Policiais Civis do 1º Distrito Policial de Carapicuíba, na Grande São Paulo, prenderam nesta quarta-feira (23) mais dois integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) que participavam do Tribunal do Crime da facção.
Após investigação, foi descoberto um terreno de 46 mil metros quadrados em uma região de mata fechada, próximo à rua José Guardino, no Parque Primavera, usado para desovar corpos de pessoas julgadas pela facção. Uma das vítimas encontradas no local foi a escrivã de polícia Liliane Julia do Nascimento.
Os policiais cumpriram o mandado de prisão com base na quebra de sigilo telefônico de aparelhos apreendidos com Mauro dos Santos Oliveira, conhecido como "Rincon", suspeito de ser o executor da escrivã. Ele foi preso no último dia 3.
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As equipes conseguiram localizar, na Favela do Chiclete, em Carapicuíba, Paulo Liodorio de Aguiar, conhecido como "Véio", de 42 anos. Ele confessou ser o responsável pela abertura das covas onde as vítimas do Tribunal do Crime eram enterradas. Na casa do suspeito, os policiais encontraram 18 munições de pistola calibre 9 milímetros.
Ainda em diligências na Vila Dirce, os policiais localizaram Francisco de Oliveira Silva, de 46 anos, conhecido como "Xico". Segundo a polícia, ele cuidava das armas dos integrantes da facção. Na residência foram localizados um revólver calibre 38, uma espingarda calibre 28, um simulacro de pistola semiautomática, além de 60 munições.
De acordo com as investigações, as armas foram utilizadas em diversos homicídios e pertenciam a Renan Peixoto de Araújo Inforzato Fanale, conhecido como "O irmão da morte", preso no dia 16 em Praia Grande, litoral de São Paulo.
Além das armas, os policiais encontraram imagens chocantes das vítimas, já dentro das covas, no cemitério clandestino no Parque Primavera.
Morte da escrivã
Uma das cinco vítimas encontradas no cemitério clandestino utilizado pelo PCC era a escrivã da Polícia Civil alocada no 14° Distrito Policial, em Pinheiros.
Segundo o delegado Marcelo Prado, responsável pelas investigações, Liliane foi a primeira vítima a ser encontrada no cemitério, durante buscas em 24 de janeiro. O laudo pericial mostra que a mulher sofreu diversas facadas pelas costas e quase foi decapitada.
A policial morava sozinha na casa da família em Jandira, no município vizinho, e estava desaparecida desde 5 de janeiro. Foram os vizinhos que notaram a falta de Liliane. Os parentes se deslocaram até o endereço e encontraram a casa revirada.
Câmeras de segurança de um imóvel próximo registraram a última saída da policial. A agente estava afastada do serviço para tratamento médico após sofrer uma lesão devido a um atropelamento.
De acordo com o delegado, o caso é agora tratado como homicídio. Em razão da crueldade apontada no laudo pericial, a polícia também trabalha com a possibilidade de a vítima ter sido morta pelo fato de ser uma policial.