É possível engravidar com segurança com o zika à solta?

A recente associação do zika vírus com os casos de microcefalia colocaram gestantes em alerta máximo. Quem já está grávida teme ter contato com o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da moléstia, e afetar o desenvolvimento do feto. As mulheres que pretendem engravidar também não sabem exatamente como agir. Para os especialistas, tudo é muito novo, e a melhor arma contra a epidemia, neste momento, é a informação.

Para o médico infectologista Jessé Reis Alves, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e coordenador do ambulatório do viajante, não é possível dizer que todos os casos de microcefalia registrados recentemente no Brasil estão ligados ao zika vírus. A recomendação, para quem está em áreas de maior incidência da doença, é tomar precauções básicas, como o uso de repelente, de roupas mais protetoras e mosquiteiros.

— Não há remédio específico contra o zika vírus e os sintomas se assemelham a doenças como sarampo e rubéola, como vermelhidão na pele. Mas com o zika a pele coça e os olhos são afetados.

Sobre postergar a gestação, Jessé pondera que esta é uma decisão que cabe a cada casal, mas quem puder adiar os planos de engravidar, melhor.

— Ainda há muito a ser feito para o controle do vetor e isso começa também com cada um olhando para o próprio quintal. O poder público deve combater o mosquito, mas é bom não facilitar. Estamos cercados de dúvidas. O importante agora é adotar medidas de prevenção.

Para Ana Elisa Baião, gerente da Área de Atenção Clínico-cirúrgico à Gestante do Instituto Fernandes Figueira, ligada à Fiocruz, a dúvida sobre engravidar ou não agora é a pergunta mais difícil de se responder.

— Essa associação da infecção com a lesão fetal é nova, o vírus acabou de chegar ao País, atingiu primeiramente o Nordeste, e nós imaginamos que vão existir muitos casos. Não dá para saber qual o índice de casos de microcefalia ligados ao zika. Se é seguro engravidar agora? Talvez não. Para quem pode adiar esse plano, talvez seja melhor.

A especialista reitera que o que dá mais pânico é que se trata de epidemia difícil de ser controlada. 

— Não sabemos o que esperar, nem qual a chance de o bebe ter problema no caso de a gestante ser infectada. Além disso, 80% das infecções de zika são assintomáticas.

Se proteger do mosquito é essencial e esta talvez seja, na opinião de Ana Elisa, uma grande oportunidade de melhorar a ação da população no combate ao Aedes Aegypti.