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Após as denúncias de estupro em festas e eventos estudantis da FMUSP (Faculdade de Medina da Universidade de São Paulo) e de práticas abusivas em trotes da USP, alunas da instituição marcaram presença para receber as calouras nesta quarta-feira (11)
Reportagem: Mariana Queen Nwabasili, do R7Montagem R7
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As integrantes do coletivo feminista Geni, criado em 2013 por alunas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) recepcionaram as alunas recém-ingressas com um estande montado no porão, espaço de convivências dos alunos. Para as integrantes do grupo, os casos de estupro na faculdade são sintomáticos de uma sociedade machista
Mariana Queen/ R7
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Marina Pikman, à direita, estudante do 4º ano de medicina e uma das fundadoras do coletivo, conta que algumas coisas mudaram após a série de denúncias de casos de estupro dentro da faculdade.
— Agora, está funcionando um centro institucional de acolhimento às vítimas [...] Também está mais fácil de pautar as questões sobre machismo [...] Antes éramos totalmente ignoradas, mas agora estão nos ouvindo. Os organizadores do Show Medicina e da atlética estão sendo mais diplomáticos com e gente e seus membros não nos xingam mais pelas redes sociais, como aconteciaMariana Queen/ R7
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Segundo a estudante, a Intenção do coletivo feminista Geni é ser um espaço de “acolhimento” e “empoderamento” para as calouras.
— Para o início das aulas, queremos fazer uma aproximação com o grupo de atendimento a vítimas de assédio sexual do HC [Hospital das Clínicas], além de criar e distribuir um material para falar sobre a cultura do estupro e sobre a mulher na universidadeMariana Queen/ R7
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Fernanda Estevan; Ludimila Masiero; Yumi Kicucci, veteranas do curso de medicina; Luiza Ribeiro e Giovanna Coelho, estudantes da Fofito (Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional), também organizaram-se para receber as alunas recém-ingressas. “Preparamos um ‘kit-bicho’ com bloco de anotações e manual do calouro”, conta Luiza
Eduardo Enomoto/ R7
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Segundo a estudante da Fofito, que tem apenas algumas aulas na FMUSP, a polêmica envolvendo os trotes universitários é algo que está sendo comentado entre os calouros.
— Ninguém se sente confortável sabendo dessa polêmica. Mas acho que tem dois lados da história. Escutei falar que os trotes são feitos por grupos específicos e isso acabou sendo abordado como algo generalizado. Hoje, não me sinto confortável em falar disso nem fora da faculdadeEduardo Enomoto/ R7
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Para Fernanda, aluna do 2º ano de medicina e membro da atlética, a recepção de calouros na FMUSP sempre foi boa.
— Nos dois dias de matrículas, nós da atlética estamos pensando em conversar com os pais. Queremos falar que o ambiente é tranquilo [...] Não queremos que ninguém se sinta oprimido [...] Nenhum aluno passa por nenhuma humilhação. Não toleramos isso. Os calouros chegam aqui perguntando se vamos pintar eles e cortar os cabelos deles e nós respondemos que eles vão sair da matrícula do jeito que entraramEduardo Enomoto/ R7
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Yumi, também estudante do 2ª ano de medicina, diz que a polêmica dos trotes e das festas foi “amplificada pela mídia”.
— Isso não significa que as reportagens deram importância exagerada para a questão, porque estupro é algo muito sério. Mas acho que as práticas são pontuais, feitas por grupos específicos da faculdade [...] Eu me sinto muito segura dentro da faculdade. Acho que tudo depende dos ambientes que você frequenta aqui dentroEduardo Enomoto/ R7
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A importância do diálogo com a família em meio a polêmicas foi destacada por Fernanda, aluna do curso de medicina.
— Acho importante falar com os pais, porque eles estão assustados. Eu, como filha, converso com os meus pais para passar segurança para eles. Esclareço que nunca sofri nenhuma assédio dentro da faculdadeEduardo Enomoto/ R7