O tenente Ítalo Nunes, que comandou os militares na ação que terminou com as mortes do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro, em abril deste ano, disse em depoimento ao STM (Superior Tribunal Militar) que Luciano estava armado.
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De acordo com o advogado dos réus, Paulo Henrique Pinto, o catador estava com uma pistola automática e teria atirado contra os militares do Exército.
“Luciano é condenado por assalto e tráfico. Nesse específico caso, ele era um dos assaltantes que estava dentro do Ford Ka branco quando os militares chegaram. O carro estava alvejado e com as três portas abertas, indicando que os demais assaltantes teriam abandonado o veículo”, disse o advogado.
A defesa ainda diz que a esposa de Luciano, que também estava no local, teria pegado a arma no chão e escondido na favela do Muquiço, em Guadalupe.
O Ministério Público Militar contesta a versão dos réus dizendo que as imagens de câmeras da região só mostram uma mulher grávida desesperada tentando ajudar o marido ferido.
“Nada nos autos comprovam isso [que Luciano estava armado]. Não existe nenhuma marca de tiro na viatura militar", disse a promotora de Justiça Najla Palma.
Nesta segunda-feira (16) o STM ouviu seis dos doze acusados. Os demais depoimentos serão colhidos na terça-feira (17).
Segundo a perícia feita no carro do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, os militares acertaram 80 dos 257 disparos contra o veículo, onde também estava a família dele.
O catador de recicláveis, Luciano Macedo, de 27 anos, foi baleado ao tentar ajudar a família de Evaldo a sair do carro. Segundo a esposa, o catador procurava pedaços de madeira para construir um cômodo anexo à casa, que serviria de quarto para o filho que eles esperavam.