Entidade da PM critica Doria e Covas por atuação em comunidades de SP
Defenda PM quer ações de governo estadual e prefeitura para reduzir necessidade operações da tropa em bailes funk da capital paulista
São Paulo|Cesar Sacheto, do R7
O secretário-geral da Defenda PM (Associação dos Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar), Ernesto Puglia Neto, questionou a falta de políticas públicas em conjunto entre a prefeitura paulistana e o governo estadual em comunidades periféricas da região metropolitana da capital.
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O coronel da reserva acrescentou que a ação da administração pública na fiscalização dos eventos reduziria a necessidade de operações da tropa nos chamados pancadões, como aquela que terminou com a morte de nove jovens no baile da Dz7, em Paraisópolis, no dia 1º de dezembro. Puglia Neto também criticou diretamente o governador do Estado, João Doria (PSDB), pelas declarações após os episódios.
"Governador, pare de jogar a culpa pelo que aconteceu [no Baile de Paraisópolis] na Polícia Militar e comece a articular com a prefeitura para evitar que isso se repita. Pois, do jeito que está, parece que o governo quer que a PM faça segurança para que o baile funk ocorra, permitindo dessa forma, a ocorrência de todos os crimes que sabidamente ocorrem nesse ambiente", afirmou Puglia Neto.
De acordo com dados da corporação, a Polícia Militar, entre janeiro de 2018 e novembro de 2019, quase 70 mil bailes funk no Estado. No mesmo período, foram realizadas mais de 700 operações da PM, resultando em cerca de 180 pessoas presas ou apreendidas; mais de 50 fugitivos recapturados e 23 toneladas de drogas confiscados, além de veículos roubados e armas de fogo apreendidos, entre outras infrações.
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"Nesse final de semana não foi diferente. Inclusive em Paraisópolis. A mesma Polícia Militar, acusada de truculência e excessos, permaneceu fazendo segurança para o baile funk nas imediações do evento, realizando abordagens e prevenindo o crime, como fez em todas as ocasiões em que não teve o apoio dos demais órgãos para evitar que a bagunça se instalasse" complementou o integrante da Defenda PM.
Ernesto Puglia Neto considerou injustas as acusações de truculência e abusos em relação às abordagens da PM nos pancadões, feitas por representantes da sociedade e entidades dos direitos humanos. Ele também desaprovou o trabalho de entidades de direitos humanos e do Ministério Público na prevenção de crimes e outros excessos por parte de participantes dessas festas.
"Conselho Tutelar, responsável pela fiscalização da presença de menores de idade desacompanhados de pais ou responsáveis naquele ambiente sabidamente vulnerável. O Ministério Público, responsável pela fiscalização de outros órgãos públicos. E a CET [Companhia de Engenharia de Tráfego], responsável pela fiscalização da interdição de vias", apontou.
Puglia Neto, especialista em direitos humanos, consultor internacional em gestão e liderança, disse esperar que os órgãos públicos cumpram o papel que lhes cabe para não sobrecarregar a Polícia Militar e demais forças da segurança pública.
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"Cabe salientar que parece que a Subprefeitura começou a se mexer e a assumir suas funções. A GCM [Guarda Civil Metropolitana] também esteve por lá [em Paraisópolis], apoiando as ações. Às vezes, é necessária uma tragédia para vermos os órgãos assumirem suas responsabilidades. A pergunta que fica, porém, é porque não estavam ali antes? Será que não poderiam ter evitado o resultado trágico de 1º de dezembro?", finalizou o coronel da reserva da PM.
Outro lado
Em resposta às críticas da associação Defenda PM, a assessoria do governo estadual enfatizou algumas medidas que João Doria têm tomado para reiterar o seu compromisso de transparência para as investigações em andamento, como a reunião com os familiares de vítimas do Baile da Dz7
Doria reafirmou o comprometimento do governo de São Paulo para que as investigações das mortes sejam transparentes e rigorosas, com acompanhamento de órgãos independentes de fiscalização, como o Ministério Público e a Defensoria Pública.
Participaram do encontro os secretários da segurança pública, desenvolvimento social, desenvolvimento econômico, habitação, casa militar, secretaria particular e comunicação, além da secretaria de governo e Fundo Social de São Paulo, entre outros.
Já a Prefeitura de São Paulo, em nota enviada anteriormente à reportagem do R7, havia elencado e detalhado uma série de serviços oferecidos pela administração municipal em áreas como: educação, saúde, cultura e lazer.