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Ameaças, violência e vandalismo: conheça a rotina da linha 474, "o inferno do Rio"

Motoristas de ônibus relatam o cotidiano da linha que liga a comunidade do Jacaré à Ipanema

Rio de Janeiro|Do R7

Motoristas da linha 474 reclamam de vandalismo e agressões
Motoristas da linha 474 reclamam de vandalismo e agressões Motoristas da linha 474 reclamam de vandalismo e agressões

A linha de ônibus 474 (Jacaré x Jardim de Alah) é vista por alguns moradores da zona sul carioca como "o inferno do Rio". Em uma página da internet, depoimentos afirmam que esse ônibus "aterroriza" com "pessoas que vão à praia com intuito de apenas criar baderna". Motoristas que trabalham na linha relatam ameaças de violência física e vandalismo. 

Um motorista não identificado afirma que a pior época para trabalhar no trajeto é o verão. Já Luciano, motorista da linha 474 há dez anos, afirma que quem dirige os coletivos têm de atender às ordens dos passageiros que fazem bagunça dentro dos ônibus.

— Eles ameaçam bater na gente. Se a gente passar direto [do ponto em que estão] e não parar, eles ameaçam bater, podem jogar pedras. Se a gente disser que vai parar nos pontos e o ônibus estiver cheio, eles não deixam, mandam ir direto. Mesmo se for polícia, a gente tem que obedecer, porque depois a polícia não vai nos proteger.

Outro motorista da linha, Carlos Diogo afirma que foi contra a decisão judicial do último dia 10, quando o juiz Pedro Henrique Alves determinou que a Polícia Militar não poderia apreender menores sem flagrante de delito

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— Com essa nova decisão, se torna mais difícil trabalhar, porque quem decide essas coisas não pega ônibus.

O promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro Marcos Fagundes afirma que a PM não foi impedida de trabalhar. 

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— Se o menor tiver em atitude suspeita, e essa suspeição demonstrar a iminência do crime, é óbvio que essa abordagem pode ser feita. Um grupo que está fazendo arruaça, por exemplo, mas não chegou a impulsionar contra a lei penal pode ser abordado, sim.

Volta das blitze

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Após os arrastões verificados na zona sul do Rio de Janeiro no fim de semana passado, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse nesta terça-feira (22) que a Polícia Militar voltará, já neste sábado (26), a fazer blitze em ônibus, carros e motos a caminho das praias. A Operação Verão será antecipada em uma semana.

Os policiais estarão acompanhados de agentes de oito instituições ligadas às áreas social, de segurança e de ordenamento urbano. Segundo Beltrame, assistentes sociais vão identificar menores de idade em "situação de vulnerabilidade".

Na segunda-feira (21), Beltrame criticou a ausência dos assistentes sociais nos últimos sábado (19) e domingo (21). Repetindo um discurso que lhe é recorrente, atribuiu os episódios de violência registrados ao fato de a polícia estar "só", sem amparo de outros órgãos do Estado e da prefeitura.

— A polícia não vai resolver tudo sozinha. E isso está acontecendo porque a polícia está só. A polícia foi tolhida na sua missão de prevenção. Precisamos de outros atores para fazer esse papel, porque o esquema está desequilibrado (...) Temos um órgão que executa tudo isso, enquanto têm várias instituições que fiscalizam. O que vamos fazer é trazer todos os órgãos que tem a ver para esse tipo de ação.

Ao dizer que a polícia foi "tolhida", o secretário se referiu à decisão judicial. Os agentes costumavam levá-los às delegacias apenas porque estavam sem dinheiro ou causando tumultos, sem nem mesmo terem cometido atos infracionais.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro divulgou na tarde de ontem nota em que afirma ser legítima a abordagem policial contra pessoas que estejam praticando atos ilícitos. Segundo o TJRJ, a decisão do juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância, Juventude e Idoso da Comarca da Capital do dia 10 de setembro não impede que a PM cumpra sua atribuição, já que a sentença se dirige apenas aos adolescentes que não pratiquem delitos.

Assista à rotina da linha 474:

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