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'Só quero trabalhar, não importa em quê', diz metalúrgico na fila do mutirão

Até o fim da tarde desta segunda-feira (16), 1.300 candidatos tinham passado por entrevista com recrutadores

Economia|Mariana Botta, do R7

Paulo Dantas, desempregado desde 2014, na fila do mutirão do emprego
Paulo Dantas, desempregado desde 2014, na fila do mutirão do emprego

O metalúrgico Paulo Dantas, de 63 anos, desempregado desde 2014, chegou logo cedo para garantir um lugar na fila do mutirão do emprego nesta segunda-feira (16), no Anhangabaú, região central de São Paulo. "Só quero trabalhar, não importa muito em quê. Quero uma oportunidade, tenho boa vontade. Comecei a trabalhar tarde, ainda faltam dez anos para eu me aposentar", disse.

Dantas espera conseguir uma das 6.000 vagas oferecidas no Mutirão Nacional de Emprego 2022, que começou nesta segunda-feira e vai até sexta-feira (20). Com a participação de mais de 60 empresas da Grande São Paulo, o evento levou mais de 10 mil pessoas para o Anhangabaú, interessadas em uma oportunidade de trabalho.

Teve gente que chegou por volta das 20h da noite de domingo (15); outros saíram de casa ainda de madrugada, para garantir um bom lugar na fila do evento, promovido pelo SECSP (Sindicato dos Comerciários de São Paulo) e pela UGT (União Geral dos Trabalhadores).

O mutirão começou às 8h e até as 11h mais de 8.000 senhas já tinham sido distribuídas. A fila de espera, com os candidatos a uma vaga de emprego, ocupava parte do mezanino e do térreo do prédio do SECSP, uma tenda coberta, com cinco voltas de fila, montada quase em frente ao edifício, e outro bloco, com mais seis voltas, colocado sob o Viaduto do Chá.


O estudante de arquitetura David Carlos Vieira, 22 anos, natural de Brasília, havia chegado ao local às 6h e, por volta das 10h30, ainda não tinha conseguido entrar no prédio do sindicato. Ele, que já teve uma experiência profissional anterior, foi ao mutirão com a esperança de encontrar um estágio em sua área de estudo.

O estudante de arquitetura David Carlos Vieira, que busca estágio
O estudante de arquitetura David Carlos Vieira, que busca estágio

Não muito distante de David, Beatriz da Silva Cruz, 26, estudante do último ano de design gráfico, afirmou que seu sonho era encontrar um emprego fixo no segmento de artes gráficas, porque hoje trabalha com atendimento. "Eu já fiz estágio, agora quero começar na minha área."


O perfil dos candidatos era bastante diversificado: Débora Alves Scalome, 36, operadora de telemarketing, 15 anos de experiência, está desempregada há um ano; Keite Altino de Souza, 30, quatro filhos, auxiliar de limpeza, 3 meses de experiência, saiu do último emprego, em uma lanchonete de fast-food, há um mês; e Antônio Marcos Alves Jerônimo, 48, motorista, casado, 2 filhos e 2 netas, está sem trabalhar há cinco anos são mais alguns exemplos.

Quem conseguia passar pelas horas na fila já dentro do prédio do sindicato recebia um lanche e um copo de água e, em seguida, era encaminhado para a triagem. Lá, no primeiro andar, cada candidato era atendido individualmente e tinha que apresentar um documento de identidade e o currículo, falar um pouco sobre suas experiências e a região onde mora. Depois, conversava com a atendente sobre as vagas disponíveis e os pré-requisitos. 


A estudante Beatriz Moreira, que estava com o namorado, passa por triagem
A estudante Beatriz Moreira, que estava com o namorado, passa por triagem

Diego Calixto Lopes Vieiro, 39, morador de São Mateus (distrito da zona leste de São Paulo), é deficiente visual e estava na triagem. Está desempregado há três meses, desde que a empresa onde trabalhava foi vendida. "Comecei a trabalhar em 2001, sempre no varejo. Tenho ensino superior completo, sou formado em processos gerenciais e tenho experiência como repositor e auxiliar de loja", afirma.

Camile Vitória Nascimento Rodrigues, 18, chegou ao Anhangabaú às 4h. Por volta de meio-dia estava na triagem. Ela mora em São Miguel Paulista, já completou o ensino médio e está fazendo um curso de atendente de farmácia, com duração de cinco meses. "Já trabalhei em call center e como recepcionista, mas gostaria de fazer entrevistas para a área administrativa ou para recepção mesmo", conta.

Quem também passou pela triagem na manhã de segunda foi o casal de namorados Beatriz Moreira, 18, de Diadema, e Vagner Felix Sampaio, 21, do Grajaú. Ela está no 3º ano do ensino médio, e ele já concluiu essa etapa dos estudos. Os dois foram encaminhados para entrevistas com duas empresas que estavam no mutirão, mas nenhum saiu de lá empregado. 

Fila começou a se formar logo cedo, no Anhangabaú, região central de São Paulo
Fila começou a se formar logo cedo, no Anhangabaú, região central de São Paulo

Uma das empresas que participaram do evento foi a Include Quality, voltada principalmente a programas de estágio e jovem aprendiz. Para o mutirão, a intenção é selecionar pessoas para 30 vagas.

Até agora [quase 13h]%2C entrevistamos cerca de 20 pessoas%2C com idade entre 18 e 22 anos. Mas%2C para participar dos nossos programas%2C os candidatos podem ter entre 14 e 24 anos%2C desde que estejam estudando ou tenham concluído o ensino médio. Não precisa ter experiência.

(Patricia Vanessa da Silva de Paula, 36, coordenadora de aprendizagem e de recrutamento e seleção da Include Quality)

O processo de seleção dura, no máximo, uma semana. "A maioria das vagas que aparecem e dos candidatos que nos procuram é da área de administração", diz Isabelle Santos Macedo, 23, auxiliar administrativa da Include Quality. Patricia, porém, revela que essas nem sempre são as melhores oportunidades. "Existem vagas que temos mais dificuldade em preencher, como as das áreas de estoque, logística, produção e limpeza, pelas quais as pessoas não se interessam muito. Só que elas acabam sendo as que pagam mais, o salário chega a mais de R$ 1.100", afirma.

Outra companhia que participou do mutirão foi a Lopes Supermercados, que tem 30 lojas. As entrevistas foram feitas com quatro candidatos de cada vez, e Vagner Sampaio participou de uma delas. As recrutadoras começavam cada sessão falando sobre a empresa, depois pediam a cada pessoa que se apresentasse brevemente e, em seguida, explicavam quais eram as vagas oferecidas, os horários de trabalho, salário e benefícios. "Eu queria já ter conseguido um emprego, mas gostei das conversas; acho que tenho alguma chance, estou com esperança", disse Sampaio.

"O processo aqui do mutirão é longo, mas vale a pena, porque proporciona o acesso mais fácil às empresas", avalia Camile.

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