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Mulheres são protagonistas da história na Argentina, diz ativista

A jovem jornalista Belen Spineta reconhece no forte movimento de mulheres da Argentina a herança das que lutaram contra a ditadura

Internacional|Cristina Charão, do R7

Belen Spineta é jornalista e feminista na Argentina
Belen Spineta é jornalista e feminista na Argentina Belen Spineta é jornalista e feminista na Argentina

As mulheres sempre foram protagonistas da história da Argentina e Belen Spineta faz questão de lembrar disso para dar a exata medida do que é ser ativista do Movimento Amplo de Mulheres em seu país hoje.

Para Belen, o fato de pautas feministas mobilizarem centenas de milhares de argentinas — a exemplo do que fez o movimento “Ni Una Menos” (“Nenhuma a Menos”, em espanhol) na luta contra o feminicídio, ou como fizeram os movimentos sociais neste Dia Internacional da Mulher para reivindicar a legalização do aborto — é consequência da ação de outras muitas mulheres que sucederam aquelas que estão hoje nas ruas.

— A história do movimento de mulheres na Argentina, não é recente. Não começou no ano de 2015 com as mobilizações do “Ni Una Menos”. Nós mulheres sempre estivemos, em nosso país, à frente das lutas. Sempre atuamos de forma transversal e desempenhado papel importante, como cumpriram nossas mães e avós da Praça de Maio durante a ditadura genocida. Foram as mães dos jovens e das jovens desaparecidas que se animaram a ir para as ruas para reclamar pela vida de seus filhos e, sem dúvida, essas avós e mães da Praça de Maio são uma referência para todo o movimento de mulheres da Argentina.

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No DNA das feministas de hoje, Belen reconhece também a herança das mulheres operárias e campesinas que impulsionaram o histórico “movimento piquetero” na Argentina nos anos 1990. Os bloqueios de estradas e ruas pelos movimentos sociais contra as políticas neoliberais do então presidente Carlos Menem marcaram a história recente do país.

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‘Ni Una Menos’ e a juventude

Apesar do importante tributo ao passado, a história contemporânea das mulheres argentinas tem a marca da juventude.

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Belen é uma jornalista de 32 anos. Ela se reconhece como uma jovem militante feminista que começou a se interessar pela pauta ao lidar com as contradições e violências de gênero na universidade e, depois, foi formada nas participações nos Encontros Nacionais de Mulheres, que reúnem anualmente até 50 mil mulheres.

Jovens participam do 8 de março na Argentina
Jovens participam do 8 de março na Argentina Jovens participam do 8 de março na Argentina

Mas a jovem Belen afirma que a principal mudança no cenário é realizada pelas ainda mais jovens do que ela.

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— A geração “Ni Una Menos”, que é esta geração que está com 15, 16, 20 anos e que hoje está sendo protagonista de um monte de coisas que talvez nós, em nossa adolescência, não questionávamos. Por exemplo, a denúncia do assédio nas ruas, o escracho de abusadores. Há um entendimento de que as mulheres hoje não se calam mais. Elas denunciam.

O “Ni Una Menos” tornou-se uma referência mundial de mobilização contra a violência de gênero ao reunir, no dia 3 de junho de 2015, centenas de milhares de argentinas e argentinos numa mobilização iniciada a partir do assassinato da jovem Chiara Páez. A mesma mobilização se repetiu em 2016 e 2017 e ainda em uma greve geral das mulheres, em 16 de outubro de 2016, em repúdio a um feminicídio brutal de uma outra jovem.

Comunicação pela diversidade

Belen Spineta também atua para transformar sua própria profissão, a de jornalista, num espaço de mudança a favor da igualdade de gênero. Com outras mulheres e homens, ela faz parte da Redpar (Rede de Jornalistas Argentinos por uma Comunicação Não Sexista).

— Creio que conseguimos uma vitória, porque faz pelo menos 5 anos que os jornalistas sabem que o assassinato de uma mulher pelo simples fato de ser mulher pelo seu marido, namorado ou qualquer homem que ache que ela sua propriedade não é um crime passional, mas sim um feminicídio.

Ela diz que, agora, o desafio é aumentar a presença das pautas das mulheres nos meios de comunicação tradicionais, desde o reconhecimento da diversidade de gênero à luta mais em voga na semana, a legalização do aborto.

Legalizar o aborto

Na terça-feira, o movimento de mulheres apresentou pela sétima vez ao Congresso argentino uma lei para regulamentar o aborto, que é totalmente proibido no país.

— O desafio é grande, mas eu acredito que vamos conseguir tornar o aborto legal uma realidade na Argentina.

Para isto, Belen diz que farão o que as mulheres sempre fizeram na Argentina: tomar as ruas. E não por acaso, com lenços nas cabeças, como as Avós da Praça de Maio. Mas no lugar do branco contra os crimes da ditadura, a cor agora é o verde pelos direitos das mulheres.

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