O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (17) que a produção da Kombi pode ganhar uma sobrevida de até três anos. O veículo deve ser a única exceção na regra que prevê a partir de 2014 a obrigatoriedade de instalação de ABS e airbags como itens de fábrica em todos os automóveis.
— É um produto que não tem concorrente e não tem como se adaptar. Este é o maior problema que identificamos porque a Kombi será extinta e é onde haverá mais demissões. Vai ser estudado, não há decisão, podemos criar uma excepcionalidade.
Segundo Mantega, até o momento, todas as empresas concorrentes concordaram com essa exceção, mas a decisão ficará para a próxima semana. No encontro desta terça-FEIRA com representantes do setor automotivo, o ministro afirmou que também se discutiu a possibilidade de se facilitar entrada de carros elétricos no País.
— Mas temos ainda de estudar isso. Não há nenhuma decisão.
Rastreabilidade x desemprego
O ministro afirmou que a questão da "rastreabilidade" de autopeças, prevista no programa Inovar-Auto, irá minimizar o problema do desemprego nesse setor.
— Isso vai aumentar a produção nacional e haverá compensação pela desativação de linhas antigas.
Outra medida pode ser a redução de imposto de importação, temporariamente, para peças que não tenham similar nacional. Segundo o ministro, essas e outras questões serão estudadas e será apresentado um conjunto de soluções na próxima segunda-feira (23) quando haverá nova reunião entre governo e representantes do setor.
Em relação à recomposição das alíquotas de IPI, Mantega afirmou que o governo não voltará atrás e que o imposto vai subir mesmo, pois essa não é uma solução para o setor. Também foi formado um grupo de trabalho entre governo e setor privado para discutir a questão das exportações para a Argentina e medidas para que a indústria automobilística possa manter sua competitividade no próximo ano.
— No ano em curso, tivemos bom desempenho da produção, que vai crescer sobre 2012, mas temos de assegurar que, em 2014, a produção seja maior que em 2013. Para isso, precisamos exportar. O câmbio vai estar mais favorável, mas temos de continuar aumentando competitividade da indústria brasileira.
Tapetão da Kombi
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (que reúne empregados de diversos fabricantes, incluindo Volkswagen e Ford) alegava que o término da produção desses carros provocaria a demissão de até 4.000 funcionários da VW, além da subida de preço dos modelos populares, o que poderia provocar uma queda nas vendas. O Sindicato ainda discute uma possível exceção à Volkswagen Kombi que permitiria ao modelo seguir em produção no ano que vem
Fabricada há 56 anos, a van é o único modelo que sairá de linha por causa da legislação que não deixará sucessores. Outros três carros deixarão de ser produzidos (Mille, VW Gol G4 e Ford Ka), mas o trio será resposto com a chegada de novos modelos.
A Volkswagen substituirá o Gol G4 com o up!, enquanto o Ka dará lugar a um sucessor homônimo mais moderno e globalizado. O último a ser substituído será o Mille, que será temporariamente substituído pelo Palio Fire. O sucessor do carro mais popular da Fiat no Brasil chega em 2015 e atende provisoriamente pelo código 344.