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Possível restrição para pedestres acirra polêmica sobre futuro do Minhocão

Associações discordam sobre medida que pode entrar em prática no elevado João Goulart

São Paulo|Ana Ignacio, do R7

Feira gastronômica no elevado João Goulart, o Minhocão, em 2015
Feira gastronômica no elevado João Goulart, o Minhocão, em 2015 Feira gastronômica no elevado João Goulart, o Minhocão, em 2015

A discussão sobre o futuro e novos usos do Minhocão ganha mais um capítulo no início deste ano. A divulgação de que a Prefeitura de São Paulo estuda colocar portões e reduzir consideravelmente o horário de uso por pedestres no fim de semana e proibir o uso durante a semana divide associações e moradores.

A proposta da prefeitura atende a um pedido do MP, que abriu inquérito sobre o uso do espaço em abril de 2016. De acordo com o promotor do caso, César Martins, na época foi determinado que não se realizasse eventos no Minhocão, o que foi atendido pela prefeitura. No entanto, após conclusão desse pedido, o MP continuou os trabalhos de apuração sobre o uso do espaço.

— Veio a notícia de um fato que não era objeto da representação que era o comportamento espontâneo para lazer e esporte e passamos a discutir com a Prefeitura o estabelecimento de regras porque o Minhocão é um local perigosos, são 8 metros de altura, não temos guarda corpo, as saídas são a cada um quilômetro. Em função disso, estabeleci alguns parâmetros para que a Prefeitura apresentasse regras de uso.

Veja o que pode mudar no uso do Minhocão por pedestres

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Após testes, Minhocão fecha definitivamente às 15h aos sábados

Após a apresentação dessas regras, ainda em “caráter técnico”, segundo a Prefeitura, o debate volta a se acirrar. Veja a seguir o que pensam duas associações que discutem o futuro do Minhocão.

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“Vejo um retrocesso nessa decisão que afeta uma ocupação que já existe”, Felipe Morozini diretor do Parque Minhocão

“Como morador daqui há 16 anos eu vejo tamanho do retrocesso de uma decisão que afeta uma ocupação que já existe, as pessoas já ocupam o espaço de forma pacifica. O fato é que é do jeito que é, uma [ocupação] tão organização e natural, a cidade mostra a direção que vai tomar. As pessoas dão novo significado ao lugar, elas requalificam e resignificam os lugares. E as pessoas veem nele um parque, elas fazem piquenique, vem com as famílias, trazem os cachorros... a gente já tem ali lazer, já existe isso. Seria mexer em algo que já está acontecendo. As pessoas ficam esperando o último carro passar todo dia e entram organicamente, em paz, em silêncio. Quer colocar medida de segurança? Concordo, mas não limita o horário desse jeito. Fecha de madrugada, mas não tira o direito de ir.

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Como diretor da associação, sou o primeiro a lutar por segurança nesse espaço. Eu acho que precisa ter uma regulamentação de conduta, recebo muito reclamação de ciclistas que correm muito rápido, criança que fica no meio de cachorro e patins, tinha que ter uma reunião para pensar sobre o que já está acontecendo e não para a retirada de uma estrutura.

Quem defende a demolição acredita que a São João vai virar um boulevard e isso não vai acontecer porque a ali já é um corredor de ônibus. Se você tira o minhocão ele continua sendo um corredor de ônibus. Nós todos queremos a mesma coisa que é silêncio e paz. Só que em São Paulo, é preciso que se tenha uma consciência maior e para além da sua casa.

Aos domingos são cerca de 20 mil pessoas que passam pelo Minhocão. Durante a semana deve ter 5.000 pessoas por dia, se for um dia quente. No inverno diminui muito. Veja que a gente tem hoje a possibilidade de fechar para carros e testar. Ver o que acontece antes de demolir, por exemplo. Se não der certo, podemos avaliar demolir só na região da Amaral Gurgel. Temos que ouvir as pessoas. A cidade tem que ouvir as pessoas.

“O minhocão é um problema estrutural. Não existe opção”, Francisco Machado Diretor de Imprensa do MDM (Movimento Desmonte Minhocão)

“O minhocão foi construído no século passado, considerado por urbanistas e arquitetos uma aberração urbanística porque ele é um viaduto construído no meio de prédios residenciais. Foi imposto à população na época da ditadura, sem estudos de impactos ambientais e causa problemas de saúde e de segurança. O minhocão é um problema estrutural. Não existe opção.

Segundo a CET, passam diariamente cerca de 70 mil veículos por lá. Temos 70 mil veículos ejetando monóxido de carbono, altamente cancerígeno. Temos a degradação na parte de baixo. Quem passa embaixo, ônibus, carros, caminhões, ejetam também gases tóxicos altamente nocivos e eles sobem, mas não se dispersam por causa dos 17 metros de largura das pistas do Minhocão. Corresponde a uma tampa de panela de pressão. Esses gases vão sair e invadir os comércios, os restaurantes, os apartamentos. Além disso temos a poluição sonora.

Por outro lado, é um problema de segurança pública. Quando fecha para os carros, sobem pessoas lá para cima, fica uma área ao deus-dará, uma zona abandonada, sem policiamento nem nada. Alguns vão só se exercitar, mas há pessoas mal-intencionadas que jogam pedras nos apartamentos, ficam espionando pessoas nos apartamentos, algumas até fotografam. A pessoa não tem mais a privacidade. Residem 230 mil pessoas ao longo do Minhocão e essas pessoas são todas vítimas do Minhocão. O Minhocão não tem alternativa. Ele precisa ser desmontado por ser um problema de saúde pública e segurança. Isso seria o ideal. As medidas [de limitação de uso por pedestre] foram bem vistas, mas não é o ideal. 

O Minhocão foi construído para passar carro e não para ser parque e nem nada. Ele teve uma finalidade especifica. Não somos contra nenhum evento, mas queremos que sejam realizados com segurança. Tudo depende de uma pessoa e essa pessoa se chama João Doria. Se ele quiser marcar a gestão dele com uma obra história, depende exclusivamente dele. Para a cidade ser linda, precisa tirar a feiura. E a feiura está no Minhocão.

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