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“É um crime muito raro”, diz especialista sobre serial killers

Especialista em criminologia esclarece que nem todo psicopata é serial killer

Tecnologia e Ciência|Do R7*

Hannibal Lecter é um dos serial killers mais famosos do cinema
Hannibal Lecter é um dos serial killers mais famosos do cinema Hannibal Lecter é um dos serial killers mais famosos do cinema

De acordo com a escritora e especialista em criminologia Ilana Casoy, o serial killer é um “comportamento criminal raríssimo” e todos são muito diferentes, o que torna praticamente impossível definir um perfil.

Ela explica que a psicopatia e o assassinato em série têm “uma relação interessante”. Ilana destaca que nem todos os psicopatas se tornam assassinos em série, mas alguns serial killers podem ter alguns ou muitos traços consistentes com a psicopatia. Entretanto, o transtorno não explica as motivações de um serial killer.

Ilana diz que é importante diferenciar a definição de um comportamento criminoso, como serial killer, latrocida e estelionatário, por exemplo, de um diagnóstico psiquiátrico, como psicopatia

— Quando falamos em serial killer estamos nos referindo ao comportamento criminoso e não se ele é psicopata ou não. A psicopatia é um diagnóstico psiquiátrico. Para obter esse diagnóstico é preciso passar por laudo, por exame mental.

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Entre os traços que alguns serial killers podem apresentar em comum com a psicopatia estão a insensibilidade nas interações com as vítimas e a não valorização da vida humana. Ilana destaca, entretanto, que isso não pode ser considerado um perfil.

Ted Bundy, um dos mais terríveis assassinos em série dos EUA, foi executado em 1989
Ted Bundy, um dos mais terríveis assassinos em série dos EUA, foi executado em 1989 Ted Bundy, um dos mais terríveis assassinos em série dos EUA, foi executado em 1989

— É um comportamento criminoso que se desdobra em muitas questões porque você vai ter que ver se ele é organizado ou se ele é desorganizado, se é doente mental ou não. Cada aba aberta vai ter outras definições.

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Perícia dos crimes em série

Ilana Casoy explica que os peritos criminais fazem a análise do local do crime e de documentos. A polícia então conecta os casos baseada nas assinaturas dos crimes, que são compostas do modus operandi do criminoso.

O modus operandi nada mais é do que a questão prática: o que ele precisa fazer para ter sucesso do ponto de vista criminoso aliado ao ritual? O que ele não precisa fazer e faz porque lhe dá prazer ou satisfação? Tudo isso junto é a assinatura.

Quando a polícia reconhece crimes que têm muitas semelhanças e similaridades começa a prestar atenção para ver se eles têm a mesma autoria.

— O trabalho de conexão é o mais difícil porque se você colocar um caso que não tenha tanta certeza de que é da mesma autoria, cuja assinatura não é tão clara, pode mudar toda a investigação.

Serial killers x Spree killers

Diferentemente dos serial killers, que têm a vítima como objeto de sua fantasia, os spree killers não teriam essa mesma relação.

Thiago Henrique Gomes da Rocha, o serial killer de Goiânia, seria na verdade um spree killer
Thiago Henrique Gomes da Rocha, o serial killer de Goiânia, seria na verdade um spree killer Thiago Henrique Gomes da Rocha, o serial killer de Goiânia, seria na verdade um spree killer

A escritora explica em seu site oficial que um serial killer comete uma série de homicídios com um intervalo entre eles. As vítimas têm o mesmo perfil: faixa etária, sexo e raça, por exemplo. Já o spree killer mata várias pessoas em um período de horas, dias ou semanas.

— Para um serial killer é muito importante para ele a caça, a seleção da vítima, a interação com ela durante o crime, o script que ele desenhou. Para o spree killer a vítima está na hora errada, no local errado.

Para Ilana Casoy, o suposto Serial Killer de Goiânia, Thiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, que confessou ter matado 39 pessoas, seria um exemplo de spree killer.

É importante lembrar que “spree killer”, assim como “serial killer”, também é a definição de um comportamento criminal e não um diagnóstico psiquiátrico. O mesmo se aplica a “matador em massa”.

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Segundo Ilana, os matadores em massa são aqueles que matam várias pessoas em um só local, em um só evento. É o caso, por exemplo, dos atiradores que entraram em escolas e mataram uma série de estudantes de uma só vez, como o autor do massacre de Realengo, no Rio de Janeiro, Wellington Menezes de Oliveira, e o americano Jaylen Fryberg, responsável pelo recente ataque à escola Marysville-Pilchuck High School, em Seattle, nos Estados Unidos.

Quebra-cabeças de 1 milhão de peças

Ilana Casoy é autora de diversos livros sobre serial killers, entre eles, os best-sellers Serial Killers: Louco ou Cruel? e Serial Killers: Made in Brazil, que acabaram de ganhar uma nova edição publicada pela editora DarkSide Books.

Box com livros Louco ou cruel? e Made in Brazil é vendido por R$ 99
Box com livros Louco ou cruel? e Made in Brazil é vendido por R$ 99 Box com livros Louco ou cruel? e Made in Brazil é vendido por R$ 99

Ela explica que os livros são resultado de seu próprio interesse pelo tema. A especialista conta que sempre teve curiosidade sobre serial killers, mas só encontrava bibliografia em inglês ou outros idiomas e que teve vontade de oferecer mais conteúdo em português.

— Eu gosto de quebra-cabeças. Serial killer é um quebra cabeça de 1 milhão de peças. É uma coisa de que eu gostava, então eu escrevi os livros. Era um hobby e virou profissão.

O livro Made in Brazil relata sete casos de serial killers brasileiros, três dos quais Ilana entrevistou pessoalmente, como Marcelo Costa de Andrade, o vampiro de Niterói, Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho e Pedro Rodrigures Filho, o Pedrinho Matador.

Para a autora, a edição definitiva dos dois best-sellers ficou do jeito que ela havia sonhado.

— Divido isso com pessoas como eu, que não é advogado, não é psiquiatra, não é psicólogo, é gente que gosta desse mistério.

Ela também já escreveu livros sobre outros casos célebres, como A Prova é a Testemunha, sobre o caso Nardoni, e O Quinto Mandamento – Caso de Polícia, sobre o assassinato do casal Richtofen.

— Os livros são consequências do trabalho que eu fiz. Participei da perícia no caso Von Richtofen e no caso Nardoni participei pela promotoria. Então são as histórias que eu vivo.

Ilana também revelou que está escrevendo sobre o caso Gil Rugai, no qual participou pela defesa. Rugai recentemente teve o pedido de anulação do júri do julgamento que o condenou pelo assassinato dos pais e da madrasta negado e está preso.

*Amanda Martins, estagiária do R7

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