Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Em SP, gestão Doria-Covas registra aumento de queixas sobre lixo

Zeladoria é uma das principais bandeiras do mandado tucano. Cidade, que tem 12 milhões de habitantes, conta com apenas 104 mil lixeiras

São Paulo|Plínio Aguiar, do R7

Na fotografia, lixo na rua Santo Antônio do Pirapetinga, em São Paulo
Na fotografia, lixo na rua Santo Antônio do Pirapetinga, em São Paulo Na fotografia, lixo na rua Santo Antônio do Pirapetinga, em São Paulo

“O abandono da cidade de São Paulo vem acontecendo há muito tempo. Nessa gestão, parece que está pior. Uma viela ao lado da minha rua virou um depósito de lixo”, conta a dona de casa Maria do Carmo, de 71 anos, moradora da Vila Madalena, na zona oeste da capital paulista.

A percepção que Maria tem sobre as ruas e avenidas da capital paulista não fica somente nos sentidos. Em 2017, o canal 156 da Prefeitura de São Paulo recebeu 733.272 reclamações. Dessas, 12.929 eram sobre lixo. No ano seguinte, em 2018, 751.148 queixas foram feitas, sendo 14.416 a respeito de varrição — os dados resultam em um aumento de 1.487 reclamações.

Leia mais: Prefeitura de SP reduz R$ 156 mi de verbas para obras contra enchente

Iniciada em 2017 por João Doria, hoje governador do Estado, e assumida por Bruno Covas no ano seguinte, a gestão tucana à frente da maior prefeitura do país tem visto os números de queixas de munícipes aumentar desde que assumiu o posto. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram feitas 309.687 queixas – dessas, 5.147 sobre lixo.

Publicidade

“Tem lixo por todo canto. A pessoa liga para o 156 e, no prazo de 72 horas, limpam. Mas é só assim que funciona o serviço da prefeitura. É preciso ligar e avisar que tem que limpar”, protesta a dona de casa.

Veja também: Primeira chuva após 28 dias leva lixo, galhos e até móveis ao Tietê

Publicidade

A reportagem do R7 percorreu vias da capital paulista na segunda-feira (22) e constatou ruas e avenidas mergulhadas em lixo. Inajar de Souza, por exemplo, é uma das principais vias da zona norte, por ligar os distritos Freguesia do Ó, Brasilândia e Cachoeirinha, e está contaminada por diversos pontos de resíduo.

Lixo na praça Benedito Durval Pestana Barbosa, em São Paulo
Lixo na praça Benedito Durval Pestana Barbosa, em São Paulo Lixo na praça Benedito Durval Pestana Barbosa, em São Paulo

Produto de limpeza, copo de requeijão, partes de ventilador, tênis, pneu, sacos de carvão, caixas de cigarro, roupas, sacos plásticos, madeira, cabide, cano de vassoura, além de mato alto. Esses são os componentes que integram a visão daqueles que percorrem a praça Benedito Durval Pestana Barbosa, na zona norte. O local foi alvo de revitalização não por Covas, mas pelas mãos do grafiteiro Joks Johnes. Em 2013, o artista desenhou a Estátua da Liberdade, caída, em uma das paredes que cercam a praça. Hoje, o lixo tampa parcialmente a imagem. “É uma situação ruim e que vem acontecendo com frequência. São espaços que não são apropriados por ninguém, e aí vem o grafite trazendo vida e revitalização. E a prefeitura que tinha que limpar a área, não limpa”, diz o artista.

Publicidade

Confira: Sob gestão Doria e Covas, queixas de buracos superam 200 mil em SP

“A zeladoria é o cartão de visita da cidade. Significa, de certa forma, ganho político para o prefeito, por isso a maioria dos administradores coloca a área como uma das marcas da gestão”, explica o professor de Direito Administrativo e Chefe do Núcleo Temático de Direito do Estado da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie Antônio Cecílio Moreira Pires. “Além disso, é uma questão de ordem social, de saúde.”

Apesar de ter reconfigurado o Plano de Metas que o seu antecessor havia feito, Covas manteve a zeladoria como uma das principais bandeiras da gestão. Diz que triplicou o orçamento para este tipo de intervenção, passando de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão. No entanto, é pouco para a dona de casa Maria do Carmo, que rebate dizendo que a área carece de mais atenção. “São coisas mínimas, pequenas, as quais eles poderiam cuidar para deixar a cidade mais bonita, mas não fazem”, acrescenta. São Paulo, que possui 12 milhões de habitantes, conta, atualmente, com apenas 104 mil lixeiras. Ainda assim, coleta-se, por dia, oito mil toneladas de resíduos de varrição, entulho, feira, papeleiras e saúde.

Calçadas de ruas de São Paulo são transformadas em tapete de lixo
Calçadas de ruas de São Paulo são transformadas em tapete de lixo Calçadas de ruas de São Paulo são transformadas em tapete de lixo

Contrato licitatório

Desde 2014, o contrato de licitação com empresas pelos serviços de limpeza havia encerrado e os então prefeitos haviam prorrogado o acordo para não interromper o programa. No entanto, em março deste ano, a Prefeitura de São Paulo celebrou a assinatura do acordo e estima uma economia de R$ 648 milhões durante os três anos de vigência.

Confira: Empresas dão desconto de R$ 170 mi no serviço de varrição em SP

A licitação foi acompanhada por dois órgãos: o TCM (Tribunal de Contas do Município) e MP-SP (Ministério Público de São Paulo), uma vez que a Justiça chegou a proibir, em janeiro, o andamento do acordo, mas liberou logo em seguida.

Para ampliar a concorrência da licitação, o órgão dividiu a cidade em seis áreas, os chamados lotes. A estratégia, segundo a prefeitura, de dividir em lotes e somente uma empresa trabalhar em cada um estimula a competitividade. “Logo foi possível ampliar a concorrência e, assim, garantir o melhor preço, junto com a qualidade de serviço”, diz, em nota. Os contratos emergenciais de varrição, portanto, foram encerrados.

“Essa é uma das ações em que a autarquia investiu para diminuir o número de reclamações, que são monitoradas constantemente”, argumenta em nota. “Além disso, está sendo elaborado uma nova tecnologia de monitoramento e fiscalização dos serviços de limpeza.”

A administração informou, ainda, que estão sendo intensificados os serviços de varrição, capinação, limpeza, pintura de guia, pode de árvore, limpeza mecanizada de córrego, limpeza de galeria, alinhamento de poço de visita, trocas de tampas de bueiro e as demais ações de zeladoria, além do serviço de tapa-buracos. “Para o próximo biênio, serão investidos R$ 3,4 bilhões no total apenas para manter a cidade limpa”, diz.

Por fim, anuncia que as empresas passam, na nova licitação, a enviar os resíduos às cooperativas e às centrais mecanizadas, bem como a operação de pátios de compostagem, aumento de varrição mecanizada, fiscalização com utilização de ferramentas de tecnologia e utilização desses dados para melhoria da gestão de resíduos.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.