Moradores e frequentadores de Pinheiros, bairro da zona oeste de São Paulo, temem uma realidade que gera perigo para a população local: fios da rede elétrica enroscados em árvores que crescem demasiadamente e não recebem a poda necessária. A Prefeitura de São Paulo admite que, em toda a cidade, são 47 mil árvores que necessitam de algum tipo de manejo. Destas, 42.614 estão próximas à rede elétrica.
Segundo relatos de pessoas ouvidas pela reportagem do R7, o serviço não tem sido feito devido a um jogo de responsabilidades entre a administração municipal e a empresa responsável pela distribuição de energia da cidade.
A empreendedora Arlete Gomes fez uma reclamação à Secretaria das Subprefeituras paulistana, em março de 2017, sobre uma árvore que crescia em meio aos fios na Rua Cardeal Arcoverde, altura do número 755, esquina com a Rua João Moura.
No entanto, ela recebeu como resposta que a solicitação seria encaminhada "com todas as 60.995 solicitações feitas através do canal 156 para que a demanda seja atendida". Dois anos depois, o problema persiste.
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"Se o serviço não é de responsabilidade deles, não deveriam abrir o canal para que seja feita a solicitação. Agora, se eles concentram a solicitação na prefeitura eles que devem se resolver com a companhia de energia", questionou a empreendedora. "Fiz o meu papel de cidadã que foi registrar o problema antes que algo mais grave ocorra", complementou Arlete.
Árvore morta
Outra denúncia relatada na mesma reclamação à prefeitura diz respeito a uma árvore situada em frente a uma escola infantil na Rua João Moura. Ao lado, é possível ver uma árvore totalmente seca.
"Levou um choque e morreu", disse a auxiliar de limpeza Elane Cristina da Silva Trindade, funcionária de uma pizzaria. Segundo ela, o curto-circuito na fiação que atingiu a árvore ocorreu há meses, mas a administração pública não tomou providências.
Perigos
O temor pela consequência que eventuais explosões em transformadores já observadas no local provoquem em um local repleto de árvores grandes e antigas aflige a comerciante Marisa Monroe, dona de uma loja na esquina das ruas João Moura e Cardeal Arcoverde.
"É muito perigoso. Pode atingir um carro também", ponderou a lojista, para quem a solução definitiva seria "aterrar a fiação, como na Oscar Freire", conhecida rua no bairro dos Jardins, onde Marisa mora.
O plantio de novas árvores é visto pela comerciante como uma medida benéfica e sem prejuízos a uma importante característica da região, uma das mais arborizadas da capital. "Quando você arranca uma velha, vai plantando outras", sugeriu.
Prefeitura paulistana responde
Em nota, a Secretaria Municipal das Subprefeituras explicou que o serviço de poda de árvores depende da avaliação técnica de um engenheiro agrônomo ou um biólogo da prefeitura. Tal profissional indicará se há ou não a real necessidade de sua execução.
Ainda de acordo com o texto, o trabalho de manejo — que inclui poda, remoção e plantio — é realizado por 106 equipes de dez pessoas cada, incluindo um agrônomo.
Além desses profissionais, a Prefeitura de São Paulo revela que dispõe de mais 65 agrônomos nas administrações regionais. Em julho de 2018, a cidade contava com 68 equipes. No município de São Paulo, há cerca de 600 mil árvores.
Nos casos de necessidade da poda de árvores em que os galhos estão em contato com a rede elétrica, caberá à concessionária ENEL realizar o serviço, que deve incluir a interrupção da rede de energia, remoção imediata dos resíduos gerados e preservação da saúde, equilíbrio e estabilidade das árvores.
No momento, existem 47 mil árvores que necessitam de algum tipo de manejo. Destas, 42.614 estão próximas à rede elétrica.
Desde o último dia 17 de agosto, as solicitações que forem identificadas em contato com a rede elétrica, recebem um comunicado que atesta a competência da ENEL, semanalmente à notificada pelas subprefeituras sobre os serviços em árvores que estão em contato com a rede de energia.
Bairros campeões de soliticações
Ainda de acordo com a resposta enviada pela Prefeitura de São Paulo ao R7, a Subprefeitura Pinheiros conta o maior número de pedidos (4.828), seguida da administração regional da Lapa (4.491) e do Ipiranga (4.136).
Para finalizar, a prefeitura acrescentou que, com o objetivo de dar mais agilidade aos serviços de poda e remoção de árvores, publicou, em 1º de março de 2019, um decreto com a função de orientar a empresa distribuidora de energia em São Paulo a adotar as melhores práticas de poda com o objetivo de preservar a saúde, o equilíbrio e a estabilidade das árvores da cidade.
Enel
A Enel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica em São Paulo, foi questionada pela reportagem do R7 sobre a responsabilidade na operação de poda de árvores na cidade.
Em nota, a empresa afirmou que não recebeu ofício para realizar poda nos endereços mencionados e revelou que está realizando uma triagem em uma lista recém encaminhada pelo governo paulistano, com solicitações de podas por parte de munícipes à prefeitura.
De acordo com a Enel, em análise inicial, foram constatadas algumas inconsistências, como árvores inexistentes ou longe da rede elétrica. A empresa já está com reuniões de trabalho agendadas com algumas subprefeituras para iniciar as podas de árvores que realmente estejam próximas à rede elétrica, as quais precisam da aprovação prévia do poder público local.
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