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Alunos de universidade do Rio levam Brasil a mundial de foguetes

Com 120 instituições inscritas, Uerj é a única representante do RJ na Spaceport America Cup. Campeonato vai ocorrer nos Estados Unidos, em junho

Rio de Janeiro|Juliana Valente, do R7*


Canalle Platinado, lançado no Festival Brasileiro de Minifoguetes em abril de 2017
Canalle Platinado, lançado no Festival Brasileiro de Minifoguetes em abril de 2017

Com quase três metros, o Atom, que vem sendo construído desde setembro passado, é a aposta do GFRJ (Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro) da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) para a disputa da maior competição de foguetes do mundo.

A equipe, composta por 35 alunos de engenharia, física, ciência da computação e pedagogia, vai representar a universidade na Spaceport America Cup.

Com 120 instituições inscritas, a Uerj é a única representante do Rio de Janeiro no campeonato mundial, que vai ocorrer no Novo México, nos Estados Unidos, entre os dias 19 e 23 de junho. Outras três instituições brasileiras também participam da competição.

As fases da competição permitem aos alunos mergulharem no mundo da engenharia aeroespacial. A SA CUP consiste na apresentação do projeto e no lançamento do foguete. As categorias de premiação variam de acordo com a elaboração do projeto do motor, além de prêmios por inovações tecnológicas.

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Projetado para atingir uma distância de 10 mil pés — equivalente a 3.048 metros — o Atom está na fase final de construção. Enquanto realizam testes estáticos do motor, os estudantes correm contra o tempo para arrecadar recursos que viabilizem a participação no campeonato internacional. Para o estudante de Física, Thiago Espírito Santo, de 21 anos, essa competição é uma chance de mostrar ao mundo que, mesmo sem ter no Estado uma referência na engenharia aeroespacial, o grupo conseguiu juntar interessados em produzir uma experiência de ponta.

— Somos a primeira equipe da Uerj a sair do país para alguma competição e participar com as melhores faculdades do mundo, onde a população é fascinada pela engenharia aeroespacial. Conquistamos tudo isso sem ter nenhuma referência no Estado para a área. Estamos realmente produzindo conhecimento do zero.

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O presidente do GFRJ, Wallace Rosendo, de 23 anos, ressalta que a maior dificuldade enfrentada pelo projeto é a falta de infraestrutura da Uerj.

— É um desafio enorme. Estamos em uma fase onde os recursos são escassos e, por isso, precisamos nos adaptar a uma realidade que exige maior procura por materiais e ferramentas para alinhar com o que há de melhor entre as universidades de todo o mundo.

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Além de buscar empresas parceiras, o grupo organiza rifas e pretende ministrar minicursos para conseguir verbas. Com 2.000 curtidas, as redes sociais do GFRJ são usadas pelos estudantes para a divulgação de conhecimentos e apresentação da iniciativa.

Equipe GFRJ é composta por 35 alunos
Equipe GFRJ é composta por 35 alunos

Fundado no dia 7 de abril de 2016, o grupo se autodenomina como um núcleo de resistência na Universidade e que tem como objetivo principal a contribuição para o desenvolvimento do cenário aeroespacial brasileiro. Criado em meio a maior crise da história da Uerj, o GFRJ, formado por voluntários, presenciou a desistência de muitos integrantes. Thiago conta que, como os estudantes não tinham aula, muitos ficaram desmotivados.

— O grupo começou e se estruturou bem no início da maior greve da Uerj. Muitas pessoas saíram da faculdade, não tinham aula, não recebiam e ficavam muito desmotivadas em permanecer na equipe. Tivemos que tirar dinheiro do nosso próprio bolso para manter o projeto. Em contrapartida, temos integrantes que só ficaram na universidade por causa do GFRJ.

Segundo Wallace, o GFRJ funciona de maneira colaborativa, onde os estudantes desempenham diferentes funções.

— Dividimos a equipe em grupos menores e cada um fica responsável por uma parte do foguete. Ao final de cada prazo, as equipes precisam apresentar seus relatórios. Durante a construção são feitos testes para compararmos o que foi produzido com o planejado. Em seguida, testamos o foguete em voo para verificarmos se será possível obter sucesso na missão. Depois disso, nos preocupamos com o descarte do material que não será mais usado.

Além de contribuir para o desenvolvimento aeroespacial brasileiro, Thiago ressalta a importância do projeto em difundir uma área pouco valorizada no país.

— Estamos nos tornando referência no assunto. Colégios de todo o Brasil pedem a nossa presença para ensinar e iniciar com os estudantes projetos similares. Muitos alunos do Ensino Médio se interessam pela área, mas não têm contato e não sabem o que está sendo produzido no Brasil.

O GFRJ realiza, uma vez por mês, uma oficina de construção de foguetes no Centro Educacional Batista, em Casimiro de Abreu, no interior do Estado. O objetivo é que, até o final do ano, os 70 inscritos estejam qualificados a produzir um foguete com 500 metros de alcance. Para Wallace, que sonha em ser professor, a oportunidade de capacitar os alunos é gratificante.

— Os jovens de Casimiro têm grande interesse no aprendizado e são esforçados, mesmo tendo como desafio diário o limite de recursos. É extremamente motivante ver jovens de ensino médio e fundamental, imbuídos numa economia rural, buscar na engenharia aeroespacial a realização de um sonho.

Interessados em apoiar o projeto devem entrar em contato pelo gfrj.rio@gmail.com ou pela página no Facebook Grupo de Foguetes Rio de Janeiro.

*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa

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