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Incêndio em museu revela barreira para equilibrar segurança e história

Consultora do Museu da Língua Portuguesa em SP afirma que ainda há dificuldade em adequar condições de segurança em edifícios históricos

São Paulo|Fabíola Perez, do R7


Fachada do Museu da Língua Portuguesa em SP, um dos mais visitados do País
Fachada do Museu da Língua Portuguesa em SP, um dos mais visitados do País

O incêndio que destruiu o acervo histórico do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, no domingo (2), trouxe à tona processos de reconstrução de outros patrimônios que também tiveram parte de suas construções e memórias destruídas pelo fogo. Exemplo disso é o Museu da Língua Portuguesa, no bairro da Luz, em São Paulo.

Um dos mais visitados em todo o País, o Museu da Língua Portuguesa foi atingido por um incêndio em dezembro de 2015. A semelhança com o Museu Nacional no Rio, segundo a professora de arquitetura e urbanismo da USP (Universidade de São Paulo), Rosaria Ono, é a necessidade de se equilibrar a preservação histórica com a manutenção da segurançanesse tipo de patrimônio.

Em espaços como esses é comum que burocracias, decorrentes de processos de tombamento, sejam empecilhos para a instalação de equipamentos tecnológicos necessários para reduzir riscos. Para a arquiteta, ainda existe grande resistência de prevenção, adequação e manutenção das condições de segurança nesses edifícios. “No caso do Museu da Língua Portuguesa optou-se pelas mudanças para não deixar o prédio vulnerável.”

Em 2015, incêndio destruiu acervo digital do museu
Em 2015, incêndio destruiu acervo digital do museu

A diferença entre o Museu da Língua Portuguesa e o Museu Nacional é que a parte queimada do acervo do primeiro eram arquivos totalmente digitalizados e, por isso, possíveis de serem reconstruídos. No caso do Museu Nacional, pesquisadores que atuam no espaço falam em perdas irreparáveis para a identidade e história nacional.

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Rosaria, que também é consultora de segurança do projeto de reconstrução do Museu da Língua Portuguesa, explica que o planejamento prevê quatro anos para que o espaço seja reconstruído e reaberto. A previsão para conclusão é dezembro de 2019.

Embora ainda seja difícil prever como e quanto tempo levará a reconstrução da parte possível e digitalizada do acervo do Museu Nacional, a professora de arquitetura da USP estima que seja necessária, pelo menos, uma década para remontar as partes destruídas do palácio e do acervo.

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Semelhanças e diferenças

Especialista prevê 10 anos para reconstruir parte do acervo
Especialista prevê 10 anos para reconstruir parte do acervo

O cronograma de reconstrução do Museu da Língua Portuguesa cumpriu quase quatro das nove etapas programadas. Foram concluídos até setembro deste ano o projeto de reconstrução da fachada, restauração da cobertura e a obra para restauração da fachada.

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Na avaliação da arquiteta, o período de quatro anos para a reconstrução é um período razoável. “Era um museu digital, com muito material multimídia”, diz.“A perda maior foi por ser um dos mais visitados do Brasil”, completa.

Uma semelhança presente tanto no espaço do Museu da Língua Portuguesa quanto no Museu Nacional é, segundo a consultora, a falta de compartimentação de espaços. “Estamos falando em espaços de mais de 700 metros quadrados. Separar ambientes colocando barreiras verticais e horizontais evita que o fogo se alastre.”

Outra solução que será utilizada para o projeto de reconstrução do Museu da Língua Portuguesa é a instalação de chuveiros automáticos. “São saídas de ar espalhadas por todo o pavimento. Com o calor detectado, esses chuveiros soltarão a água”, explica.

Segundo ela, os maiores museus do mundo, como o Louvre, em Paris, e o British Museum, em Londres, foram adequados no que se refere à segurança. “É necessário trabalhar com a prevenção e o incêndio do museu no Rio mostra a necessidade de avaliar melhor a manutenção em edifícios históricos”, alerta.

A assessoria do Museu da Língua Portuguesa informou, por meio de nota, que atualmente está em curso a licitação para as obras de interiores, que têm previsão de início em setembro. Na sequência, terá início a instalação da museografia.

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