O estado de São Paulo precisa atingir 70% de redução de mobilidade social para conseguir conter de forma efetiva o avanço da disseminação do novo coronavírus, afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, responsável pela coordenação dos testes da covid-19, nesta segunda-feira (6). Na coletiva foi anunciada a ampliação da quarentena no estado para o dia 22 de abril.
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"É a única medida que temos no momento que é eficiente para determinar a redução da taxa de contaminação. Nós temos que aumentar a aderência", alertou. De acordo com Covas, o índice chegou a se aproximar de 60% mas baixou para cerca de 50%. Covas apresentou estimativas de casos confirmados e mortes previstas casos as medidas de distanciamento não fossema adotadas e a previsão da evolução do contágio pelos próximos seis meses com e sem adoção das medidas.
O estado de São Paulo conta atualmente com 12.546 leitos de UTI. A ocupação já é de em torno de 50%, com cerca de 6 mil leitos ocupados. Se nenhuma medida de distanciamento fosse tomada, conta Covas, o estado estaria precisando de mais 3.742 leitos. E daqui a 60 dias, seriam necessários mais 18 mil leitos.
Na projeção para o dia 13 de abril, sem medidas de distanciamento, haveria quase 150 mil casos no estado de São Paulo. Com medidas adotadas, a previsão é de chegar a cerca de 25 mil casos. O número de mortes sem as medidas, correria o risco de se aproximar 5 mil. Com as medidas, a expectativa é de que registrar menos de 1,3 mil óbitos.
A projeção para 180 dias, caso nenhuma medida seja tomada é de 277 mil mortes. Com as medidas, a expectativa baixa para 111 mil. O número estimado de pessoas em hospitais sem as medidas é de 1,3 milhão enquanto que, com as medidas, é de 670 mil. O total de internados em UTI é estimado, sem as medidas, em 315 mil e, com as medidas, em 147 mil.
Especialistas que fazem parte do Centro de Contingência de Coronavírus no estado alertaram para a necssidade de adesão no isolamento no interior de para o aumento de casos em regiões periféricas da capital.
O diretor geral do Instituto Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior, afirmou que "a situação não está sob controle absoluto" e reforçou o apelo do governo do estado para que a população fique em casa. Ele diz que é necessário insistir para que a adoção do distanciamento seja efetiva. "A gente já observa trânsito, ocupações de em São Paulo." Segundo Pereira Júnior, a tendência é que a chegada de pacientes aumente cada vez mais nos serviços de saúde localizados na periferia da capital. A prefeitura já afirmou que sente pressão sobre o sistema de saúde.
O professor de infectologia da Unesp, Carlos Fortaleza, afirmou que no interior de São Paulo o contágio está em fase de crescimento e que ainda há uma falsa sensação de segurança, que reduz a eficácia da mensagem do distanciamento.
"Os modos de dispersão foram esutdados e há cidades que quase correpsondem às maiores do estado que precisam de isolamento ainda maior para impedir a interiorização do vírus e a disseminação pelo estado", afirmou Fortaleza.
Luis Fernando Aranha, infectologista do hospital Albert Einstein afirma que o centro de contingência começou com conhecimento intuitivo de que o distanciamento social teria papel fundamental no impacto da epidemia. Em um segundo momento, a literatura médica confirmou as impressões. "Estamos no momento de observar os dados beneficos. Aranha afirma que tanto no hospital Albert Einstein, como na Escola Paulista de Medicina, as medidas duras de restrição de mobilidade permitiram que fosse oferecido à população um atendimento crescente dentro da capacidade e com qualidade.