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Associada a uma vacina, terapia elimina até 80% de tumores sólidos

Técnica CAR-T já é usada com sucesso no tratamento de alguns cânceres do sangue, mas há dificuldade em relação a outros tipos

Saúde|Fernando Mellis, do R7


Imagem mostra o antes e o depois do câncer em paciente brasileiro tratado com células CAR-T
Imagem mostra o antes e o depois do câncer em paciente brasileiro tratado com células CAR-T

Uma técnica que já conseguiu eliminar cânceres sanguíneos em pacientes terminais agora ganha outras perspectivas. Pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos, associaram a terapia CAR-T a uma vacina e abriram a possibilidade de algo nunca realizado com sucesso até então: o tratamento de tumores sólidos por esse método.

A terapia CAR-T envolve o redirecionamento da atividade natural de uma célula de defesa do organismo, chamada de célula T, utilizando o receptor de antígeno quimérico (CAR, na sigla em inglês).

Esse é o mesmo tratamento que, recentemente, eliminou um câncer terminal de um paciente brasileiro

Diferentemente dos métodos mais usados nos tratamentos de câncer, como quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, que são padronizadas, o CAR-T é modificado para cada paciente.

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É feita a coleta de células T do paciente, que são reprogramadas em laboratório para produzir em sua superfície os receptores quiméricos de antígenos. Essas moléculas são sintéticas, não existem naturalmente.

Posteriormente, essas células são recolocadas no corpo do paciente, onde reconhecem e matam quaisquer células cancerígenas que abriguem o antígeno-alvo em suas superfícies.

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O médico Renier J. Brentjens, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York, descreveu a terapia de células CAR-T como algo equivalente a "dar aos pacientes uma droga viva", pois ela vai orquestrar a resposta imune do paciente para que o próprio organismo elimine o câncer.

As células CAR-T têm indicação neste momento somente para linfomas, alguns casos de leucemia e mieloma múltiplo.

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O uso da terapia CAR-T sempre esbarrou em alguns obstáculos, uma vez que a identificação de antígenos que estão na superfície desses tumores, mas não em células saudáveis, não obteve sucesso.

As barreiras físicas que circundam tumores sólidos também podem ser um empecilho para que as células CAR-T infundidas no organismo consigam atingir o câncer.

O estudo, conduzido pelos cientistas do MIT e publicado nesta quarta-feira (5) na revista científica Cell, mostra que as células CAR-T associadas a uma vacina que aumenta a resposta das células T modificadas podem ser eficazes no tratamento de tumores sólidos.

No trabalho, os pesquisadores estudaram dois tipos de tumores: o glioblastoma (um câncer cerebral) e o melanoma (pele).

Os testes foram feitos em camundongos. A dificuldade continuou sendo encontrar os antígenos-alvo nas células tumorais. Mas, ainda naquelas em que eles estavam presentes em pequenas quantidades (50%), o tratamento conseguiu erradicar 25% dos tumores.

Já os tumores que expressavam 80% de antígeno direcionado pelas células CAR-T foram eliminados em cerca de 80% dos camundongos.

"Esse reforço da vacina parece conduzir um processo chamado disseminação do antígeno, no qual o próprio sistema imunológico colabora com as células CAR-T modificadas para rejeitar tumores nos quais nem todas as células expressam o antígeno visado pelas células CAR-T", explica em comunicado um dos autores do estudo, o professor Darrell Irvine, dos departamentos de Engenharia Biológica e de Ciência e Engenharia de Materiais do MIT.

A equipe de Irvine está otimista com os resultados e espera expandir as pesquisas para outros tipos de tumores e também em testes em humanos.

"Em princípio, isso deve se aplicar a qualquer tumor sólido em que você gerou uma célula CAR-T que poderia atingi-lo”, diz o professor.

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