Dados foram divulgados no Dia Internacional da Mulher
Luis Alvarenga/ Governo do Rio/ 08.03.2023As autoridades policiais fluminenses registraram 36,8 mil casos de violência psicológica contra mulheres no estado do Rio de Janeiro, em 2021. A informação está no "Dossiê Mulher 2022", que traz dados de violência contra a mulher no ano anterior e que foi divulgado nesta quarta-feira (8) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão do governo fluminense responsável pela produção de estatísticas criminais.
O número referente a 2021 representa um aumento de 18,15% em relação a 2020 (31,1 mil casos). Essa é a primeira vez que esse grupo de crimes supera o de violências físicas, desde 2014.
Os crimes de violência psicológica incluem, por exemplo, ameaças, constrangimentos ilegais e registros não autorizados da intimidade sexual. Duas novas tipologias criminais também foram incluídas no Código Penal em 2021 e começaram a ser registradas pelo "Dossiê Mulher": os crimes de perseguição e de violência psicológica propriamente dito.
O crime de violência psicológica propriamente dito consiste, por exemplo, em causar dano emocional à mulher, que a prejudique. Foram registrados 666 casos no estado em 2021.
“É muito comum, quando a gente lê os registros, a gente ver exemplos do homem que o dia inteiro diz que a mulher não serve mais para nada, que, se ele largar ela, ninguém mais vai querer. Isso vai minando o amor-próprio da mulher e faz com que ela se torne mais envolvida no ciclo da violência”, afirmou a presidente do ISP, Marcela Ortiz.
Já o crime de perseguição afetou 604 mulheres. Também conhecido pela palavra da língua inglesa stalking, consiste em perseguir alguém de forma incessante, com ameaça à integridade física e psicológica da vítima, além de invadir sua privacidade e liberdade. As mulheres representaram 96% das vítimas desse tipo de crime no Rio de Janeiro em 2021.
Segundo o "Dossiê Mulher", 87,1% dos perseguidores eram companheiros ou ex-companheiros. Cerca de 59% dos casos ocorreram na residência das vítimas.
“É uma forma de violência na qual o sujeito invade repetidamente a esfera da vida privada da vítima, de forma a restringir sua liberdade ou atacar sua privacidade ou reputação. O resultado é um dano temporário ou permanente [na vítima]. Engana-se quem acha que esse tipo de lesão é menos grave que as lesões físicas, porque muito possivelmente vão acompanhar as mulheres para o resto de suas vidas”, destacou Marcela Ortiz.
O "Dossiê Mulher" reporta ainda que 109,2 mil mulheres foram vítimas de violência em 2021, das quais quase 35 mil sofreram violência física (assassinatos e lesões corporais).
Entre os casos de violência múltipla, 36% envolviam violência moral (crimes de injúria, calúnia e difamação) e psicológica, 22,8%, violência física e psicológica, e 13,8%, física e moral.
Também houve o registro de 85 casos de feminicídio, cometidos em grande parte por pessoas conhecidas. Segundo o dossiê, 80% dos assassinatos foram praticados por companheiros ou ex-companheiros das vítimas.
Além disso, foram registrados 6.255 casos de violência sexual (estupro, tentativa de estupro, assédio sexual, importunação sexual etc.) contra mulheres, um aumento de 10,8% em relação a 2020. Nos 4.429 casos de estupro, mais de dois terços das vítimas em 2021 tinham menos de 18 anos. As crianças de até 11 anos somaram 43,3% dos casos.