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Conversa de Repórter
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O jornalismo foi o caminho que trouxe Seu Getúlio de volta

Seu Getúlio foi localizado por causa da força do jornalismo da Record. Eu fui só o porta-voz. Não há nada mais gratificante para um jornalista do que saber que parte do seu trabalho pode ajudar alguém de alguma forma. 

Conversa de Repórter|LUCAS CARVALHO, do R7 e Lucas Carvalho


Idoso internado em hospital com pedra no rim some misteriosamente
Idoso internado em hospital com pedra no rim some misteriosamente

Não raro, algumas pessoas costumam me dizer: "Lucas, a gente liga a TV e só vê tragédia". Não há muito o que contestar. É verdade e, sinceramente, lamento muito que seja assim. Se já é difícil acompanhar pela televisão, imagine a nossa situação. O repórter não escolhe pauta. Ele, simplesmente, vai. Chega, olha, sente, testemunha...

Não é fácil ter esse contato diário com notícias tão pesadas. Mas, infelizmente, a vida real é isso. A gente precisa mostrar. No entanto, o que me sustenta é saber que o jornalismo representa muito mais do que isso. Pra mim, a comunicação só faz sentido se for pra mudar a vida de alguém. E, às vezes, isso acontece. É o combustível pra seguir na caminhada.

Semanas atrás, o Balanço Geral da tarde ajudou a encontrar um idoso, de 74 anos, que havia desaparecido da Santa Casa de São Paulo. Seu Getúlio estava internado com pedras nos rins. Ele teria de passar pela avaliação de um urologista e, possivelmente, faria uma cirurgia. Foram dois dias no hospital sendo acompanhado pela filha, Aline. A mulher foi pra casa, descansar, e no dia seguinte, quando voltou pra ver o pai, o aposentado já não estava mais. Seu Getúlio havia recebido alta e nenhum parente foi avisado. O mais intrigante é que Aline não teve acesso a nenhuma informação sobre o paradeiro de Seu Getúlio. Ninguém sabia dizer o que havia acontecido. Eram muitas perguntas e quase nenhuma resposta. Por que deram alta? Quem deu alta? Qual horário? Por que não avisaram os familiares? Cadê o prontuário?

Desesperada, seis dias depois, Aline procurou o jornalismo da Record para pedir ajuda. Fomos ao encontro dela numa delegacia no centro de São Paulo. Chegamos, pontualmente, às 8h da manhã. A entrevista estava marcada para às 8h30. Aline só conseguiu chegar cerca de uma hora depois do previsto. Por causa dos horários do transporte público, a filha de Seu Getúlio teve dificuldades no trajeto. Mas a vontade – e a necessidade, principalmente – era tão grande, que ela não desistiu. Fez questão de contar com a audiência do Balanço Geral.

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Aline não conseguia falar sem derramar lágrimas. Eram dias mais frios, com madrugadas geladas, e a filha não fazia ideia de onde o pai estava. Seu Getúlio costumava ter lapsos de memória por conta da idade e isso a deixava muito preocupada. Aline estava indignada. Ao mesmo tempo, era tomada por uma forte emoção que se misturava com medo, angústia, aflição.

Demos a oportunidade pra ela falar. Aline fez um apelo, pediu a colaboração de quem pudesse dar alguma pista sobre o pai. Na reportagem, mostramos a foto de Seu Getúlio e o apresentador, Reinaldo Gottino, endossou esse pedido. Nós também cobramos um posicionamento da Santa Casa, mas até o horário limite pro fechamento da reportagem não tínhamos recebido nenhuma resposta. Pra variar.

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A matéria foi pro ar. Foram quase 13 minutos dedicados ao assunto. Mostramos, cobramos e oferecemos espaço a uma filha que gritava por socorro. Encontrar o idoso era possível. A esperança era forte e a fé, inabalável.

No dia seguinte, eu estava acompanhando um outro caso – nem me lembro qual, agora. A minha chefe de reportagem, Cris Scaf, mandou uma mensagem dizendo: "Lucas!!! Acharam Seu Getúlio!!!"

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Respondi: "Não acredito!!! Que coisa maravilhosa!!!"

Eu, realmente, estava orgulhoso. Seu Getúlio não foi encontrado por causa de mim. Não. Seu Getúlio foi localizado por causa da força do jornalismo da Record. Só que eu fui o porta-voz. Eu pude ajudar a contar essa história. Não há nada mais gratificante para um jornalista do que saber que parte do seu trabalho pode ajudar alguém de alguma forma. O vídeo abaixo, que eu postei nas minhas redes sociais, é o relato da filha, Aline, ao encontrar o pai:

É isso que compensa quase todos os dias de coberturas trágicas. Às vezes, o jornalismo dá um respiro e mostra, realmente, a que veio. Essa é a recompensa mais valiosa pelo trabalho que a gente faz. Não há dinheiro que pague porque não tem preço. Tem valor, o que é, totalmente, diferente.

Ser repórter de TV não é esse glamour todo que as pessoas pensam. É bem difícil por inúmeras razões. Mas resultados, assim, me fazem persistir na ideia, na missão, na responsabilidade social. Há responsabilidade. Essa é a palavra-chave. Responsabilidade é compromisso. Seja com a notícia, com a verdade, com a apuração bem feita ou com alguém. O jornalismo tem por obrigação transformar vidas, pessoas, conceitos, opiniões. O jornalismo serve pra agregar. É nisso que eu ainda acredito.

Assista à reportagem completa exibida no Balanço Geral

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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