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Brumadinho: Vale sabia dos riscos de rompimento da barragem

Relatório divulgado pela Superintendência Regional do Trabalho mostrou que mineradora tinha conhecimento de problemas que causaram a tragédia

Minas Gerais|Clara Mariz, do R7*, com Garcia Júnior, da Record TV Minas

Rompimento da barragem em Brumadinho completa oito meses
Rompimento da barragem em Brumadinho completa oito meses Rompimento da barragem em Brumadinho completa oito meses

No dia em que o rompimento da barragem B1, da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, completa oito meses, foi a vez de os auditores do trabalho apontarem que a Vale sabia dos riscos de rompimento da estrutura, que acabou matando 270 pessoas. 

Em documento, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais aponta nove causas que provocaram a tragédia e agravaram suas consequências, entre elas distorções no cálculo do fator de segurança da barragens, falhas em planos de emergência e precariedade do sistema de drenagem. 

Segundo o auditor fiscal Marcos Ribeiro Botelho, a falta de rebaixamento da linha freática foi o principal agente do rompimento da barragem. Ele afirmou que a Vale começou a aprofundar os terrenos horizontais na estrutura, mas interrompeu as obras na metade de 2018.

— O problema é que a Vale não atuou para a baixar a linha freática. Os terrenos horizontais profundos foram feitos, mas eles não deram certo. Em metade do ano de 2018, a empresa paralisou as ações e a partir daí não fez mais nada.

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O relatório apontou que a falta de drenagem no dique inicial existia desde que as operações na mina foram iniciadas em 1976. Com isso, a água que ficava armazenada no local.

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— Nós detectamos que desde 1976 o dique inicial não tinha drenagem. Então, toda a água que caía no reservatório ficava acumulada ali. Houve também muito acúmulo de material fino próximo à barragem e esse produto não deixa que líquidos sejam absorvidos pela terra.

Rompimento da barreagem matou 270 pessoas
Rompimento da barreagem matou 270 pessoas Rompimento da barreagem matou 270 pessoas

O refeitório e o vestiário, locais que mais tinham funcionários no momento da tragédia também estavam posicionados no mesmo local desde a década de 1970. As pessoas que estavam nesses lugares tiveram pouco mais de um minuto para tentar fugir da lama de rejeitos.

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— Eles aproveitaram o local, que era uma antiga fazenda, e foram criando algumas áreas de vivência. Mas o ideal seria que essas armações fossem retiradas e novos vestiários e refeitórios construídos.

Durante a execução do estudo o Ministério do Trabalho e Emprego conseguiu a interdição de nove barragens em Minas Gerais, além de aplicar 21 autos de infração na Vale.

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Procurada, a Vale informou que ainda não tomou conhecimento do relatório feito pela Superintendência Regional do Trabalho.

Confira as 9 causas apontadas pelos auditores de trabalho:

• Distorções no cálculo dos fatores de segurança;

• Geologia local desconhecida;

• Operação de lançamento de rejeitos irregular;

• Sistema de drenagem interno é superficial insuficiente e mal conservado;

• Demora no rebaixamento efetivo da linha freática;

• Existência de avarias recorrentes;

• Falhas em planos de emergências;

• Auscultação deficiente

• Gestão precária de segurança e saúde no trabalho

Acidente Trabalhista

O rompimento da barragem em Brumadinho, em janeiro deste ano, é o maior acidente trabalhista da história do país. Das 270 pessoas que morreram na tragédia, 258 trabalhavam direta ou indiretamente na empresa.

Em julho deste ano, ficou acordado entre a Vale e o MPT (Ministério Público do Trabalho), que mãe, pai, filhos, cônjuge ou companheiro de vítima do rompimento irão receber R$ 700 mil cada, e irmãos de trabalhadores falecidos terão direito a indenização de R$ 150 mil.

De acordo com o Ministério, dos R$ 700 mil, R$ 500 mil são relativos a indenização por danos morais e os R$ 200 mil restantes a seguro de acidente de trabalho. A empresa também teve que pagar R$ 400 milhões em indenização por danos morais coletivos. 

Os empregados próprios da Vale e terceirizados que estavam trabalhando na mina Córrego do Feijão no dia do desastre e sobreviveram terão direito a estabilidade de três anos no emprego, auxílio-creche no valor de R$ 920 para filhos com até três anos de idade e auxílio educação de R$ 998 para filhos com até 25 anos de idade.

Eles ainda terão direito a uso vitalício e sem coparticipação para cônjuge e filhos com até 25 ano do plano de saúde que vigorava até a data do rompimento da barragem.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Lucas Pavanelli

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