Resumindo a Notícia
- A CoronaVac tem taxa global de proteção contra a covid-19 de 50,38%.
- A vacina, no entanto, reduz o número de internações pela doença em 100%
- Segundo especialistas, o maior benefício é impedir os casos graves.
Dimas Covas, diretor do Butantan, durante apresentação dos dados
Governo do Estado de São Paulo - 12.01.2021O esperado dado da eficácia geral da CoronaVac foi apresentado nesta terça-feira (12), com uma taxa global de proteção contra a covid-19 de 50,38%. Em outras palavras, o número significa que quase metade da população vacinada, caso venha a desenvolver a doença, ela não passará de sintomas muito leves, que não depende de atendimento médico.
Os números detalhados hoje pelo Instituto Butantan revelaram que o imunizante, desenvolvido em parceria com a empresa chinesa Sinovac, atende aos critérios mínimos estabelecidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O maior triunfo da CoronaVac, no entanto, está na pressão sobre o sistema de saúde. A vacina se mostrou 100% eficiente ao impedir casos que necessitem de respiradores ou internação hospitalar. A chance de tomar o imunizante e ter a doença de forma leve é de 22%.
"Temos uma vacina que é potencialmente capaz de prevenir, doença, doença grave e morte. E afinal das contas era tudo isso que a gente queria desde o começo. Eu tenho uma vacina cujo risco pessoal é quase zero, porque os efeitos adversos são mínimos. Mas eu tenho um benefício que não é só para mim, é coletivo, de reduzir o risco de doença em 50%", avaliou Natalia Pasternak, doutora em microbiologia e presidente do Instituto Questão de Ciência.
Números da CoronaVac divulgados pelo Butantan
Divulgação/Instituto ButantanOs resultados foram obtidos a partir da análise de dados de 9.252 voluntários no Brasil. Destes, 4.653 tomaram a vacina e outros 4.599 receberam placebo (substância sem efeitos médicos), sem que soubessem a qual grupo pertenciam.
No grupo da vacina, ocorreram 85 casos de covid-19. O grupo placebo registrou 167 pessoas com covid-19.
A proteção de 50,38% contra covid-19 em grau considerado muito leve se deu após a análise dos dados de voluntários vacinados que apresentaram pelo menos um sintoma da doença e tiveram diagnóstico confirmado por exame de PCR. Esses são casos, segundo o coordenador da pesquisa, o médico Ricardo Palácios, "que não precisam de nenhum tipo de assistência porque seus sintomas são muito leves".
Palácios ressaltou que a eficácia menor do que outras vacinas se deu, em partes, porque os testes no Brasil foram realizados apenas em profissionais da saúde que lidavam diretamente com casos de covid-19.
"Isto não é a vida real exatamente, não é o que acontece na comunidade, o que acontece entre nós. É um teste artificial no qual selecionamentos aquela população em que a vacina poderia ser testada com a barra mais alta", disse em apresentação nesta tarde.
Segundo o médico, a expectativa é que a vacina "irá se comportar infinitamente melhor em níveis comunitários, ou seja, em populações em condições normais".
Especialistas entendem que as conclusões do estudo da CoronaVac no Brasil são positivos porque o momento de pandemia exige a diminuição de casos graves da doença.
Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ressaltou o papel que a vacina terá na redução da sobrecarga dos hospitais.
"Em um primeiro momento, a gente não vai ficar livre desse vírus. Qualquer vacina ainda não mostrou impacto na transmissibilidade. Não é momento de a gente relaxar nada, mas com certeza é o momento em que a gente vê de fato uma luz clara no fim do túnel de a gente diminuir esse impacto todo [no sistema de saúde]."
Para o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, reduzir as hospitalizações permitirá que pessoas que não procuraram serviços médicos durante a pandemia voltem a ser assistidas.
"Dados que são extremamente importantes no impacto da nossa saúde pública impedindo que as pessoas adoeçam de forma grave, impedindo que as pessoas internem nas unidades hospitalares e [as] sobrecarreguem — como nós temos visto hoje pessoas desassistidas na maior parte do país por falta de leito. E ao mesmo tempo impedindo que as pessoas deixem de morrer por uma doença como essa."