, na mesma vibe e na mesma expectativa. A foto que eu tirei e não postei vai ilustrar essa nossa conversa. Estava esperando para publicá-la no momento em que o Brasil erguesse o caneco. Não vai ser dessa vez. Mas sigo orgulhoso. Sigo erguendo a voz pelo nosso País.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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