Diretores de hospital no Paraná podem ser investigados
Médica Virgínia Soares de Souza é acusada de antecipar a morte de sete pacientes na UTI
Cidades|Do R7
O Ministério Público do Paraná pediu novo inquérito policial para investigar se a antiga diretoria do Hospital Evangélico, em Curitiba, participou da morte de pacientes na UTI. A médica Virgínia Soares de Souza é acusada de antecipar a morte de sete pacientes quando dirigia a UTI, entre 2006 e este ano. Mais sete profissionais também são suspeitos de ajudar a médica. Todos os acusados negam as denúncias.
O MP-PR (Ministério Público do Paraná) entrou na segunda-feira (25) com um recurso contra a decisão da Justiça de revogar a prisão da ex-chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, Virgínia Helena Soares de Souza. A médica foi solta na última quarta-feira (20). O pedido não tem prazo para ser analisado pelo juiz.
Outros três médicos e uma enfermeira que faziam parte da equipe chefiada por Virgínia já haviam sido libertados no dia 15 deste mês.
Virgínia é acusada de ser a mandante das mortes de pacientes internados no setor. Outras sete pessoas também respondem pelos crimes. A Polícia Civil e a promotoria dizem que ela ordenava os subordinados a dar medicações e diminuir os aparelhos de respiração dos doentes. Os médicos Anderson de Freitas, Edson Anselmo da Silva e Maria Israela Bocato, além da enfermeira Laís da Rosa Groff são acusados de dois homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha. A denúncia também atinge a enfermeira Patrícia Cristina de Gouveia Ribeiro — acusada por homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha —, a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes — acusados de formação de quadrilha. Eles não foram presos.
Entenda o caso
As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital à ouvidoria do governo do Paraná. Virgínia foi indiciada pela polícia por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.
Gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça mostraram conversas da médica com outros médicos e demais funcionários. A polícia entendeu, após ouvi-las, que Virgínia ordenava o desligamento de aparelhos de alguns doentes.
Virgínia trabalhava na unidade há 24 anos. Ela era casada com o chefe da UTI, Nelson Mozachi, e assumiu o cargo quando ele morreu, em 2006.
Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.
O CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná) manifestou preocupação com a "condenação pública" dos envolvidos sem que “sejam realmente avaliados e julgados por quem de direito”. Não há qualquer queixa dela no órgão.
Por meio de carta, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo "é um grande erro da polícia" e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.
Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico.