Jair e Carlos Bolsonaro haviam saído de lancha quando PF chegou à casa da família em Angra dos Reis
O R7 apurou que a residência e o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foram alvos das buscas
Brasília|Gabriela Coelho e Rafaela Soares, do R7, em Brasília
Fontes ligadas à Polícia Federal confirmaram que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) saíram de lancha quando os agentes chegaram à casa da família, em Angra dos Reis (RJ), nesta segunda-feira (29). No último sábado (27), o ex chefe do Executivo publicou em uma rede social um vídeo no qual passeia pela praia e é cumprimentado por apoiadores locais. Neste domingo (28), o filho conhecido como "02" participou de uma live, que contou com a presença do pai e dos irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
No vídeo, o ex-presidente aparece interagindo com apoiadores na orla e também mergulha no mar. Apesar da publicação ter sido feita no domingo, o vídeo traz imagens gravadas no sábado.
A live foi transmitida de um local fechado. Na transmissão, Jair Bolsonaro negou ter criado uma "Abin paralela" para espionar os adversários políticos durante a época em que governava o país.
"Eu não tenho inteligência da Abin, da PF [Polícia Federal], do Exército, da Marinha, da Aeronáutica. Eu não tenho inteligência. Uma vez fui no centro de inteligência do Exército, o pessoal fez uma demonstração, eu falei: 'E aí? Não chega nada para mim, só fica com vocês aqui'", disse.
No encontro virtual que durou mais de duas horas, Bolsonaro reforçou que durante o seu governo a inteligência dele era o contato que mantinha com pessoas comuns.
Entenda a operação
A Polícia Federal realiza nesta segunda-feira (29) operação para investigar monitoramento ilegal da Abin durante o governo Bolsonaro. O R7 apurou que um dos alvos da operação é o filho do ex-presidente e vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e também assessores dele. A reportagem apurou que a casa e o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro são alvos das buscas. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Confira os endereços alvos de busca nesta segunda-feira (29)
- Rio de Janeiro (RJ) – 5 mandados;
- Angra dos Reis (RJ) - 1 mandado;
- Brasília (DF) – 1 mandado;
- Formosa (GO) – 1 mandado;
- Salvador (BA) – 1 mandado.
Suposta espionagem na Abin
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.
A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.
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Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores por milhares de vezes em dois anos e meio. Em outubro, a PF divulgou que foram 30 mil acessos. Na semana passada, a corporação informou que não é possível precisar o número correto porque os dados estão em análise. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal, jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Na época, a PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no DF, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram US$ 171 mil em dinheiro na casa de um dos suspeitos, em Brasília. O ministro do STF Alexandre de Moraes também determinou o afastamento de outros cinco funcionários da Abin.
Na quinta (25), os agentes apreenderam celulares e notebooks no apartamento funcional do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). O R7 apurou que um notebook e um celular ainda pertencem à Abin. Ramagem é um dos alvos de uma operação que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas do órgão.