Bebês expostos ao zika podem desenvolver microcefalia após o nascimento
2.100 bebês brasileiros tiveram casos confirmados de má-formação ligada ao vírus
Saúde|Do R7
![Crise gerada pelo vírus da zika ainda deve afetar centenas de pessoas no Brasil](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/TCBGRWWZYNOANGMGZBPFRXC3DM.jpg?auth=fa5e0a0a7829a14cda66e15d2c91646d7ebbd4184e7dfc68c9ea2c4c616dfcbf&width=660&height=371)
Treze bebês brasileiros com circunferência craniana normal foram diagnosticados com síndrome de zika congênita, e tomografias mostraram más-formações extensas, inflamação e volume cerebral reduzido, relataram pesquisadores nesta terça-feira (22).
Dos 13 bebês, 11 desenvolveram gradualmente a microcefalia, uma má-formação craniana, nos meses seguintes ao nascimento.
As descobertas despertam novas preocupações sobre os efeitos ocultos da exposição pré-natal ao vírus zika, que é transmitido por mosquitos e que se provou causar problemas de nascença quando as mulheres são infectadas durante a gravidez.
Jovem de SP adia gravidez por medo de zika vírus: "Não tem como não ter medo"
Na sexta-feira (19), a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o fim da emergência global de zika porque o elo entre o vírus e a microcefalia foi confirmado. A OMS pretende continuar a estudar o zika como uma doença infecciosa grave que irá exigir anos de pesquisa.
Embora outras pesquisas tenham observado problemas neurológicos em crianças pequenas expostas ao zika durante a gestação, o estudo é o primeiro a documentar cuidadosamente os problemas de nascença em um grupo de bebês comprovadamente exposto ao zika e cuja circunferência craniana se revelou normal no parto.
O estudo, publicado nesta terça-feira no relatório semanal do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos sobre mortes e doenças, foi realizado por equipes atuando em Recife e Fortaleza.
Onze das crianças nasceram com cabeças pequenas e foram encaminhadas para avaliação pouco depois do parto. As duas outras, nascidas com cabeças de circunferências normais, foram encaminhadas para avaliação entre os 5 e os 7 meses devido a problemas de desenvolvimento.
Infecção por zika traz problemas a 1/3 dos bebês e em qualquer fase da gravidez
Zika: mulher pode ter risco maior de infecção
Entre os sintomas observados, 10 dos 13 bebês revelaram dificuldade para engolir, sete tiveram epilepsia, cinco mostraram algum grau de irritabilidade, nove não conseguiam mover as mãos voluntariamente e todos tiveram hipertonia, ou excesso de rigidez no tônus muscular.
Em uma teleconferência com repórteres nesta terça-feira, autoridades da OMS disseram que o fato de crianças poderem nascer com cabeças de tamanho normal e mais tarde desenvolverem microcefalia demonstra que a definição de síndrome de zika vírus congênita — o termo que a entidade associou com defeitos de nascença relacionados ao zika — continua a se ampliar.
O doutor Anthony Costello, especialista da OMS em saúde maternal, de recém-nascidos, crianças e adolescentes, disse que cerca de 2.100 bebês brasileiros tiveram casos confirmados de microcefalia ligada ao zika. Ele acredita que outros 1.000 casos serão corroborados à medida que os médicos continuarem a investigar um acúmulo de casos suspeitos.
"Sabemos que o problema não acabou no Brasil", afirmou.
Da mesma família da dengue e da chikungunya, o zika tem na picada do mosquito Aedes Aegypti sua principal forma de transmissão. O vírus também pode ser transmitido por meio de pernilongo, segundo informações da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgada...
Da mesma família da dengue e da chikungunya, o zika tem na picada do mosquito Aedes Aegypti sua principal forma de transmissão. O vírus também pode ser transmitido por meio de pernilongo, segundo informações da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgadas nesta quarta-feira (9). O zika surgiu pela primeira vez nos anos 1940 em Uganda, na África e, mais de 20 anos depois, foi detectado em humanos, na Nigéria. No Brasil o zika vírus foi identificado no início de 2015 e, de lá pra cá, tem gerado muita preocupação e trabalho para a comunidade científica e inúmeras dúvidas entre os pacientes, em especial, entre as gestantes. A seguir, conheça alguns dos mitos e verdades sobre o zika, esclarecidos por especialistas do site Gravidez em Tempos de Zika