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PM que matou adolescente que ia comprar bolacha vai a júri popular

Luan Gabriel de Souza foi baleado na nuca. Em 2017, policial alegou que atirou para se defender. Arma do jovem não foi localizada

São Paulo|Laura Lourenço e Edilson Muniz, da Agência Record

PM que matou adolescente que ia comprar bolacha vai a júri popular
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Foi marcado para 29 de março de 2022 o julgamento do policial militar Alécio José de Souza, acusado de balear e matar Luan Gabriel Nogueira de Souza, de 14 anos.

O crime aconteceu em 5 de novembro de 2017, quando o adolescente estava saindo de casa para comprar bolachas em um supermercado em Santo André, na Grande São Paulo, e foi baleado pelo policial na região da nuca. Na época, o PM alegou que atirou contra Luan para se defender, pois o jovem estaria armado e teria disparado primeiro.

O policial responde pelo crime em liberdade e o julgamento será conduzido pela juíza Milena Dias, no Fórum de Santo André, localizado na Praça IV Centenário, na região central da cidade.

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O caso

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Era tarde de domingo quando Luan acordou, beijou a mãe sem ter escovado os dentes e foi para a rua comprar bolachas antes do almoço. Luan não voltou para comer o bife à parmegiana que a mãe tinha feito. Esse era um dos pratos favoritos dele, de acordo com a cozinheira hospitalar Maria Medina, mãe do adolescente.

O menino morreu depois ter sido baleado na nuca por um policial militar na Travessa Sete, no Parque João Ramalho.

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Segundo a Polícia Civil, Luan tinha participado de um furto a uma moto Honda/CG/125 vermelha no pátio de apreensão de veículos da Prefeitura de Santo André. Em patrulhamento, os policiais militares teriam visto o veículo sendo desmontado por jovens. Os policiais teriam, então, se aproximado dos suspeitos com a viatura, e eles correram.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, na fuga, "um deles (de cor parda, 1,70m, magro, idade aparente de 20 anos, trajando bermuda), que empunhava um revólver calibre nominal .38, disparou contra os militares". Para se defender, o cabo Alécio José de Souza teria disparado três vezes contra o atirador. A versão da família é outra.

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O R7 acompanhou o velório do adolescente. De acordo com a mãe, o filho foi vítima de uma injustiça: "Meu filho não é bandido, meu filho não usa drogas, ele simplesmente estava passando em um lugar. Ele tinha medo de barata! Como ele estava com uma arma igual à que eles falaram? É mentira da polícia".

Maria Medina diz ainda que, após cinco minutos da saída do filho, ficou sabendo que policiais tinham baleado e matado uma pessoa. Segundo ela, seu "coração de mãe" já tinha sentido que a vítima era Luan. "Eu quero justiça, para isso não acontecer com outras mães", afirma.

A mãe diz ter reconhecido o filho a distância, pois a polícia não permitiu que ela chegasse perto do adolescente. "A gente viu o corpo de uma laje da casa da minha sobrinha. Eu reconheci meu filho pelo solado do tênis dele, porque o corpo estava todo coberto. Quando a perícia saiu, o vento descobriu o plástico e aí eu vi o rosto do meu filho. Eu ainda tinha esperança de que não era meu filho. Se eu tivesse impedido..."

De acordo com o boletim de ocorrência, nenhuma arma foi encontrada com Luan.

Segundo Maria do Carmo, tia do adolescente, ele era um menino caseiro, tímido, medroso e que sonhava em ser médico. "A cunhada dele faz faculdade de medicina e ele colocava o jaleco dela e falava: 'Eu vou ser igual você. Eu vou salvar vidas'", lembra.

Luan, segundo a tia, sempre dizia que nunca ia correr da polícia em uma abordagem, porque "não devia nada".

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